CAPÍTULO 14 - Onde estão minhas asas?

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CAPÍTULO 14

Fiz o que me foi imposto, protegi Ann, a cuidei de todas as formas angelicalmente possíveis e a coloquei no topo de meus pensamentos, fechando cada fissura dolorida e latejante que a lembrança de Dean deixara em minha mente.

Nunca estive mais humano do que estava agora, mas eu tinha uma nova missão, na realidade eu tinha duas! Cuidar de Ann e deixar meu passado com os Winchester queimar com o tempo. Era dolorida e quase insuportável a sensação de vazio que eu sentia, mas eu haveria de deixa-los partir, para um bem maior.

Esses pensamentos cobriam meu dia, tentava me convencer que toda a dor e agonia passaria com o tempo, mesmo não acreditando nisso.

Como eu estava proibido de cuidar de Dean, recorri ao meu ponto de início, a quem sempre esteve comigo, a quem me criou e estaria presente nos momentos de agonia, como este.

A grama com orvalho cobria o descampado onde eu sempre ia quando estava com confusões mentais, verde e úmida pairava sob meus joelhos.

Respirei fundo e fechei meus olhos, erguendo minha cabeça à grande árvore. A primeira árvore criada, retirada do Jardim de Deus, e posta em Éden como lembrança de onde viemos, e para onde vamos.

            - Pai. – Uma pausa se criou em minha garganta, não sabia por onde começar, estava confuso, precisando do colo de meu pai. - Por favor me escute, sei que tens causas maiores para se preocupar e dignas de seu tempo. Mas lhe imploro, me ouça, me guie pai. Não sei se vou aguentar muito tempo, estou desolado. O senhor nos ensinou a amar humanos, nos ensinou como cuida-los, nos ensinou a tê-los como protegidos, e eu o fiz Pai, eu juro que eu o fiz – Entrelacei os dedos e apertei as mãos junto ao peito com força. - Segui seus mandamentos, segui o caminho que trilhou. Mas agora Pai... Estou amargurado, solitário, preciso do Senhor. O que devo fazer? Me entregar ao meu novo destino ou lutar pelo o que amo... por quem amo!? Me de uma luz, me guie. Socorro Pai. Preciso de você. – Suspirei fundo e senti meu peso aumentar, a dor tocou meus ombros e parecia que o que escondi e neguei durante as últimas semanas veio a tona, e era pesado, impossível de segurar. Finalmente senti o líquido quente se formar em meus olhos fechados, senti meu queixo tremer, senti a dor emanar por minha espinha.

            - Bom, bom irmãozinho, o que está acontecendo aqui? – Ouvi uma voz conhecida e entrecortada pelo tirlintar de mordidas.

Abri os olhos e me virei para onde a voz soava, não havia ninguém alí, eu estava enlouquecendo. Apoiei as mãos na grama e me levantei, limpei os joelhos e vislumbrei pés próximos aos meus, levantei o rosto e o sorriso irônico entregou o anjo que brincava com meus sentidos, Gabriel.

            - Vai continuar em silêncio? Isso é algum jogo de mimica? – Ele disse dando mais uma mordida em sua maçã.

            - Você... o que quer aqui? Não preciso de outro Arcanjo querendo brincar comigo. – Disse sem medir palavras, passando a manga do casaco por volta dos olhos.

            - Calminha aí capitão, realmente me importo com você ok? O que aconteceu entre os arcanjos e você... não tenho nada a ver, nem sabia da sua sentença. Quer dizer, eu sabia mas não podia fazer nada, a maioria dos arcanjos votaram por isso. – Gabriel falou curvando o rosto em uma expressão cheia de pesares.

            - Vai falar o que você quer? – Respirei fundo olhando para os lados.

            - Vim aqui te ajudar, ou tentar pelo menos. – Ele pigarreou.

            - Me ajudar?

            - U-hum – Ele deu mais uma mordida na maçã e a jogou por cima do ombro, fazendo-a desaparecer.

A Marca de Castiel (Destiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora