O ar estava gelado, talvez Lisa tenha mexido no ar condicionado da sala.
Ela molha de novo o algodão e passa por meu pescoço. Estremeço pelo líquido frio que escorre em minha pele. Faço uma careca onde ela mexe de leve na região da maçã do meu rosto.— Scarlett te arranhou feio aqui.
— Deve ter sido feito na hora que ela me deu um tapa. - Comendo sentindo a ardência aumentar.
— Talvez você consiga disfarçar um pouco com maquiagem depois de sarar.
Ela tira as luvas me examinando como se não quisesse dizer que estou horrível.
— Você sabe que cutucou a onça sem vara né?! - Comenda recolhendo suas coisas.
— Estou livre? Posso ir?
— Pode sim.
Saio da sala e caminho até o elevador onde me direciono até a área de alimentação. As pessoas me olham assustada por não querer reparar mas suas caras de primeiro momento ao me ver não deixa passar abatido.
O vejo e me sento ao seu lado.— Desculpa. Eu não queria causar nada daquilo. - Falo sem hesitação.
— Sem problemas. Na verdade tudo isso já deu pra mim. - Miguel tem dúvidas e fico perdida em relação a ele. — Eu estava pronto para ir embora quando vi você indo na direção daquele casa.
— Miguel você tem que me ouvir. Por favor, eu só te imploro isso...
— Eu sei, Deborah. Sei de tudo. Sei que Katherine me vendeu por troca de bens, sei que Charlie é meu pai biológico, sei que somos irmãos.
Saber que Miguel era o meu irmão me deixou com dúvidas de como seria daqui para frente. Pensei por um momento que o destino tivesse levado Hannah e me dado ele. Pode ser difícil no começo para se adaptar com a ideia de uma nova família. Mas estou mais que pronta para tentar. Miguel nunca se deu bem com a sua família nesses anos todo e uma forma de fugir deles foi com a corrida com motos que o tornou o verdadeiro Miguel que conhecemos. E saber que não fui o motivo de separação de Lisa e meu pai não me deu certo conforto. Nos dois somos mais inocente nessa história toda que podemos pensar.
— Não precisa ser assim. Você bem sabe Miguel. - Toco sua mão gelada que desliza da minha.
— Isso irá acabar antes de começar.
— Quem te contou a verdade?
— Katherine. É. Parece que ela se arrependeu em um momento que estava se afundando. Me parece o certo, não?!
Arrependimento não está no dicionário de Katherine. Mas o motivo na qual Miguel diz parece ser real. Katherine estava mais que sozinha e pensou que contando a verdade estaria com Miguel ao seu lado.
— Podemos ser uma família Miguel. Nós podemos falar com o nosso pai. Podemos dar um jeito.
— Nosso pai? Acho que não Deborah. Eu não quero fazer parte de mais mentiras. Chega. Estou indo embora daqui três semanas. Irei sumir para não voltar tão cedo.
Ele se levanta e coloca uma fotografia na mesa antes de sair. Na parte em verso um simples feliz aniversário e ao virar vejo nós no concerto quando éramos somente nos dois, como amigos e hoje como irmãos.
Subo no andar de onde Christopher está e senti um frio percorrer meu corpo quando não o vejo no quarto. Saio correndo até a recepção no local e Lisa vem apressada até mim.
— Venha. Christopher deve uma crise.
Corro com ela até uma janela toda de vidro e no outro lado lá estava ele. Deitado passando pela ressonancia magnetica. O médico estava logo a nossa frente dentro da sala em frente aos computadores. Ver tudo aquilo me deixava nervosa. O tempo passou e quando Christopher foi levado de volta a seu quarto pergunto o que tinha de fato acontecido para Lisa. Ela me disse que ele não conseguiu respirar, como se suas veias respiratória estivessem entupidas, e sangrava como se estivesse sendo sufocado. Socorreram ele pronto para novos exames e me desespero quando ela diz que cada hora a doença se avança.
Sentada na poltrona vejo Christopher deitado entubado com aparelhos respiratório.
No relógio marcava seis e quarenta e desde as dez depois da crise dele não sai daqui. E me preocupava por ele nem se mexer nesse tempo.
Alguém bate na porta e a luz do corredor entra no quarto escuro.— Vim ver como você está. - Thomas entra deixando uma pequena brecha da porta aberta. — Pensei que estaria com fome. Trouxe isso para você comer.
Pego a sacola com lanche. Arrumo minha postura e ele aproxima um pequeno banco de plástico no meu lado.
— Vi o irmão de Christopher lá em baixo. Posso te levar para casa, para descansar.
Balanço a cabeça e o dorso de sua mão acaricia meu rosto.
— Fiquei sabendo o que aconteceu hoje.
Por um momento penso se ele estaria se referindo a Miguel mas ao olhar-lo vejo que diz a Christopher. Seu olhar parecia triste por isso.
O irmão de Christopher bate na porta de leve e entra. Me levanto e Thomas sai do quarto.— Vai para casa Deborah. Você precisa descansar. Eu fico essa noite.
— Obrigada. - Minha voz falha e antes de sair olho para Christopher que está na mesma posição, sendo o único mexido com dificuldade o seu peito pela respiração.
Saio do hospital e Thomas me leva para a casa de Lisa. No caminho ele não demonstrou qualquer idéia sobre Miguel. Ou estivesse disfarçando bem ou não sabia da verdade.
Votem👇
VOCÊ ESTÁ LENDO
Até a última Lua
RomansaDeborah Philips vinda de uma família muito bem requisitada, é o exemplo de uma adolescente doce que trata o seu próximo com gentileza mesmo com a separação de seus pais em tempos de recaídas pelo passado. Quando Deborah se encontra no seu último ano...