Capítulo 17

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A noite foi péssima, perdi o sono. Como conseguiria dormir com a minha gatinha ao meu lado sem poder fazer nada? Não sou nenhum santo, e estou bem longe de ser, mas abusar de uma mulher alcoolizada não condizia com uma das minhas poucas éticas.

Acordei cedo, mal-humorado e estressado. Tomei um banho frio, estava pior que adolescente, isso me causava raiva.

Era sábado, mas meu pai e meu irmão tinham o hábito de trabalharem de domingo à domingo sempre chegando cedo ao hospital. Nenhum dos dois sabem o que é curtir a vida, só sabem trabalhar, vivem em função dos hospitais.

Vesti uma calça jeans, uma camiseta e desci. May, nossa governanta de SAN Francisco estava organizando o dia com as secretárias. Assim que viu, deu um gritinho de satisfação e veio me abraçar, eram duas mulheres a qual eu tinha grande satisfação em conviver, a primeira era Ana, que sempre cuidou de mim desde bebê, e a outra era May, que me conheceu também criança. As duas para mim eram como mães, já que a minha nunca fez o papel decentemente. Pensar naquela mulher me dava náuseas.

- Finalmente apareceu meu príncipe mais lindo! - Ela me encheu de beijos e arrancou de mim um sorriso.

- Estou mais para vilão! - respondi.

- Jamais! Soube que vc tinha vindo dormir aqui e fiz seu café favorito.

Sentei à mesa e ela me encheu de baboseiras que eu amava, mas que evitava, pois gostava de ter uma alimentação saudável, mas May nunca deixava, por isso evitava morar lá.

Ela sentou-se à minha frente e ficou me admirando comer.

- Por que eu tenho a sensação de que vc quer me falar algo?

- Porque não é sensação, mas quero que vc termine primeiro.

Ele continuou comendo em silêncio, mas no fundo já sabia do que se tratava.

- Qual é o recado do meu pai dessa vez? - Falei sério.

Ela se ajeitou na cadeira, suspirou e falou:

- Ele está te aguardando no escritório.

- O que ele quer? - Continuei meu café.

- Não sei. - Sabia que ela estava mentindo, empurrei meu café e me levantei. - Termine seu café meu filho.

- Perdi a fome.

Sabia que vinha sermão, o que seria dessa vez? Droga! Nada tinha dado certo para mim desde ontem. Bati na porta do escritório dele, ele pediu que eu entrasse.

Abri a porta e ele estava analisando um livro. Dr Parker, famoso cardiologista, tenho que admitir que sou fã número 1 do meu pai. Nos parecíamos muito fisicamente, porém as semelhanças paravam por aí. Odiava admitir, meu temperamento e o gênio tinha herdado da mulher que se dizia minha mãe.

- O senhor quer falar comigo? - Falei, ele apontou para cadeira, sem tirar os olhos do livro. Ele só fazia isso quando estava muito chateado. Mas o que diabos eu tinha feito?

Sentei-me e fiquei olhando meu pai, eu faria tudo por ele, talvez por isso eu nunca tinha perdoado a minha mãe. Ele abaixou o livro, me encarou por um minuto e perguntou:

- Quem é a mulher que vc chegou carregando no colo? - finalmente falou. Me desconfortei na cadeira e disse.

- Desde quando o senhor está interessado com quem eu durmo? - Falei rispidamente

- Desde que elas sejam jovens demais e prevejo encrenca e principalmente quando elas trabalham para mim. - Falou com autoridade.

- Ana... - Deduzi que fosse ela, e fechou a cara.

Amantes na noite (Lovers at night)Onde histórias criam vida. Descubra agora