Capítulo quarenta e cinco

689 42 0
                                    

POV. Maristella.
Enquanto Tiago não aparecia, mantive meus olhos fixos em minha mão entrelaçada com a de Luan. Eu não queria deixá-lo e também não queria que ele fosse.
Meus olhos arderam e não pude negar a primeira lágrima que escorreu.
Por que tão difícil?
— Lucas armou tudo isso... — Luan murmurou. — Ele já imaginava e persuadiu a galera do lado de lá.
Permaneci em silêncio, se eu fosse falar, eu choraria.
— Estou de volta, casal — levantei meu olhar. — Que situação difícil, em?
— Nem me fala — passei minha mão livre pelo rosto.
— Vamos lá. Em ordem alfabética. Luan, você merece ficar na casa por que?
— É complicado, né? — Coloquei meus olhos nele, o mesmo coçava a nuca. — Nunca imaginei que estaria me justificando 'num' paredão feito esse, não sei nem o que falar ... — Suspirou. — Eu só quero continuar aqui, preferiria que fosse com Maristella, mas como tudo fugiu dos nossos planos....
— Tempo, Luan! — Tiago o parou. — Maristella, sua vez.
— Não sei nem como começar... — Olhei para cima, afim de segurar minhas lágrimas. — É difícil estar nessa situação, ainda mais com quem estou, mas entendo que isso é um jogo e as coisas que acontecem nele são consequências. — suspirei alto. — não quero sair, não quero que Luan saia ... — Meus olhos inundaram mais uma vez. — então eu deixo com vocês.. — funguei.
— Tempo esgotado. — Tiago falou. — Boa sorte aos dois, até mais!
A tela ficou preta e eu não pensei muito, apenas virei meu corpo e o abracei.
— Não é pra chorar, em? — Me repreendeu.
Parece que essas palavras davam mais vontade ainda de chorar.
Me segurei ao máximo.
— Vai ficar tudo bem, viu? — Beijou meu ombro.
— Vai — funguei mais uma vez e fechei meus olhos.
Caio e Larissa voltaram para sala e, em silêncio, nos abraçaram.
— Que coisa chata, né? — Minha amiga acabou deixando algumas lágrimas escorrer.
— São consequências... — Luan murmurou.
— Minha cabeça está doendo — comentei aleatoriamente. — Produção, me manda um remédio, por favor! — Pedi em voz alta.
— Vou lá ajeitar a cama pra gente deitar — Luan desfez o abraço e se levantou.
Não demoraram para me chamar na despensa e após tomar o remédio, me deitei com Luan.

A segunda-feira, por incrível que parece, passou rapidamente, me deixando mais triste o possível. A noite não tivemos nada, a não ser a galera que Antônio levou para o cinema.
Para não ficarmos no tédio, Matheus inventou uma brincadeira onde ele dizia algo e tínhamos que associar um filme, ou livro, ou música que tivesse o que foi dito.
Complexo demais para o meu cérebro.
Luan estava deitado no sofá e eu tinha meu corpo em cima do seu. Estava aproveitando o máximo que podia dele, nem na malhar fomos para não "perdermos tempo".
— 'Tá' com frio? — Murmurou próximo ao meu ouvido.
Neguei.
Eu estava arrepiada com o toque delicioso de seus dedos em minha pele.
— Me sinto tão triste olhando pra vocês— Paloma comentou.
— Não se sinta — Dei meus ombros. — Uma hora ia conhecer... — disse mais para mim do que para ela.
— Lá fora vocês terão oportunidades de se encontrar — Matheus tentou ser positivo.
Não havíamos conversado sobre lá fora e eu nem queria, não agora, com toda essa plateia.
— Vamos mudar de assunto — Caio murmurou. — água.
— O que? — Perguntei confusa.
— Canta uma musica que tenha a palavra água. — Explicou.
— Bebeu água, não! — Matheus parecia empolgado com a canção. — Tá com sede, tô! — Fez seu chinelo de microfone. — Olha, olha, olha, olha a água mineral... — Ficou em pé e dançou de um lado para o outro empolgado.
— 'Tá' se sentindo no carnaval, é? — Luan riu.
— Aí, como queria! — Se sentou novamente. — Descendo as ladeiras de Salvador...
— E a Paulinha ia deixar? — debochei.
— Ela ia junto, ué — Bagunçou seus cabelos. — só queria Salvador.
— Bota fé que o ano que vem iremos patrocinados — Larissa bateu seu cotovelo nele.
— Minha meta! — Exclamei. — Virar blogueira e viver de mimos.
Parecia um assunto tão aleatório, mas minha cabeça fervia.
Nada me fazia esquecer que aquela poderia ser minha última segunda junto dele.
Soltei um suspiro e desviei minha atenção para seu rosto. Ele tinha a testa franzida, enquanto Matheus contava da sua última viagem. Tão lindo.
Beijei seu queixo involuntariamente, atraindo sua atenção.

Não sei se qualifico essa madrugada como a melhor ou a pior que vivi aqui no reality. Era tarde quando todos entraram, deixando somente Luan e eu.
Não falamos nada a respeito do jogo, nem dos planos futuros para quando estivéssemos fora daqui, apenas aproveitando a companhia um do outro.
Ele fazia um carinho maravilhoso em minha nuca, me deixando arrepiada, enquanto tagarelava sem parar sobre a última pescaria que fez com seus amigos.
— Juro que vi uma onça. — Sorri boba, ele parecia uma criança empolgada. — Meu pai não acredita, mas eu e o Marquinhos vimos, Tellinha.
— eu acredito — acabei rindo. — Jacaré tem demais por lá, né?
— Tem, mas eles não fazem nada, não. — Franzi minha sobrancelha. — Sério, se não mexer com ele, ele não mexe com a gente. — deu os ombros. — 'Cê' deveria ir pra lá, chama seu pai, teu irmão... 'Ceis' ficam lá em casa!
— Acredito que eles já aceitaram o convite antes de mim — ri e beijei seu queixo. — Vão até estampar uma blusa da família para você.. — ri ainda mais me recordando.
Há uns dois anos minha família criou uma tradição, onde, ao menos, duas vezes por ano nos reuníamos no rancho. Até camisa contra raios UV, com estampa personalizada e um "Família Abreu", tínhamos.
— Arranjei a certa, em? — Mexeu em meus cabelos. — Linda — Beijou o topo da minha cabeça. — charmosa, cheirosa — cheirou meus cabelos. — ainda pesca... — Suspirou alto. — Ganhei na loteria.
Acabei rindo, ele é bobo demais.
— Você tem vara, maleta, tudo os 'trens' de pesca certinho?
— Tenho — passei a fazer desenhos imaginários em seu peito. — Tudo com detalhe rosa, meu pai quem comprou. — me gabei.
— Mimada! — bagunçou meus cabelos. — Já pegou algum peixão?
— a — fiz uma pausa. — defina peixão... — tentei pensar nas vezes que pesquei, nunca havia pego algo grande.
— Tipo, o peixão que tenho pego é você, olha isso, que sereia!
Não tive tempo de responder, num ato rápido, seu corpo veio parar em cima do meu e ele passou a distribuir beijos aleatórios por meu rosto.
Cai na risada, além de tudo ele fazia cócegas em mim.
No final, beijei sua boca ou choraria. Era difícil me imaginar aqui, ou até mesmo lá fora, sem ele.

Confinados - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora