Capítulo quarenta e oito

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POV. Luan.
Tiago me explicou que uma das TVs do quarto me dava o privilégio de acompanhar o que acontecia na casa, então, quando ele se despediu de mim, corri até a mesma para ver o que a galera lá embaixo fazia.
— Obrigada, galera! — Minha voz saiu baixa, já que foi me pedido silêncio. — Obrigada mesmo. — Sorri encarando o globo terrestre que estava em minha frente.
Ainda existia a possibilidade de ganhar o prêmio e ajudar meu pai, melhorar as condições da nossa família.
Voltei minha atenção ao controle em minha frente, admito ter apanhado um pouco para mexer nele, mas consegui o utilizar para ver o andar de baixo.
Estavam todos na varanda, a sirene de manutenção externa tinha tocado, acho que foi para me "colocarem" aqui dentro.
Lulu Santos tocava alto nas caixas de som pela casa, e eu buscava um grupo de pessoas específico.
Meus amigos.
Sentados, os três, próximos ao bangalô. Maristella estava no meio e parecia ser abraçada pelos outros dois.
Ela ainda chorava.
Suspirei.
Como queria voltar de imediato e poupar ela de todo sofrimento.
O áudio começou a rolar, me assustando até, porque eu não sabia, ou não prestei atenção quando Tiago falou, mas ouvi perfeitamente quando Larissa dizia a Tellinha que eu a esperaria lá fora.
Essa não tinha sido uma promessa que fiz a ela, por receio.
Eu não queria nenhum tipo de vínculo do lado de fora, menti diversas vezes quando lhe sugeri viagens juntos, admito ter a beijado por puro desespero, eu poderia ter sido eliminado naquele dia. Quando Tiago disse meu nome hoje à noite, eu jurei que não tinha conseguido mentir e que perdi a única oportunidade de reerguer o império do meu pai.
Bruna me deu essa ideia, ela, sem nem estar aqui, foi a mentora de tudo.
Mas sinto que menti para mim mesmo, entende?
Menti quando achei que não sentiria falta da garota lá embaixo que chorava abraçada com minha camisa azul, que a dei sem pensar no meu plano idiota.
Menti quando achei que era "pura ilusão" nossa ida até o pantanal, mas seria incrível pescar ao lado dela e da sua família, assim eu poderia os conhecer melhor.

Eu a beijei pela segunda vez porque a achei incrível. A levei para debaixo do edredom porque me vi na necessidade de a fazer minha.
Eu quis Maristella, quis invadir cada curva incrível que ela tinha, quis que seu perfume tornasse o meu favorito em poucos dias...
...Enfim, quis estar junto dela, mesmo que tentasse negar.
Eu menti, menti mais para mim do que para ela.
Eu não sei o que sinto, é cedo demais pra dizer que a amo e que quero passar o resto da minha vida com ela, eu tinha um caso complicado com Geovana lá fora, mas eu sinto a necessidade de estar com Tellinha, ainda mais agora, que ela parecia vulnerável.
Matheus chegou e a abraçou.
Não fica assim, Mari!
Supliquei quase que mudo, ela não me ouviria.
(•••)
Apoiei minha cabeça no encosto do sofá e fechei meus olhos. Minha cabeça começou a doer de repente.
Já tinha horas que eu estava aqui, sentado nesse sofá.
O tédio começou a me incomodar, assim como a falta das pessoas, pois estava acostumado com o resto da galera, tanto que cheguei a conversar comigo mesmo.
Louco!
Me deitei na cama e me mexi nela por algum tempo, era incrível como eu sentia falta. Me sentei no colchão e baguncei meus cabelos.
Mentalizei que precisava dormir e acabei brigando comigo mesmo por ter ficado tão dependente daqueles olhos escuros e puxados.
Quando dormi o sol nascia, consequentemente acordei poucas horas depois com a cabeça ainda doendo.
Pedi medicamento e logo recebi acompanhado de um mega café da manhã.
Comi de olho na galera lá embaixo que fazia o mesmo que eu.
Foi impossível não revirar os olhos quando Lucas reclamou de uma xícara que eu tinha largado na pia ontem à noite.
"Muito bagunceiro, saiu tarde."
Mal sabia ele.
Acabei rindo, não vi a hora de retornar.

Confinados - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora