A NOITE DA REDENÇÃO - REVELAÇÕES
Conhecer Zane virou o meu mundo de cabeça pra baixo, uma pessoa que em tão pouco tempo conseguiu quebrar os meus muros com uma bola de demolição, sem pedir licença foi chegando e quando dei por mim ele já estava impregnado por todo o meu corpo e mente.
- Posso esperar a noite toda aqui. - disse quebrando o silêncio.
- Muito bem. - me aconchego colocando minha cabeça em seu peito. - Não tenho cor preferida mas uso muito a cor preta - falo - Sou muito enjoada com comida apesar de comer praticamente tudo.
- Não entendi, come de tudo mas não gosta? É isso? - pergunta. Dou uma pequena risada e explico.
- Não como alho! Por isso, geralmente não como fora de casa, nem em restaurantes. E quando vou há algum escolho algo que não seja preparado com tal tempero. Também não como frutos do mar, principalmente camarões e quiabo. Do resto como de tudo, mesmo que seja por educação.
- Espera! Entendo você não comer frutos do mar e camarão, provavelmente você é alérgica - fala e eu concordo com a cabeça - quiabo também entendo ele não é um dos meus preferidos. Mas ALHO! Nunca ouvi falar de alguém que não come alho.
- Quando era criança a pessoa que nos alimentava me dava alho puro para comer e se eu não comesse eu era castigada - coloco o meu queixo no seu peito enquanto eu o olho. - Ou seja, não suporto nem mesmo o cheiro.
Aproveito e passo o meu nariz em seu peito.
- Você tem um cheiro tão bom! - falo. Zane sorri do meu comentário.
- E por que eles te davam alho para comer? - dou de ombros
- Não sei, não me lembro o porquê, qualquer coisa era motivo de me privar de comer. Acho que eu não era muito obediente e talvez isso fosse um dos motivos de comer apenas alho.
Deito minha cabeça em seu peito novamente lembrando daquela época, como minha barriga doía de fome, como eu chorava pedindo por qualquer coisa para comer e a única coisa que eu recebia era alho.
- Deve ter sido difícil e entendo o fato de você não gostar de alho e respeito - passa a mão pelo os meus cabelos - A partir de hoje nada de alho nesta casa. - olho pra ele novamente, balançando a cabeça.
- Não se preocupe comigo, não costumo sair de casa na hora das refeições e caso aconteça sempre levo comigo umas barrinhas de cereais ou uma fruta. Enfim, não gosto de dar trabalho as pessoas. E você? Me fale de você? - tento tirar o foco de mim.
- Não tem o que falar - continua passando a mão pelo os meus cabelos - não tenho traumas com comida, como de tudo ou quase tudo. - fala - Não tenho cor preferida, mas uso muito preto e cinza.- dá de ombros - Os negócios exigem sobriedades. - Seu sorriso não chega aos olhos.
Ficamos em silêncio por alguns instantes. Até que Zane quebra o silêncio.
- Não tive uma vida muito fácil quando criança, por ser o filho mais velho de um Don tive uma iniciação dura. - Zane fica olhando para o teto enquanto sua mão desce para as minhas costas e fica brincando em um sobe e desce.
" A máfia está na minha família por várias gerações, sempre estivemos no controle passando de pai para filho. Quando nasci o meu destino já estava traçado, fui treinado desde quando comecei a andar, meu pai foi o meu carrasco em pessoa. Conforme eu crescia, menos contato eu tinha com a minha família, era castigado sempre que não fazia do jeito que ele queria, meus treinamentos de luta eram dolorosos, mesmo com pouca idade era obrigado a lutar com homens feitos, no início mais apanhava do que batia, fora os castigos que viam em seguida. Era torturado o tempo todo, tanto psicologicamente como fisicamente. Com doze anos quando se começa a entrar na fase de treinamento, eu já lutava com dois, as vezes, três homens de uma única vez. Quando Bernardo começou o seu treinamento eu já não sentia dor e nem me importava com a dor dele ou de qualquer outro, simplesmente pelo o fato de não ter tido uma convivência com ninguém, apenas a dor e a solidão eram minhas companheiras. Apesar de já ser maior de idade tinha que respeitar e acatar tudo o que o meu pai dizia. Desejei a morte do meu pai todos os dias, sonhava com mil formas de mata-lo, mas não antes de infligi-lo muita dor, apesar de ser proibido matar um parente próximo de sangue, mas isso não me impedia de mata-lo todos os dias na minha cabeça. Quando ele morreu de infarto, fiquei decepcionado por ele não ter sentido dor, o infarto foi fulminante e segundo o médico da famiglia ele não sentiu nada. Isso realmente me doeu mais do que as surras, as torturas que ele me dava. Fui o Don mais novo e mais cruel em toda a história da famiglia. Não que eu queira ser como o meu pai, mas de tudo o que ele me ensinou, apenas uma regra sigo a risca, não ser FRACO, não demostrar fraqueza e nunca dar motivos pra ninguém duvidar de mim."
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Doce Vingança
RomanceApós terem sido violentadas física e moralmente, Pink, Cacau e Agnes fogem do seu algoz, em seu caminho encontram uma ajuda inesperada que muda as suas vidas. Para Aléssia Ceccarelli, sua vingança contra o seu algoz é a ultima pá de cal no seu passa...