›Capítulo 17‹

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Uma semana.
Uma semana havia se passado desde que Christopher e eu tínhamos se falado.
Por mais que nós nos víamos no colégio, na sala, ele agia como se eu não existisse, como se nada tivesse acontecido entre nós. Me senti uma completamente idiota e passei os últimos dias me xingando mentalmente por ser tão burra ao ponto de me entregar para um rapaz que me conquistou com o seu sorriso único.
Mandei apenas uma mensagem e não obtive retorno. Já tinha me conformado que ele tinha voltado a ser o Christopher babaca de sempre.

— Sua temperatura aumentou.

Coloco o termômetro em cima da cômoda e ajudo minha mãe se arrumar na cama. Seus olhos estavam fundos e sem vida. Sua pele estava necessitada por sol, ela não saio de casa na última semana e muito menos deixava a claridade entrar em seu quarto escuro. Ela estava doente.

— Você não vai menso me falar por que você está tão mal assim?

— Eu já disse Deborah. Estou doente. Acho que comi alguma coisa que sou alérgica ou algum bicho, ou inseto me picou. Eu não sei, tá legal?!

Ela estava brava. Mais um lenço é tirado da caixinha e ela limpa o nariz  fungando. Nunca havia visto minha mãe daquele jeito. Seus cabelos estava oleoso, suas unhas descascadas, e sempre ficava de pijama o dia todo. Luci subia de vez enquanto e a olhava para mim quando estava no colégio pela manhã, e a tarde, eu tomava conta dela. Por um lado fiquei feliz de vê-la assim, ela não brigou mais comigo, e até esqueceu quem era Christopher. Por outro lado eu não a reconhecia. Não reconhecia a mulher que era focada em si própria e no seu trabalho. A mulher que sempre acordava cedo, arrumada com roupas diferentes e toda elegante.
Pego a cartela vazia de remédios e coloco no bolso.

— Não vai mesmo comer?

— Tire esse negócio da minha frente antes que eu vomite.

Pego seu prato de sopa e saio do seu quarto. O barulho forte mostrava que ela tinha jogado novamente o copo de vidro na parede acompanhado por um grito.

— Ela não comeu de novo? - Pergunta Luci olhando para a sopa desanimada.

— Não.

Sento na mesa e dispenso o olhar de Luci. Pego uma maçã.

— Tem alguém querendo falar com você. Está lá fora.

— Quem? - Pergunto.

— Pediu para não contar.

— Homen ou mulher?

— Aí menina, vai lá ver em vez de fazer perguntas. - Ela joga o pano em mim.

Pulo da mesa e vou até entrada da frente. Ao abrir a porta, Christopher estava com as mãos apoiadas na moto encarando o chão. Me aproximo com os braços cruzados esperando uma resposta que não sai.

— Sei que você está brava, mas...

Sinto a ardência na palma da minha mão e o rosto virado de Christopher mostrava que não foi uma boa ideia dar um tapa na sua cara.

— Você não me ligou. Não mandou mensagem. Agiu como se eu não existisse. - Grito. — Sabe como eu me senti? Usada. Usada por um moleque que nem conheço.

Sinto minhas palavras o atingirem e a mim mesma. Ele abaixa o olhar e me sinto culpada por dentro, mas por fora estava estável.

— Eu tive os meus motivos e por isso estou aqui. - Seu corpo fica a centímetros do meu. — Estava passando por problemas e não queria que isso te afetasse. Que afetasse nos dois.

Christopher parecia sincero e deixo que sua mão toque meu rosto. Queria xinga-lo, queria bater várias vezes em seu peito, gritar. Mas sua presença parecia uma anestesia para minha raiva.

Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora