Capítulo 31 - [ Parte I]

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Após fechar o zíper me sento na cama. Faltava poucos minutos para mim ir, como mostrava a hora. Calço minhas botas e coloco a mala no chão perto da porta e vou fechar as cortinas.
Assim que vejo Katherine passar, a sigo quando pego minhas coisas e fecho a porta do meu quarto. Sabia Deus que dia retornaria a dormir ali, e para ser sincera, não estava me importando em voltar.
Arrumo minha mala no porta malas me sento no banco do carona no carro de Katherine.

— Não está se esquecendo de nada? - Ela pergunta.

— Não. - Sussurro rápido o bastante.

Em minutos o vento me recebe quando chego no aeroporto. Assim que pego minha mala, Katherine me surpreende ao sair do carro.

— Espero que fique bem Deborah. - Ela parece ser sincera nas palavras e tudo o que consigo fazer é concordar sem dizer nada.

Depois de fazer o check in, prendo meu cabelo em um rabo quando me acomodo no assento já no avião.
Uma mulher aparece e senta ao meu lado com uma criança de colo, que por sinal, era bem gordinha para a idade que aparentava ter.
Olho da criança com os olhos vidrados em mim para a janela do avião.

Depois de terminar, seja lá o que era, relacionamento com Christopher, voltei para casa. Todos já tinham ido embora, somente Thomas que ficou me esperando no meu quarto. Após conversar com ele e dizer o que sentia ele me convenceu a dar um tempo para tudo e pensar um pouco em mim mesma. Como ele disse, eu precisava respirar... E aqui estava eu, prestes a fazer uma pequena viagem de quatro horas até Weston na Flórida. Era onde minha avó morava e antes mesmo de ligar para perguntar se podia ir, Thomas já tinha feito isso enquanto estava me decepcionando com Christopher, descobrindo de fato quem ele era.
Percebo que minhas mãos começam a soar e o sorrisinho da mulher no meu lado dá a entender que eu estaria com medo do vôo para ela. Momentos da noite anterior não deixa minha mente.
Não conseguiu em nenhum momento pegar no sono quando cheguei, e foi muito difícil comunicar com a minha mãe na manhã deste dia para dizer que estava indo. Ela concordou e me ofereceu carona. Com tudo indo de mal a pior cada vez mais, não podia deixar isso me afetar nos estudos. Então Thomas tomou a frente para comunicar Ashley que eu pegaria alguns dias adiantado até a chegada das férias.
Estava com toda a certeza em relação a frase, que, mente vazia não era um bom armamento para mais pensamentos. E Christopher, por um lado não sai da minha cabeça. Confesso de todo o coração que queria estar com ele, e ao fechar os olhos me imagino abraçada ao seu corpo.
Nunca pensei que perder alguém sabendo que ela está a metros de você doía muito mais da pessoa que se foi para sempre. Deve ser pela aceitação que nunca mais vão voltar sabendo que algo muito forte e vivenciado existiu e ficou somente nas lembranças... No passado. E eu estava fugindo sabendo que no fundo ele estava comigo.
Eu amava ele. Eu o amo, e talvez a essa altura era tarde demais para dizer isso.

[...]

O vôo para mim pareceu, até que rápido. Já não podia dizer o mesmo pela mulher com a menina no meu lado, já que a criança não parava sossegada por um minuto. Pelo menos ela não chorou ou fez algum escândalo, típicos de crianças.
Pego minha mala e espero um táxi já fora do aeroporto e não demora muito até achar um disponível.
Estava ansiosa para ver minha avó, para saber como ela estava. Estava com saudades das bagunças que fazíamos na cozinha dela quando estávamos fazendo cookies e bolos. Me lembro perfeitamente de cada momento com ela e Hannah na nossas férias e dos fins de ano, em datas comemorativas, era tudo perfeito.
A casa que eu amava estava bem a minha vista e o moço avisa nossa chegada.
Dou o dinheiro a ele e assim que subo no primeiro degrau da escada minha vó sai para fora com um sorriso enorme no rosto.

— Aí meu Deus. Minha menininha está de volta. - Ela me abraça e sinto que estou de volta em casa.

Suas mãos cercam meu rosto e não consigo dizer nada, porque eu sei que se dizer algo não seria capaz de segurar as lágrimas após receber novamente o meu conforto.

— Venha. Vamos entrar. Preparei um bolo de cenoura que você adora.

Tudo continuava do mesmo jeito do que eu me lembrava, exatamente igual quando entrei. A sala espaçosa, a laleira que nos aquecia no frio, o sofá de couro do meu avô que foi uma briga com minha avó na decisão da compra. Vovó dizia firme que não queria um sofá de couro na sala dela, mas ao ser a primeira a sujar e ver que não seria uma ideia tão ruim assim quando limpou mudou rapidamente de ideia.
Assim que entrei na cozinha pude deixar os meus problemas para fora. O cheirinho de bolo assado que minha avó estava tirando do forno para colocar na mesa, aquele sensação era a minha casa.
Vovó sempre foi cuidadosa e nunca tirava o sorriso do rosto. Aqui na pequena vila ela era conhecida como a dona dos doces e salgados.
Estava parada na entrada da cozinha e por um momento uma lembrança passa pela minha visão onde eu, criança estava correndo até a nossa avó de pijama. Tinha acabado de acordar e sabia que ela e Hannah estava na cozinha preparando alguma coisa para o meu aniversário.

Quem está de parabéns hoje minha linducha? - Vovó me beijava sem parar enquanto Hannah arrumava a mesa

Ela só terá a sua atenção vovó porque está de aniversário, se fosse ao contrário, não teria beijo.

Hannah me puxa e suja meu rosto de trigo, e logo depois, papai desce e me abraça me girando no ar.

Aquela era uma das épocas, que com certeza, se eu pudesse voltar atrás, não desejaria que passasse.

— Deborah? Você está chorando? O que houve meu bem?

A voz da minha vó me tira das minhas lembranças e rapidamente limpo os olhos.

— Não, vó. Estou bem! - Talvez não tinha reparado que estava chorando.

Comendo na companhia de quem mais amava me proibi de estragar esse momento falando das coisas que tinha acontecido.
Vovó contou que meu pai passou aqui para vê-la antes de ir a Londres.
Ela nem precisava dizer em detalhes que ele desabou para ela, eu sabia disso. Nunca fomos fortes o suficiente perto da vovó, ela, apenas com o olhar nos desarmava e parecia ver a nossa alma abatida. Ela tinha esse dom, o dom de saber confortar cada um da sua maneira.

Pude ficar sossegada quando ela disse que Luci tinha chegado bem e que já estava com a filha e a neta. Fiquei com um aperto no coração quando ela se foi e eu não me despedi.

A tarde depois de tomar um banho e arrumar minhas coisas, aproveitei para dormir, e tive um sono tão bom em dias que quando acordei já era noite. Levantei apressada e para o meu alívio ainda era seis e meia.
Desço as escadas de madeira e tinha me esquecido que a casa da minha avó não era difícil ter visitas.
Cumprimento às vizinhas do bairro que já estão de saída e vou beber água na cozinha.

— Dormiu bem?

-— Dormi sim, vovó. Obrigada.

Ela me chama para dar um passeio na vila para aproveitar a noite fresca e coloco uma blusa fina. Ainda com o rosto de quem acabou de acordar saio com ela e logo, já a poucos minutos andando tínhamos companhia de pessoas da vizinhança.
Talvez Luci tinha contato tudo a vovó, por isso ela queria que eu saísse um pouco, e devo admitir que foi uma boa ideia.
Fomos até um pequeno parque e nesse data do mês estávamos entramos em dias comemorativos. E por aqui todos já estava entrando na onda de festas, e fico feliz em saber que depois de quase onze anos, isso não tinha mudado.

Eu sorria para minha avó quando ela virava para me ver enquanto caminhavamos.
Aos poucos fui deixada de lado mas não me importei, todos aqui tinha uma amizade verdadeira. E falando em amizade, nem me dei ao trabalho de ligar para Thomas avisando como estou. Assim que sai, deixei meu celular em casa e ele sabia que não queria contato com ninguém, exceto ele onde ligaria do telefone da casa da minha avó.

Enquanto elas andavam na frente em passos lentos aproveitei e comprei um algodão doce e lembrei de Charlotte. Queria muito saber como ela estava. Se estava contente em ficar com a tia, e como estava o seu procedimento depois da cirurgia.

Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora