Husky nos uniu

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Tony
Aria estava aérea hoje, derrubou o omelete da frigideira ao passar pro prato, ficou trancada na porta giratória do banco, e levamos uma multa por ela estar sem o cinto de segurança.
- O que houve? Estava meio distraída.- Falei parando na sinaleira.- É algo com o Harry?
- Não, é que...eu queria te pedir uma coisa.
- Pode pedir.
- Bom, hoje é 23 de abril, e...bom, você pode me levar até Denver?
Franzi a testa. O que ela queria fazer lá?
- Denver, no Colorado?
Ela balançou a cabeça e assoprou os fios de cabelo que cairiam eu seu rosto sem muito entusiasmo.
- O que tem lá?
- É o aniversário de morte do primeiro cara que me adotou.- A voz dela saiu fraca e mecanizada.- Ele morreu faz 7 anos.
- Ele era militar não era?
- Era. Primeira divisão da Força Aérea Americana. Serviu na guerra por 9 anos.
Ouvi as buzinas dos carros e olhei o sinal verde reluzindo no para brisa do carro.
Acelerei e segui o caminho até em casa, a pizza no colo de Aria deixava o carro com um aroma de calabresa e queijo, depois que ela se mudou pra lá, começamos a comer mais besteiras e também a ouvir as músicas quando ela toma banho.
- Que bom que chegaram!- Disse Pepper quando entramos na cozinha.
- Sim, mas não podemos dormir muito tarde amanhã.- Falei sentando na mesa.- Já que temos que acordar cedo.
- Por quê?- Pepper disse elevando o garfo até os lábios.
- Eu e Aria vamos até Denver.
Ela sorriu pra mim e depois cortou um pedaço de pizza. Não foi um jantar muito faltante por parte de Aria, as vezes ela ria das minhas piadas ou respondia as perguntas feitas por Pepper.
- Que ajuda pra lavar a louça amor?- Perguntei.
- Quero sim.
- Boa Noite, Pepper. Boa noite, Tony.- Disse Aria deixando seu prato em cima da pia.
- Boa noite.- Eu e Pepper dissemos juntos.
As mãos finas e delicadas de Pepper mergulharam na água lavando os pratos, ela os ensaboava em silêncio e os depositava ao meu lado, já que eu iria secá-los. Pepper tem dispensado Laura, a empregada ela diz que temos que fazer essas coisas pequenas, como lavar a louça, botar a mesa, colocar a roupa pra lavar.
- O que vão fazer em Denver?
- É o aniversário de morte do primeiro homem que adotou ela.
- E você está bem com isso?
- Não sei.  Quer dizer, é bom pra ela.
- Sim, mas ela tem ele como figura paterna e não você.
- Não precisa esfregar na minha cara Pepper.
- Vocês precisam ter um relacionamento melhor Tony, já faz uns 5 meses.
- 4 meses e 19 dias. Sim eu contei os dimas.
- Ela é sua filha, não pode ter medo dela.
Às vezes eu não entendo o que Pepper quer dizer, só sorrio e concordo com a cabeça, essa foi uma dessas vezes.
- Pronto.- Falei guardando o último prato.
- Eu vou tomar um banho, e você não invente de ligar o ar, está muito frio.- Disse Pepper em um tom autoritário.
- Não se preocupe sargento.
Rolei os olhos e coloquei o pijama, coloquei o telefone despertar, são 27 horas de viagem se formos de carro, então nós vamos de avião até uma cidade perto, paramos para almoçar e terminarmos o trajeto de carro, isso se acordarmos as 6. Meu Deus, como eu ainda vivo.
       Acordei com o barulho infernal do celular despertando.
   "São 6 horas e 2 minutos. Está uma sensação térmica de 18 graus Celsius. Uma manhã nublada de 16% de chance de chuva"
Disse Friday pela casa toda, um ótimo dia para uma viagem de avião não? Levantei sem a mínima vontade de sair da cama, fui ao banheiro e fiz minha higiene, vesti uma roupa mais simples, uma calça preta, camiseta e uma jaqueta de couro preta com é claro, meus óculos de sol avermelhados.
- Você não vai levantar Pepper?
- Eu não vou nessa viagem, façam uma viagem de pai e filha. E agora me deixe dormir, você ronca muito alto.
- Até mais querida.
Ela murmurou algo e balançou a mão em uma tchauzinho. Desci as escadas e vi Aria na cozinha, ela estava falando no telefone.
- Então você não vai esse ano?
Não pude ouvir a resposta e não sabia quem era, mas provavelmente era Hannah.
- Tá bom. Eu te trago aquelas jujubas de quando éramos crianças.- Ela riu.- E mando uma foto do Husky também.
Husky? Será que era um amigo? Dei de ombros.
- Harry? Não, o pai dele não deixou. E o Peter tá ocupado com o Decato. Te vejo quando chegar. Beijos.
Ela terminou a chamada e olhou pra mim,sorrindo fraco.
- Pronta?
- Pronta. Vamos de avião?
- Sim, até Berkeley e depois vamos de carro.
Ela sorriu e pegou a mochila de cima da mesa da cozinha.
Saímos de casa e André, nosso chofer nos levou até o aeroporto particular.
- Bom dia.- O piloto disse tirando o chapéu.- É um ótimo dia para o voo. Demoraremos apenas 4 horas.
Eu e Aria sorrimos para ele e entramos no avião.
         Sabe quando fica silêncio de mais? Aria escutava música e eu lia as notícias no tablet. Suspirei e guardei o aparelho.
- Aria.- Ela pareceu não ouvir.- Aria!- Toquei o braço dela, que deu um pulo na cadeira.
- Sim?
- Como ele era? O cara que te adotou?
- Ele era um bom homem, gostava de jogar poker, mas não era um bom jogador.- Ela soltou uma risadinha.- Na verdade, ele me lembra um pouco o Steve, só que ele não era contra palavrão.
Nós rimos.
- Você chamava ele de pai?
Ela olhou pra baixo e eu notei que era uma pergunta estúpida, é claro que ela o chamava de pai, ele era mais pai dela do que eu.
- N-não, eu chamava ele de Hank. Acho que sempre chamei ele assim.
- Com o sobrenome de Montgomery?
- É. Falando nisso, Pepper disse que temos que mudar o meu nome,porque legalmente ainda sou Ariana Majorie Montgomery.
- Majorie?-Perguntei com uma sobrancelha levantada.- Era o nome da sua mãe.
Os olhos escuros da garota pularam pra fora do rosto e o queixo tremeu.
- Não precisa falar dela se não quiser.
- Acho que ainda não é o momento.
Ela sorriu fraco e concordou com a cabeça.
E voltamos ao Silêncio.
       Logo chegamos em Berkeley, descemos do avião e alugamos um carro.
- Já esteve aqui?- Perguntei.
- Não, e aquela garota quer tirar uma foto com você.
Aria apontou para uma garota loira que nos encarava com uma câmera na mão. Ela se aproximou e eu tirei uma foto com ela, que saiu dando pulinhos.
- Isso acontece com frequência?
- Umas 8 vezes ao dia.
- Ata, é o preço de ser um Vingador.
- O melhor Vingador!- Falei e ela riu.
Comemos em um restaurante de beira de estrada, a comida era boa e não havia muito movimento. Pagamos a mulher voltamos a estrada.
- Então, você morou a vida toda em Denver?
- Sim, mas íamos muito a New York, por isso não foi difícil convencer os pais da Hannah a deixar a gente ir.
- Mas eles não adotaram você não é?
- Eles queriam, mas ficaram na fila de adoção por anos, e depois de um tempo desistiram e só cuidavam de mim mesmo.
- Entendi, gostaria de conhecê-los um dia.
Ela sorriu e se ajeitou no banco, declinando-o.

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