Somewhere

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09 de Março de 1970

Querido H
Límpido é o amor, que tanto dizem ser puro. Límpido é a afeição, que tanto dizem ser harmoniosa. Límpido és tu, quando sorri e o sol se encontra com tuas covinhas e o mundo inteiro para, só para poder te ver sorrir.

- Seu Boo

Harry Edward Styles

  Pequenas gotículas de suor se alastravam pelo topo da sua testa, deslizavam por toda a lateral do seu rosto enquanto tomava fôlego diante do balcão da delegacia, o homem por trás do balcão não parecia entusiasmado em no mínimo constatar alguém para tentar localizar as malas perdidas de Harry. Sem documentos fora impossivel comprovar que se tratava ele mesmo o dono do sobrenome Styles, grande empresário conhecido pelos arredores do Reino Unido. O homem com os cabelos em um tom amarelado lhe encarou como se ele pudesse ser um grande charlatão, não importava o que Harry tentava explicar pois seus lábios pareciam transmitir apenas mentira. Mesmo que seu nome fosse mundialmente famoso, não fora o suficiente para convencer a aquele homem tamanha importância que era o mínimo da sua presença. Assim como ele, ninguém daquela cidade parecia sequer chegar próximo a um jornal para saber o que se passava no mundo inteiro, duvidou da existência de rádios existentes naquela pequena cidade e irritado deixou o local. Desceu os pequenos degraus, apertando seus dedos e fechando suas mãos em punhos. Uma grande queimação surgiu no topo da sua garganta e se alastrou por seu peito, seus olhos ardiam e a meia-noite o sino soou, junto dos gritos raivosos de Harry. 

Havia um pequeno caminho trilhado por flores por onde ele seguiu, encontrou uma fonte e ouviu o barulho da água seguido das últimas badaladas. Estava em algum lugar do mundo sem saber por onde seguir, encarou os céus e encontrou o cinturão de Orion. Sentiu-se tolo e fraco, se ao menos seus olhos houvessem captado a presença de Louis próximo a ele, não estaria naquela situação. Harry não estaria perdido e Louis possivelmente morto. Aquela idealização lhe trouxe medo, visualizou as feições de Louis e seus olhos azuis já não estavam tão vividos como antes, como quando Harry tinha dezesseis anos e Louis dezoito anos.

Será que ele tem o amado desde que tinha dezoito anos?

— Isso tudo é culpa sua! - Ele cuspiu as palavras agora sob o silêncio sublime da cidade, enquanto todos estavam indo se deitar o coração de Harry se despertava. Ele ergueu seus olhos ao céu onde seus olhos apenas conseguiam encontrar pequenos pontilhados, espalhados sob o céu com ou sem propósito algum. - a culpa é sua! - Ele encarou o crepúsculo como se estivesse diante de Deus.

Sua resposta fora o silêncio, o remexer da copa das árvores estremecendo seu tronco e elevando a vibração aos seus galhos devido a brisa suave que pairava sobre o ar. A fonte a sua frente era inteiriça de mármore, a água formava pequenas ondas e disparava para os céus com a pequena pressão causionada pelos canos e caiam de volta para dentro da mesma, para o mesmo lugar como um ciclo infinito. Ouviu alguns cascalhos ao longe de encontro ao solo, porém nada de um Deus superior se importando com a sua existência como ele cogitava.

— Não culpe Deus. - Ele ouviu alguém dizer, as lamparinas ao alto dos postes proporcionava a visão de um homem baixo, esguio e com as feições maduras de alguém a quem tem vivido por muito tempo.

— Mas ele errou. - Protestou Harry, secando a pequena umidade abaixo dos seus olhos com as mangas do seu sobretudo. o homem segurava uma corda, era as rédeas do seu cavalo logo atrás dele.

— Meu filho, Deus não comete erros. - O homem possuia um pequeno sorriso no canto dos lábios, era pouco perceptível devido a tamanha densidade da sua barba grisalha.

A última carta | L.S. Onde histórias criam vida. Descubra agora