Oceans

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  As pálpebras de Harry pesavam, seu corpo se encontrava entorpecido por conta da noite a qual ainda era como uma névoa em suas memórias, denso e obscuro como tal, lhe faltava clareza para saber o que realmente lhe havia acontecido. Sua cabeça lhe proporcionou  dolorosos latejos indicando a demasiada quantidade de bebida a qual ingeriu, seu estômago se revirou informando o seu erro grotesco em misturar os líquidos.

Ele ergue seu tronco da cama e sentiu uma súbita ânsia seguida de tonturas assim que seu corpo se tornou enerve. Fora preciso respirar fundo por alguns longos minutos e retomar sua consciência. Estava totalmente debilitado aquela manhã. Cogitou a possibilidade de não comparecer ao escritório mas dirigir uma empresa e ser o chefe lhe exigia manter uma postura, muitas vezes imponente.

Ele arrastou seu corpo enfraquecido pelos corredores solitários de sua casa, havia um certo perfume no ar que lhe causou certo incômodo as narinas, pensou ser obra da sua cabeça como castigo ao deixar seu corpo tão debilitado.

A água quente conseguiu fazer seus músculos tensos realaxarem, seu corpo já não se comparava há meia hora atrás desde que entrara abaixo da ducha. Optou por um café após abandonar o cômodo e se dirigiu pelos corredores vastos da casa com a toalha enrolada em sua cintura. Sua cabeça ainda latejava e desejou uma cartela inteira de analgésicos como café, almoço e jantar.

Jurou a sí mesmo nunca mais ousar beber demasiadamente.

[...]

  Seu corpo assumiu o modo automático. Chegou a empresa sem saber ao certo como entrou no carro e Charles - seu motorista - lhe trouxera ao grande prédio rústico. Apenas lembrou de olhar através da janela e observar as nuvens tímidas naquela manhã, deslizando pelo céu para perto do sol e se aconchegando na grande estrela.

Ignorou cada funcionário o qual se locomoveu as pressas para seus devidos lugares como se em nenhum momento houvessem deixado de lado seus afazeres. Styles lançou um olhar lugubremente irritado. Sua manhã estava péssima e os latejos em sua cabeça continuavam, como um relógio girando sem parar.

Sua assistente lhe lançou um sorriso com certa candura e ainda sim ele a ignorou, se encontrava sem paciência alguma enquanto sua cabeça parecia insistir em algo. Cogitou a possibilidade de ter feito alguma besteira e agora sua mente lhe maltratava, tentando-o fazer lembrar da noite sem clareza alguma.

— O senhor fora embora sozinho. - Disse sua secretária a quem ele sempre esquecia seu nome, após ele perguntar sobre sua partida da empresa.

— Analie deixou recado? - Perguntou ele sobre a loura com cabelos dourados, semelhantes a fios de ouro.

— Não senhor. Sinto muito. Eu posso avi- Ele deixou de ouvi-la para dar as costas.

Fechou a porta por trás de sí, cessando os burburinhos claramente devido ao seu mau humor. Sentou-se sobre sua cadeira e massageou as têmporas com a ponta do seu dedo indicador e fechou os olhos, tomou fôlego sentindo-se brevemente exausto. Ele pensou em sua vida e nos seus último dias, aquilo fizera seu peito pesar, seguido de um vazio extremamente profundo ao contrário de suas noites impetuosamente rasas. Bebidas com alto teor alcoólico já não lhe era suficiente e em meio aos seus devaneios uma voz pairou sobre seus pensamentos, suavizando o latejo na lateral de sua cabeça por baixo dos cachos meramente encaracolados.

Ele abriu os olhos, entreabriu os lábios enquanto pensava. Não passou aquela noite sozinho, alguém estava lá e não era Analie. Ela não o fizera se sentir bem quando chegou, como a pessoa dona daquela voz.

Forçou sua memória e acabou por grunhir de dor, voltando aos latejos incessantes.

Seu corpo cedeu em algumas horas sendo anestesiado pelos analgésicos, sua secretária era atenciosa e um pouco mais velha do que costumava contratar. Não era tão jovem, nem tão bonita como algumas funcionárias a qual deitou o corpo sobre está mesa. Não se arrependeu de contrata-la, chegou a está conclusão depois de seis meses de trabalho com ela.

Eram 19:00 horas, seu corpo estava escorado em meio a vidraça na sua sala enquanto ele olhava para baixo. Havia um pequeno tumulto, era fim do expediente e prendeu sua atenção nos chapéus coloridos, alguns com penas, abas longas, esbanjando pedrarias e a maioria tão simples quanto. Os homens já se pareciam todos iguais. Mas não era nas pessoas que Harry estava absorto e sim na pessoa a qual esteve na sua casa na noite passada, lembrou de alguns sussurros em seu ouvido mas nada que soava com clareza a ele. Lembrou das mãos quentes rodeando seu corpo enquanto o deitava, a vontade súbita de puxar aquele ser para sí e torna-lo dele.

Balançou a cabeça ao se sentir abobalhado, era só mais alguém.

Talvez alguma das suas funcionárias mas nenhuma delas possuía um azul tão intenso nos olhos, capaz de enxergar um oceano neles e caravelas navegando. Isso! Azuis! Ele logo se alarmou, ela possuia olhos azuis.

Pensou em todas as mulheres que ele levou a cama, beijou ou simplesmente flertou com aquela tonalidade tão radiante e nada, sua mente não lhe trouxe uma sequer informação. Ele pensou mais um pouco, um azul como aquele seria difícilmente esquecido tão fácil assim.

— Harold! - Ele ouviu uma voz grave e conhecida se fazer presente.

Seu melhor amigo estava escorado na porta de vidro, esperando-o para o drink daquela noite. Desfez sua jura sobre não beber nunca mais, talvez repetir seus passos na noite passasa lhe traria lembranças mais claras.

Derrepente ele estava focado de mais, ele precisava urgentemente de respostas para suas perguntas.

A urgência tomou seu corpo para saber quem o acalentou noite passada, quem o coloco para dormir sem quaisquer malícia e sussurrou em seu ouvido antes de partir.

Quem o fez se sentir vivo sob efeito de bebidas fortes?

A última carta | L.S. Onde histórias criam vida. Descubra agora