›Capítulo 26‹

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Meu dedo contornava a borda do copo com suco quando minha mãe entra na cozinha.

— Dormiu com a Luci essa noite? Passei no seu quarto e vi a sua cama arrumada.

— Dormi.

Assim que Luci levantou fui tomar banho para voltar a dormir já que ela era a primeira a acordar, cedo demais, mas assim que vesti uma roupa confortável mudei de ideia e acabei descendo depois do sono sumir por causa dos meus pensamentos presos na noite anterior. Vejo que minha mãe está com pressa ao tomar café de pé. Luci aparece com as sacolas de frutas e verduras e cumprimenta minha mãe indo a pia.

— Bom... Não espere por mim para almoçar. - Katherine, minha mãe, sai sem rodeios.

Volto a contornar o copo e desisto na segunda volta batendo com o meu anel no vidro.

— Quer me contar o que aconteceu ontem?

Sentia minha boca seca e parecia não ter forças para levantar um simples copo. Não era por causa da briga de ontem com Christopher, mas era porque eu não queria acreditar em mim mesma por aceitar entrar em mundo que não era meu.
Reparo em Luci quando ela bate com a mão fechada na mesa.

— Foi ele de novo? Vocês brigaram mais uma vez?

— É... Acho que sim.

[...]

— Espera. Deixa eu ver se ouvi direito. Você deixou o problemático do Christopher mandar em você?!

— Ele não mandou em mim. Eu só não retornei a sua ligação porque ele pegou o meu celular, e não queria que eu voltasse com você porque eu fui com ele.

— Claro. Você está certa. Só não se esqueça que é assim que começa um relacionamento abusivo.

Então o assunto morre ali. Vejo que Thomas fica indignado com que eu disse e coça a testa se segurando para não falar o que deseja, talvez para não me magoar. E eu foco na paisagem no lado de fora do carro.
Assim que saímos do colégio Thomas aceitou em me dar uma carona. Não se falamos muito na sala por dois motivos. Ele com os pensamentos na volta de Richard, e eu em Christopher.
Ele estaciona no lado de fora do hospital e sei que não irá comigo por causa da nossa conversa.

— Você não vem? - Insisto para mim mesma a ele.

— Não. - Thomas responde rude demais sem olhar na minha cara.

Agradeço pela carona e saio do carro.
Contei a Thomas tudo o que aconteceu. Contei sobre ir atrás de Christopher quando soube que ele saiu do colégio, e como me tratou na oficina. E o caso de ontem quando Thomas tocou no assunto de eu ter ligado para ele e não retornar no meio da madrugada, me lembrou de dizer tudo a ele.
Pergunto sobre Lisa já no balcão no andar infantil, e estranho quando espero na porta do quarto onde via Charlotte, que agora não estava na cama me esperando.

— Ela se foi.

Lisa estava atrás de mim e podia ver o seu reflexo no vidro.

— A tia dela, a irmã da mãe de Charlotte veio buscar lá a dois dias e a levou com ela. - Informa Lisa

— E como ela estava? Como Charlotte ficou? - Lisa tem um olhar longe enquanto vê o quarto vazio.

— A mulher veio até aqui e fez algo que não tivemos coragem de fazer. Ela contou tudo de uma vez a Charlotte sobre o acidente dos pais dela, e depois, arrumou as coisas da menina e a levou sem mais e sem menos, e antes de ir informou que trocaria de medico, de hospital só para Charlotte começar do zero... Uma vida nova.

Assim como Lisa eu não tinha processado toda a informação e ao ver a cama tão arrumadinha me fazia me sentir perdida. Eu não saberia quando voltaria a ver a pequena menina que me considerava uma irmã mais velha.

Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora