Two Of Us

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A mochila de Harry pesava sobre seus ombros, ela era tudo de que precisava. Naquele pequeno espaço coube tudo oque lhe era necessário, desde roupas a pertences mais íntimos até higiênicos, o suficiente para o conservar nos próximos dias em que decidiu passar na fazenda de Guido e Rosetta.

Mal poderia se recordar do dia em que fora embora, com tamanha pressa com o intuito de encontrar aquele a quem poderia ser seu grande amor.

Agora Harry voltava para o mesmo lugar, como se o seu dedo repousasse sobre um botão e o trouxesse para o passado em que ele sabia onde seu futuro o levava. Seus olhos beiravam sobre a maré sombria que domou seus dias e se acomodava em sua vida, sem ser convidada lá estava sua grande tristeza, espalhando-se lentamente por toda a sua alma como uma grande peste a quem não pode ser contida, não havia remédios para aquele tipo de dor senão esperar o seu próprio fim. Todo o seu ser estava demasiadamente carregado de tristeza, seu coração tão dissimulado estava a deriva após toda a tempestade que despejou-se sobre sua vida. Perder Louis fora como ser arrebatado e jogado ao inferno, ele estava a merce aos pés do grande rei do inferno que lhe encarava e nada fazia senão desfrutar da sua própria dor. Era o preço de Harry.

Ele era culpado por amar. Por amar a Louis. Por amar um homem a quem passou despercebido por seus olhos e tornou-se parte dele. Sua divida se alastrava, aquele preço era alto devido tanto amor depositado a alguém a quem agora se encontrava morto

Seus dias eram assim, com lamentações corrozivas para sí mesmo. Seus próprios pensamentos tornaram-se tóxicos para Harry, suportar tudo aquilo sozinho já não era mais sequer uma opção para ele, precisava se desprender daquela vida que nunca lhe pertenceu e reescrever a sua história a qual fora roubada.

Em meio ao metrô de Londres, lá estava ele novamente apesar de ser doloroso aquele lugar, tão cerregado de lembranças que o assombrou pelos primeiros instantes em que seus pés vagavam pelo grande piso de concreto. Era preciso enfrentar sua dor ou nunca estaria livre dela, Harry estava farto de ser pendente daquele sentimento até recordar-se das palavras de Cassey. Em suas memórias as feições da garotinha começaram a perder a essência do real, como se o tempo em que estivera com ela era derivado de uma alucinação. Porém quaisquer conclusão remetende a aquele dia, as palavras de Cassey ainda lhe eram claras.

Carpe diem.

Enquanto seus olhos observavam as portas do vagão de trem deslizarem causando uma abertura para entrar, era difícil para Harry acreditar que conseguiria viver um dia após o outro, até concluir que iria tentar viver um minuto de cada vez, mas não por ele.

- Viverei uma vida por nós dois, Louis.

Fora suas palavras antes de embarcar no trem que se encontrava em repouso.

[...]

Minha mãe Rosetta

Estou em Toscana enquanto lhe escrevo está carta, sentado sobre a grama e com as costas apoiada sobre uma árvore. A vista a qual está diante de mim é sublime, lhe enviarei em um dos quadros que pintei, pois eu precisava gravar esse momento em algum lugar e seria egoismo manter apenas em minhas memórias.

Harry apoiou a mão sobre o joelho dobrado, seu braços estava sujo de tinta devido as aquarelas a que a poucos minutos utilizou para pincelar a tela em branco, seria um presente de aniversário para Rosetta que ele só entregaria quando finalmente estivesse com ela.

Desde que deixara Londres, optou por viver uma vida a dois mesmo que ele fosse apenas um. Hoje fazia trezentos e sessenta e um dia que Louis se fora, Harry tentou se comunicar com a sua familia até pensar no quanto seria estranho alguém como ele aparecer derrepente. Não saberia mentir sobre aquele a quem tem amado, apesar de ter perdido tudo, nos últimos meses Louis dera a Harry a vida a qual sempre mereceu viver.

A última carta | L.S. Onde histórias criam vida. Descubra agora