Capítulo 37

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Sorria, nossos dedos mexia um nos outros enquanto estava deitada com a cabeça no seu colo e sua mão mexendo nos meus cabelos. O silêncio era algo agradável naquele momento, e agradecia a Deus por ter me dado mais um chance.

— Por que você voltou Christopher? - Olho para ele que continua vendo o horizonte, e então ele sorri como se estivesse pensamento.

— Quer a verdade ou a mentira?

— A mentira.

— Porque eu, talvez conseguiria seguir sozinho sem você.

Me arrumo no banco e ele me olha com intensidade.

— E a verdade?

— Voltei porque percebi que não sou capaz de seguir sem você. Porque eu te amo.

Encosto minha cabeça no seu ombro e ele ajeita a manta sobre nós após passar o braço em volta da minha cintura.
Aquela era resposta que eu precisava. Ao olhar para Christopher não via mais aquele menino com medo e a total escuridão que carregava por trás de um olhar sombrio, sabia o que ele tinha passado e eu precisava ficar em paz comigo mesma. E eu me sentia incompleta por saber o que ele passou e por mim, ainda viver em algo que eu deveria deixar sair que me atormenta.

— Estavamos todos juntos em família quando agredia aconteceu pela tarde.

Christopher se vira para mim e suas mãos fazem que o olhe segurando meu queixo.

— Você não precisa fazer isso se não quiser. Eu vou entender.

— Eu preciso. - Acaricio suas mãos e sinto as lágrimas se formarem dentro de mim. Eu precisava.

— Hannah foi resultado do casamento do meu pai com Lisa, até que em uma briga deles o meu pai acabou dando um deslize e encontrou a minha mãe em uma festa. Eles ficaram na mesma noite e um tempo depois quando minha mãe descobriu que estava grávida de mim foi atrás do meu pai. Lisa pediu o divórcio e então eles tiveram que se casar por minha causa.
O tempo passou e muitas coisas aconteceram. Viemos comemorar o ano novo aqui na casa dos meus avós. Estávamos todos felizes, meus pais não estavam brigando muito, minha mãe não estava implicando com Hannah, estávamos rindo pela primeira vez em família. E me lembro que aquela época eu queria muito aqueles malditos cavalos com chifres e meu pai havia me dado uma de presente a noite.
Quando era a tarde Hannah ia a cidade com o meu avô comprar algumas coisas e eu fiz birra querendo ir junto...

— Deborah. - Christopher aperta mais  minha mão e minhas lágrimas molham meu rosto. Ele estava preocupado e atento.

— Tá tudo bem. Eu estou bem... - Respiro não deixando o nó na minha garganta tomar conta. — E então eles me levaram. Naquele dia estava calor e então meu avô abriu todas as janelas do carro e cortamos caminho pela área livre onde tinha apenas um trilho de trem pela grama baixa... - Limpo meu rosto e meu coração se acelera. — Todos passavam por lá Christopher. Era um caminho normal, não tinha perigo algum. Mas eu tinha que deixar aquele maldito brinquedo cair. Eu tinha que deixar ele. A Hannah morreu por minha causa. — Atropeco nas palavras como se fosse ficar sem voz a qualquer momento, como se a dor que senti fosse fazer com que eu parasse de respirar.

— Ei, está tudo bem. Olha para mim, Deborah vai ficar tudo bem. Eu estou aqui.

Christopher não liga quando tento afasta-lo e mesmo assim ele me puxa e me abraça até que eu me acalme.

— Eu estava brincando com as janelas abertas até o brinquedo cair da minha mão para fora do carro. Vi que Hannah estava de fone mexendo no celular no banco da frente e então chamei meu avô. Quando ele parou o carro Hannah prestou atenção no que eu disse sobre deixar o meu brinquedo cair e então ela saiu para ir buscá-lo. Ficamos no carro enquanto ela voltava até ouvimos o barulho do trem. Não entendia o que estava havendo, mas sabia que algo estava prestes acontecer de ruim quando meu avô saiu desesperado do carro chamando pela minha irmã. Olhei para trás e vi ele correndo na direção dela que não o ouvia por causa do fone, mas foi tarde demais quando ela percebeu, e nesse momento o trem a pegou em cheio e jogou meu avô longe por causa do impacto. Me assustei pela cena e tremia no carro chorando e chamando por ela, porque eu sabia que ela era a única que podia me acalmar.
Em poucos minutos carros aparecem e levaram meu avô. Quando estava nos braços da minha mãe eu não entendia porque meu pai chorava, eu só conhecia o homem feliz que me acordava todo os dias com beijos e cócegas.
A partir daquele momento mal sabia que minha vida ia mudar. Naquele momento que Hannah se foi.
No hospital, me lembro perfeitamente de ver Lisa recair pela primeira vez com a notícia. Ela estava destruída, arrasada. Minha avó pegou na minha mão e me levou até o quarto que meu avô estava.
Ele estava inchado, estava com dor. Queria saber o que se passava na cabeça da minha avó por ela ter ficado na porta e quando eu cheguei perto e ele me deu o pingente que era de Hannah. Ela iria receber ele de Richard de aniversário quando completasse dezessete, mas eu fiz que tudo mudasse. E então quando eu saí vi minha avó abraçar meu avô e então ele partiu junto com Hannah naquela tarde. Os dois se foram.

Silêncio... Eu não acreditava que tais palavras finalmente tinha saído de mim. Metade do peso por nunca contar tinha saído das minhas costas, mas isso não mudaria o que presenciei no passado.
Quando tomo coragem de olhar para Christopher vejo seus olhos brilhando por causa das lágrimas que segurava.

— Eu sinto muito por tudo Deborah. E você não sabe o quanto foi corajosa por contar tudo.

— Todos ficaram abalados e as portas se abrirão para brigas todas as noites quando íamos dormir. Meus pais não se sentia mais. Lisa ficou por um tempo sofrendo sozinha até saber lidar com a dor. Richard era namorado da minha irmã e acabou se mudando quando ela se foi. Ele queria demostrar que estava tudo bem, mas minha avó sabia o quanto ele ficou destruído com a morte dela. E com a mudança dele, ele e Miguel que eram muito amigos, deixou que os compromissos da vida tomasse cada um, e eles seguiram o seus caminhos.
E eu? Eu estava sozinha. Todos tinha uma nova etapa difícil. Eu estava sem ela, eu não tinha mais a minha irmã comigo. E conforme fui crescendo o demônio do passado se agarrava mais a mim. É difícil não pensar nela.

~•~

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Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora