›Capítulo 01‹

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~BOA LEITURA~

Depois de muitas noites mal dormidas cheguei a cogitar que hoje finalmente conseguiria pegar no sono por algumas horas, mas pelo simples fato de saber que meu pai não está sobre o mesmo teto que eu me impedia de fazer tal ato desejado.
Tomo meu banho rapidamente secando meu cabelo e me vestindo com uma saia um pouco acima do joelho e uma camisa branca. Ao descer paro na frente do quarto da minha mãe e percebo que ela está em uma chamada de voz alegre e isso só me traz certa insegurança.
Desço rapidamente as escadas e me sento diante a mesa farda que me assusta.

— Sua mãe solicitou assim. Parece que uma amiga dela vai vim tomar café com ela. - Luci explica após ver minha cara de dúvida.

Tento não pensar que essa felicidade da minha mãe seja por meu pai ter saído de casa e tomo meu café da manhã pela metade.
Me levanto na intensão de subir para pegar minha bolsa até minha mãe aparecer com um sorrisinho curti no rosto.

— Bom dia meu bem.

Não respondo e fico a olhando com certo reprovando que ao sentar pega uma uva mexendo nos cabelos. Não queria ficar no mesmo cômodo que ela e acabo me retirando dali indo para meu quarto. Uma coisa que minha mãe nunca fazia na vida era me direcionar com apelidos "carinhosos".
Pego minha mochila e ao chegar na porta comprimento o meu mais novo motorista responsável por me levar e buscar da onde quer que eu fosse.
Antes de descer do carro mando rapidamente uma mensagem para Luci a avisando que não almoçaria em casa hoje e sim na casa da Lisa.
Sou uma das primeiras a chegar e me surpreendo ao ver Christopher sentado em sua cadeira. Ele sempre chega em cima do horário.
As aulas até o sinal do recreio bater foram todas tranquilas. Pego meu celular da bolsa o ligando e vou até o pátio do colégio e arrisco ligar para meu pai que atende no terceiro toque.

— Oi meu amor, me perdoe não ligar ontem a noite, eu estava ocupado. Como você está? - A voz de meu pai no outro lado da linha estava calma e suave, parece que a separação dos meus pais trouxe certo benefício para os dois.

— Eu estou bem, só liguei para saber como você está e como anda as coisas por aí.

— Eu estou bem minha linda, e adivinha quem eu encontrei perdido por aqui?

Não conseguia pensar em alguém que conhecesse que estaria em Londres até reconhecer o grito da voz masculina ao fundo que se aumenta ao falar até chegar perto o suficiente para me fazer rir dos seus xingamentos ao meu pai.

— Tio Will?!

— Eu mesmo minha pequena. - Rio como uma boba ao ouvir o apelido que ele sempre se referia a mim deste criança. — Quais são as novidades por aí loirinha? Muitos namorados?

Dou risada de suas perguntas e ele reclama um "aí" por meu pai ter dado um tapa nele o xingando e dizendo para falar comigo civilizadamente por eu ainda ser uma criança.

— Caraca Deborah não é por nada não mas você tá ferrada se for se apaixonar um dia.

Pelo barulho do outro lado e os pequenas reclamações entre ele, meu pai acaba pegando o celular novamente.

— Filha, meu amor, eu tenho que ir agora mas prometo te ligar a noite, tudo bem?

— Tudo.

Desligo o celular e continuo ali sentada vendo alguns alunos rindo em grupos enquanto outros ficavam sozinhos até arrumar uma amizade assim como eu, só que o meu problema era que não conseguia arrumar amizades tão rápidas.
Com o calor de verão pego meus cabelos e os prendo em um coque deixando alguns fios cair sobre meu rosto, e começa a mexer no meu colar com as pontas dos dedos até pegar no fecho e abrir, com ele na palma da mão volto a mexer contornando o pequeno coração até uma mão grande o tampar o pegando de mim. Me levanto no mesmo instante irritada até se deparar com o idiota do Christopher me olhando sério até abaixar seu olhar para minha corrente.

— Colar meio antigo para uma adolescente da sua idade.

— Não pedi a sua opinião. - Estendo meu braço na tentativa de pegar ló novamente, mas acaba sendo em vão.

— Ei, ei. Calma aí nervosinha! Só vim falar com você sobre o trabalho. Só isso.

— Não vou fazer com você! - Respondo rápido.

— Também não quero fazer com você. Ou a gente faz o trabalho numa boa ou ficamos sem nota.

Christopher inclina um pouco a cabeça como se tivesse razão, e isso era verdade. O professor Hector podia ser um cara bacana mas quando se tratava de trabalhos avaliativos ele sabia ser sério e responsável para manter suas regras. E com certeza Christopher era um de seus alunos ano passado por nem tentar questionar com ele.

— Amanhã depois do colégio vamos até minha casa para começar o planejamento. - Digo virando o rosto e sinto sua mão gelada tocar a minha até minha correntinha ficar sobre meus dedos.

[...]

— Eu não gostei do final Lisa. É muito triste. Não leio mais os seus livros. - Empurro seu livro a sua frente na mesa e ela ri. Já é o quarto livro que ela me indica, sendo todos com finais triste ou trágicos.

Lisa coloca sua mão sobre o rosto se apoiando com o cotovelo na mesa, ela olha para mim e sorri, e continuo a comer. Em tempos que a comida de casa não me descia, já aqui, na casa da Lisa era totalmente ao contrário, eu amava tudo o que ela fazia, não que a comida de Luci não seja boa, mas aquela casa não me traz paz interior.

— Eu entrei no meio de novo?

Afirmo com a cabeça levando o garfo a boca.

— As vezes eu acho que eu tive um passado com a sua mãe e não com o seu pai sábia?! Ela sempre tem que me meter nas brigas deles.

— Ele foi embora. Tá em Londres Lisa. - Digo em um tom baixo e ela leva sua mão para minha a acariciando com o polegar.

— Eu sei meu amor. Ele veio aqui antes de ir para o aeroporto. Me disse para tomar conta de você até ele voltar.

— E você Lisa? Não vai dar...

— Não! - Tira sua mão da minha se levantando para colocar seu prato na pia. — Já foi. É passado.

Seu olhar fica tão distante olhando para a janela da cozinha que acabo por terminar meu almoço quieta. Entendia perfeitamente para saber que ela não gostava de entrar nesse assunto. Falar sobre meu pai não estava em cogitação.

Votem e comentem. Até o próximo capítulo ❤️

Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora