Pandora

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A caixa de Pandora é um artefato da mitologia grega, tirada do mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus.

A caixa era na verdade um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do mundo.

[...]

05 de Março de 1970

Querido H

Tão bela é a plenitude do teu riso que ecoa por entre os salões, ricocheteia nas paredes e voltam aos meus ouvido na mais perfeita sintonia.

Se teu riso fosse uma canção eu a escutaria por toda a eternidade, até meu último suspirar pois assim será a forma mais clara e concreta do amor que emana de mim devoto a ti.

- Seu Boo

Harry Edward Styles - Londres

O corpo do homem alto se tornou enerve perante o pequeno pedaço de papel, preenchido com uma letra sinuosa e perfeita. Tanta emoção carregada nas demasiadas palavras o atingiram como uma bala ao peito, arrancando o seu fôlego. Aquelas palavras proferidas sobre o papel amarelado, com as pontas gastas fora a coisa mais descomunal que ele já vira. Seu corpo estava atordoado até que sua secretária girou a maçaneta da porta e entrou, abrindo a madeira da qual junto do corpo da mulher trouxe as vozes do cômodo ao lado e a agitação pouco animada do escritório.

— Senhor, se permite - Ela baixou brevemente a cabeça em um sinal de respeito. - agendei para o senhor a reunião com os acessores do Brasil.

— Como? - Com a voz rouca ele perguntou a ela, baixando o rosto e por fim notando sua presença naquele espaço entre eles e se desfazendo do seu pequeno transe.

— O senhor queria uma reunião com algum representante do Brasil. Consegui agendar uma reunião com alguns deles, são homens de difícil acesso. - Em meio a sua voz havia um pequeno tom ponderado em orgulho por ela conseguir tal feito.

— Mais tarde deixe em minha mesa a data da reunião marcada. - Ela assentiu, com um pequeno sorriso deixou a sala fechando a porta trancafiando novamente Harry com os seus demônios.

Com a carta ainda em mãos ele a observou, procurou por mais em seu bolso mas não havia pegado o suficiente. Sabia que haviam mais, em sua rapidez naquela noite ele conseguiu capturar perfeitamente a imagem daqueles pedaços de papeis destinados a ele. Seu corpo tomou uma proporção maior de êxtase, de algum modo ele parecia estar embarcando em uma maré de descobertas e a maior até agora era por aquele homem nutrindo um sentimento por ele.

Harry pensou que deveria estar sentindo-se incomodado como todos os outros homens iriam sentir-se, jogariam na primeira lixeira aquele pedaço de papel e plocamariam sua digna masculinidade aos céus. Mas ele não o fez, guardou as cartas em seu bolso e pensou: "Preciso de mais" e a sua resposta para aquele desejo caiu suavemente sobre seu subconsciente, chamava-se Zain.

[...]

O sol deslizou ao norte como se estivesse voltando para a casa ao desaparecer lentamente, trazendo as ruas de Londres a negritude da noite. Os carros disparavam as cimas das ruas disponibilizando ondas de fumaça, ora calor enquanto as pessoas se alinhavam uma em meio as outras em buscas de acessos mais rápidos para chegarem em casa, talvez sentar-se a beira de um café sobre uma mesa simples e bonita para tomar chá ou simplesmente encontrar os amigos e aprofundar-se sob a noite em risos e álcool, exceto Harry.

A última carta | L.S. Onde histórias criam vida. Descubra agora