Capítulo 3

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PRIMEIRO DIA DE TREINAMENTO

Se eu disser que dormir, estou mentindo, nunca fui uma pessoa ansiosa e nem curiosa mas confesso que desde que pedi para o Ed me treinar a ansiedade, (pra começar a treinar logo) a curiosidade (o que ele falou que convenceu a Nonna tão rápido) e a insonia ( talvez por causa do fuso horário ) andaram todas de mãos dadas a noite inteira. Só não imaginava porque tinha que ser tão cedo, literalmente cedo! Às  05hs da manhã é um exagero! Mesmo gostando de acordar cedo e fazer tudo melhor pela manhã esse horário nunca fez parte dos meus planos, ainda mais virada como estava, essa era a segunda noite consecutiva sem dormir, não dormir na noite em que vi Edgar conversando com aquele homem, que por incrível que pareça não sabia o nome e que graças a Deus eu nunca mais o veria na minha vida e nessa noite que chegamos e graças ao timer de Ed não consegui pregar os olhos.

Saí do meu quarto sem fazer barulho e fiquei esperando por Ed na frente da casa, no meu relógio era 04:50 horário local ou seja eu estava adiantada, mas infelizmente ele não me disse onde eu deveria espera-lo. Sentei em um dos degraus esperando por ele. Por causa do friozinho da madrugada usava um conjunto de calça e blusa de moletom cinza, mas por baixo eu estava com um topper estilo nadador preto e uma camiseta branca  por cima, e um par de tênis que eu usava quando ia pra academia. Conforme eu fosse ficando com calor eu tiraria, não ia dar motivo pra ele dizer que eu estava enrolando com o treinamento.

Exatamente as 05hs ele aparece também vestido com um conjunto de moletom cinza.

Dou um sorriso assim que encontro o dele. 

     - Muito  bem Aléssia, gosto de pontualidade - falou sorrindo - essa é a sua primeira lição e serve pra vida toda, nunca se esqueça, não importa com quem você se comprometeu se marcou um horário esteja nele.

Começamos a caminhar para longe da casa. A Quinta era grande e tudo indicava que iriamos correr. DROGA! detestava correr, de todos os esportes que já fiz ou tentei fazer, correr era o que mais me perturbava, não sabia o porque mas batia forte os pés no chão o que me deixava com muitas dores musculares nas pernas e não me sentia nada elegante, inclusive na esteira da academia o barulho que eu fazia era bem diferente das demais pessoas, enquanto eles eram mais silenciosos as minhas pisadas  eram muito barulhentas e  pesadas.  Minhas pernas não eram compridas, muito pelo contrário meus 1,61m de altura sempre me deixava abaixo de uma boa parte das pessoas que conhecia. Nana por exemplo tinha uma altura invejável com seus 1,75m poderia facilmente ser modelo, tanto por sua altura como pela a sua beleza.

     - Quero ver o seu preparo físico, portanto vamos correr um pouco arredor da Quinta e depois veremos o que você aguenta. Mas primeiro vamos alongar. - falou e começamos com os alongamentos. Logo em seguida começamos a correr.

Realmente a propriedade da Nonna era grande, levei em torno de 30 minutos pra dar uma única volta completa com Ed mas ele não estava satisfeito com apenas uma volta e me fez dar mais duas voltas completas. Não demorou muito e a blusa do moletom já estava na minha cintura. Depois me levou para a academia que ele e os seguranças da Nonna usavam, na verdade nunca tinha ido pra aquele lado da propriedade, talvez por falta de curiosidade ou pelo o fato de ter muitos homens juntos e isso de certa forma me incomodava.

Não era uma academia tradicional, além dos aparelhos de musculação de todos os tipos e primeira linha, também havia um rinque, como a gente vê nas lutas de MMA  e mais no canto um grande tatame onde podia praticar outros tipos de lutas.

     - Isso aqui existe desde quando? - Perguntei admirada com tudo o que via. Ainda não tinha ninguém treinando ali.

     - Desde sempre. - falou pegando umas faixas e trazendo pra mim. Sentamos em um banco próximo ao ringue. - Quero ver se você ainda sabe bater ou se voltou a ser aquela lobinha que só tem marrar e cara de brava mas que no fundo não passa de uma menininha assustada.

Dei um sorriso sem graça pra ele, sabia o que ele estava fazendo, queria me deixar  irritada como fazia quando eu era criança, porque ele sabe que quando estou com raiva parto pra cima e não quero saber como, mas vou bater e acabava me machucando. Ed Enfaixou as minhas mãos e punhos e em seguida colocou umas luvas de boxes em mim e me levou pro ringue.

Me ensinou alguns golpes e pedia pra eu avançar pra cima dele, sempre me incentivando quando fazia certo e brigando quando fazia errado. Quando os primeiro seguranças começaram a chegar aí é que Ed gritava mais comigo. Alguns pararam pra nos observar perto do ringue outros mais longe e mesmo aqueles que foram atrás de seus aparelhos nunca deixaram de tirar os olhos de nós e eu sentia cada um deles principalmente em cima de mim.

Saímos do ringue e fomos pro tatame Ed queria que eu o derrubasse, como se fosse possível, ele era quase duas vezes maior do que eu, não só de tamanho como também em peso e largura. Por não ter consigo derruba-lo nem uma vez fiquei sem almoço. Já não tinha tomado café da manhã, não que eu tivesse o habito de tomar café, até porque meu estômago só acordava depois da 10hs, mas  eu estava com fome, talvez por eu não ter dormido por dois dias ou por estar treinando sem parar desde cedo, não sei, mas se esse era o preço que eu teria que pagar, então estaria no papo.

A tarde chegou e ora era equipamentos de musculação ora tatame, e quando não conseguia fazer o que ele queria começava a brigar e me chamar de menininha, que eu devia voltar pra barra da saia da minha mãe, nessa hora ele pegou pesado e fez a minha raiva me cegar, me fazendo enxergar tudo vermelho. Ed entre todo mundo sabia que eu não tinha mãe, que se tive um dia na vida eu nunca poderia saber. Partir pra cima dele com tudo, não queria saber se tínhamos plateia, se ele ia cair ou se eu sairia dali roxa, simplesmente pulei em cima dele e comecei soca-lo não importando onde pegava. Só parei quando eu ouvi os gritos dos seguranças, uns rindo outros gritando e me incentivando a bater mais nele. Saí de cima de Ed e sentei do seu lado onde ele caiu e estava rindo da minha cara, literalmente.

     - Muito bem, Aléssia - sentou do meu lado e continuou sorrindo - Acho que achamos o gatilho pra você chegar no seu objetivo.

     - Que gatilho - falei sem fôlego, estava cansada e se ele cumprisse com a palavra agora eu poderia comer alguma coisa.

     - Sua RAIVA! - parou de sorri e me encarou sério - Vá pra casa, toma um banho, coma alguma coisa e descansa, quero você pronta amanhã no mesmo horário.

Não esperei ele falar duas vezes, peguei o meu casaco e sai dali, toda quebrada e doída mas de cabeça erguida, até porque esse era apenas o primeiro dia. 



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