Capítulo vinte e nove

1K 54 1
                                    

POV. Maristella.
Permaneço no 'tá com nada'. Ótimo.
Revirei meus olhos enquanto Tiago falava nossos nomes e os grupos que havíamos entrado, ou permanecidos.
— 'Faze' o que, né? — Murmurei.
— Nem decidindo na sorte novamente, em, Mari? — Tiago riu.
— Dieta é sempre bom. — Jessica comentou. — A gente só engorda nesse programa.
— Que nada, Maristella foi a que mais perdeu peso de vocês, viu? — Sorri tímida.
Ela não precisava falar aquilo ao vivo.
— 'tá' precisando mesmo. — ouvi um murmuro em seguida risadas.
Suspirei e engoli seco.
Tiago falou mais coisas, porém não prestei tanta atenção, estava chateada com o que ouvi. Quando a TV se apagou, Luan me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
— O que foi?
Apenas neguei com a cabeça. Não queria o envolver naquilo.
— Vem. — Me estendeu sua mão.
A peguei, sem questionar, e deixei que ele me levasse até o lado de fora.
Sentamos na varanda, dividindo um único sofá.
O abracei e apoiei minha cabeça em sem ombro, assim, meu rosto ficou escondido na curva de seu pescoço.
— Você ficou muadinha do nada. — Ele apertou meu corpo contra o seu. — O que foi?
— Nada — Murmurei e soltei um suspiro. — Você não tem ideia do quanto feliz estou por você ficar. — ele levantou meu rosto para olhar em meus olhos.
— Eu estou feliz demais por ficar aqui... — Seus olhos estavam nos meus. — com você. — suas últimas palavras soam como sussurro.
Não me contive e beijei seus lábios. Minha mão estava sob sua bochecha e eu a alisei suavemente, sentindo sua barba em minhas mãos.
Tínhamos uma sincronia intensa, desde que nossas línguas se movimentavam perfeitamente.
Meu Deus, o que esse menino fez comigo?
Perguntei em pensamentos enquanto minha boca se mantinha unida com a sua.
Luan segurou meu lábio inferior com os dentes e eu abri meus olhos, pois sentia teus olhos em mim. E eu estava correta, seus olhos estavam nos meus.
Mantive essa conexão e selei nossos lábios rapidamente, fazendo com que ele soltasse minha boca.
A sirene tocou, e ao ir até a despensa, Lucas voltou com três cartas e um cooler. Ele entregou uma das cartas para Luan, assim que colocou o cooler no chão e leu o cartão os parabenizando.
— O que é? — Perguntei curiosa quando Luan abriu o envelope.
— É da minha mãe. — Ele, com a voz chorosa, disse após terminar de ler.
Sorri e levei minhas mãos para sua bochecha para secar suas lágrimas.
— Ô, meu Deus. — Afinei minha voz é o puxei para meus braços.
Ele chorava compulsivamente, estava surpresa de vê-lo assim.
— Não chora. — Minhas mãos subiam e desciam em suas costas.
— Eu não quero ficar mais aqui, Tellinha.
— Ei, não pensa assim. — Beijei seu ombro e o apertei, mais ainda, contra mim. — fica calmo. — murmurei.
— Eu não sabia que saudade doía tanto. — Nós já estávamos à um mês aqui, sei que a saudade esta grande, mas pensa, você já ganhou um almoço, agora uma carta, tem gente que nem isso. — limpei seus olhos. — aguenta firme, ok? — Ele concordou e segurou minha mão que estava próxima a sua bochecha.
— você tem razão. — Seus lábios tocaram a palma da minha mão. — Você quer ler? — Me ofereceu o papel.
Concordei com a cabeça e segurei o envelope em minhas mãos.
No final, até eu acabei chorando, já que Marizete transmitia todo amor e sinceridade ao dizer que estava orgulhosa e o quanto sentia falta do filho.
Acabei pensando em meu pai e Júlio. No mínimo, eles estavam vivendo de marmitex da Dona Maria e churrasco com meus tios.
Tadinhos.
(•••)
Após o almoço, no dia seguinte, Luan e eu curtimos a preguiça da quarta monótona.
— Acho que vou malhar...— Comentou.
— Boa sorte. — murmurei e virei meu rosto para o lado oposto que ele estava.
— Vamos? — Senti seus lábios em minha nuca.
— não. — resmunguei preguiçosa.
— sim — ele beijou novamente minha nuca.
— não faz assim. — me arrepiei.
— você não gosta? — ele sugou minha pele.
— gosto. — minha voz saiu mole.
— vem malhar comigo? — agora ele passava seus dentes contra minha pele.
— assim é covardia.
— Mas 'ce' vai? — Senti seu nariz perto a raiz dos meus cabelos.
— vou. — virei meu corpo no sofá, ficando embaixo dele.
(•••)
Respirei ofegante e relaxei meu corpo no tapete da academia. Senti as gostas do suor descendo a lateral do meu rosto e fiz careta.
Virei meu rosto e passei admirar Luan concentrado nos exercícios que fazia.
Ele parecia bastante acostumado com aquilo.
Porra! Obrigada, Deus.
Agradeci mentalmente por não acreditar que eu podia beijar aquela boca todos os dias, ou até que fôssemos eliminados do programa.
— Cansada? — Ele me encarou através do reflexo.
Pisquei lentamente, saindo dos meus pensamentos.
— Morri, mas passo bem. — passei a mão pelos meus cabelos.
Ele acabou rindo.
— Dramática. — Sorriu e em seguida jogou um beijo para mim.
Ele era um fofo. Um fofo lindo.
— Da próxima eu te chamo pra gente comer goiabada. Pode ser? — Ele deixou os pesos, que segurava, em seu devido lugar.
— Pode. — ri e me sentei. — Acabei aqui. — avisei uma coisa que já estava óbvia.
— eu também — Ele se sentou ao meu lado. — essa música é massa! — cantarolou uma letra internacional, totalmente desconhecida por mim.
— nunca ouvi. — levei minha garrafa até minha boca para beber um pouco de água.
— jura? — apenas balancei a cabeça. — Assisti um show desse cara em Nova York.
— hmmm — fiz barulho com a boca. — viajado.
— nem tanto. — Luan pegou minha garrafa e bebeu o resto da água que tinha. — Só fui para os Estados Unidos e Chile.
— Eu fui no máximo Paraguai — Ele caiu na risada. — Vai dizer que você nunca foi para o Paraguai?
— Lógico que já — bagunçou os próprios cabelos. — Quando vamos para o pantanal, minha mãe sempre da um jeito de ir até o Paraguai para comprar perfumes.
— Também comprei perfumes. — umedeci meus lábios. — Se eu ganhar esse programa, além de ajudar minha família, quero conhecer inúmeros países.
— É um desejo meu também. — Luan colocou sua mão em minha perna e a apertou. — Poderíamos ir juntos.
— eu adoraria. — sorri e segurei sua mão.
— começaríamos pelo Canadá, um pouco de frio, o que você acha?
— maravilhoso! — Exclamei.
Eu não sei de qual forma as coisas seriam foram da casa, mas só de cogitar a possibilidade de manter algo, nem que seja uma amizade, com Luan, lá fora, me deixa extremamente feliz.

Confinados - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora