A Toca do Coelho

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Aria
Olhei para o lado,mas nem Tony nem Peter e nem mesmo Hannah estavam no hospital. Então notei que eram 2:45 A.M. Revirei os olhos, sentei na cama e arranquei as agulhas e finalmente o barulho infernal do medidor de batimento cardíaco cessou. Respirei fundo e levantei. Esperei os cliques dos saltos das enfermeiras diminuírem e sai do quarto a procura de água, mas não tinha uma alma viva se quer. Continuei perambular pelo hospital, passei pela ala do câncer, e meu andar terminava na ala psiquiátrica, mas diferente do que eu achava, era a mais calma do andar, não havia gritos nem pessoa se debatendo ou enfermeiros correndo era como se o silêncio fosses tão concreto que podia toca-lo. Coloquei a mão por cima da camisola fina, e senti os pontos na minha cintura.
Andei até o final do corredor e notei uma escada que dava para o terraço, queria um lugar para pensar, mas nunca gostei de hospitais, por mais quietos que fossem, quando cheguei lá, estava frio e úmido, andei até um banco, mas notei um garoto sentado lá.
- Perdida no país das maravilhas Alice?-Ele disse se virando para mim.
Ele sorriu torto, os olhos verdes brilhavam na escuridão da noite e ele vestia roupas normais, não de hospital.
- Não queria incomodar, já vou indo.
- Não incomodou, não queria ficar sozinho mesmo.
Ele retirou do bolso um esqueiro e um cigarro e o acendeu, fazendo fumaça por todo telhado.
- Será que pode apagar isso chaminé?!-Falei tossindo.
Ele riu e jogou o cigarro no chão, pisando nele logo em seguida.
- Eu não fumo se é o que quis dizer, só gosto da fumaça tóxica que ele produz.
- Cara, você é da ala psiquiátrica ou o que?!
- Não se faça de boba Alice, eu sou seu Chapeleiro Maluco!
Ele puxou um chapéu imaginário como se estivesse me cumprimentando.
Me sentei ao seu lado.
- Então, por que está aqui?-Perguntei.
Ele deu de ombros e chutou as pedrinhas que tinham lá.
- Meu pai acha que posso ter a mesma doença da minha mãe.-Ele disse apoiando os cotovelos no encosto do banco.- Algo que pode me matar, ou não, não importa.
Ficamos em silêncio e o garoto me fitava com os olhos verdes, como se eu fosse uma espécie recém descoberta de animal.
- E você? Por que está no hospital?
- Eu fui esfaqueada.-Ele me olhou surpreso.- Você conhece algum meio de sair desse lugar? Não gosto de hospitais.
- Ao seu dispor Ariana.
Eu ia agradecer, mas lembrei que não havia dito meu nome a ele, ser que ele era uma alucinação por...Meu Deus não, ele era real sua maluca.
- Como sabe meu nome?
-  Eu sei de muitas coisas.-Ele sorriu malicioso.
- Leu na pulseira não foi?
Ele contraiu os lábios e concordou com a cabeça se levantando e indo em direção da porta.
- Você vem ou quer um convite formal?
Levantei e andei rapidamente até ele, que fechou a porta atrás de mim.
- Ainda não me disse seu nome.- Falei enquanto descia as escadas ao lado dele.
- Por que quer saber?
- Não sei, acho que você sabe o meu, tenho o direito de saber o seu.
- É mais divertido se não souber.
Esse cara é maluco, só pode. Ele disse para que o esperasse no corredor enquanto pegava roupas pra mim. Ele me entregou uma camiseta preta, uma calça jeans e uma bota. Andei até o banheiro e me troquei, rapidamente.
- Você demorou muito.
- Desculpe, é meio difícil me trocar com 19 pontos na minha barriga!-Falei irritada.
- Vem logo Ariana.
- Parece meu pai quando fica bravo comigo, me chama de Aria.-Ele sorriu.- Eu vou chamar você de...Garoto do hospital?
- Não importo com vai me chamar, apenas vamos logo!
Ele me puxou até fora do hospital e pediu um táxi com um gesto de mão. Ele abriu a porta e achei que me deixaria ir sozinha, mas entrou junto comigo, era estranho eu sentir que podia confiar nele? Ele parecia ser legal. Ser legal? Aria você conheceu o garoto no terraço do hospital e nem sabe o nome dele! Ele disse algum endereço pro taxista, mas não prestei atenção.
- Aria!-Ele estalou os dedos na frente do meu rosto.- Tudo bem pra você irmos?
Assenti com a cabeça, mesmo sem saber para onde estávamos indo. O táxi parou em frente de uma parque, não era o Central Park, mas era lindo e cheio de árvores e estava bem iluminado. O garoto pagou o homem e me acompanhou até um banco.
Me senti com os braços cruzados e ele me olhou com as sobrancelhas levantadas.
- O que foi?
-  Eu falei que queria ir pra casa.
- Não. Disse que queria sair do hospital. Não se confunda, sei que sou lindo e te deixei confusa, mas só vai rolar se você quiser!
Confesso que ri da piada de charlatão dele.
- Ela sabe sorrir.-Ele disse olhando a minha cara de um jeito estranho.
- Por que estamos aqui?
- Não sei. Talvez possamos achar um toca de coelho e pular.
- Você é maluco.
- Eu sei, mas é só o remédio.-O encarei tentando entender.- Relaxa aí, são remédios como os seus, morfina.
Ele levantou a manga da jaqueta de couro e revelou o lugar onde a agulha o furou, e logo riu do meu rosto.
- Aria. Você precisa sorrir de vez em quando sabia?- Ele levantou e estendeu a mão.- Eu não vou matar você, nós vamos só caminhar.
Cruzei os braços e virei o rosto.
- Parece uma criancinha.-Ele riu do próprio comentário e se sentou novamente.
Ficamos em silêncio, até que eu cansei e a curiosidade me venceu.
- Você pode mesmo morrer?-Perguntei.
- Todos nós podemos, e todos nós vamos um dia, só que alguns vão primeiro que os outros.
Por mais que ele tivesse razão, rolei os olhos quando não tive a resposta esperada.
- Me fala de você.-Pedi e ele sorriu malicioso.- Não faça essa cara, não quero mais ficar me silêncio.
Ele não me disse muitas coisas, disse que era filho único, que o pai o mandava estudar fora e não dava muita atenção a ele desde que a mãe morreu. E disse tudo isso com os olhos fechados a as costas apoiadas completamente no banco.
- Sua vez.-Ele disse abrindo apenas um olho e me encarando com ele.
Como se fosse possível, os olhos do garoto ficaram mais verde do que da primeira vez.
- Bom, eu sou órfã, ou melhor eu era.
Contei toda a história pra ele, ocultando o fato de que meu pai é Tony Stark, e ele ouviu tudo como se fosse algo muito interessante.
- Sabia que você cometeu um crime?
- Roubei seu coração foi?-Ele disse levantando uma sobrancelha.
- Argh, tem como você ser mais clichê?!
Minha resposta foi apenas uma risada sonora.
- Ajudar alguém a fugir do hospital é crime seu idiota.-Falei.
- Então fuja comigo!-Ele disse irônico.- Somos foras da lei, teremos que mudar nossas identidades e iremos morar na Flórida!
Eu ri com cada palavra dita, ficamos mais um tempo em silêncio.
- Disse que faz tudo que tem vontade. Por quê?
Ele fitou os sapatos e tirou a jaqueta.
- A vida é só um momento, um momento é tudo que temos. Então decidi fazer esse momento memorável, fazer tudo o que me dá frio na barriga, porque quando esse momento chegar ao fim, vou poder dizer que eu vivi tudo o que pude.
Ele colocou a jaqueta sobre os meus ombros, e sorriu doce.
- Eu sei que posso parecer grossa, mas eu quero ir pra casa.-Falei sem olhar pra ele.
- Certo, mas antes...
Ele retirou um canivete do bolso da jaqueta e rabiscou no banco. H.A
- O que é H.A?- Perguntei confusa.
- Bom o A, é de Aria.
- E o H?
Ele sorriu, aquele sorriso torto de quando fazia uma piada ou queria parecer misterioso.
- Isso você vai ter que descobrir, seu táxi já chegou Alice.
Me virei para encarar o veículo amarelo na frente da praça.
- Tenha uma boa volta ao mundo real. E não pule na toca do Coelho sem mim.
- Só se me prometer uma festa do chá, Chapeleiro!
Ele riu e me observou entrar no táxi.
Quando notei, ainda estava com sua jaqueta, coloquei as mangas e quando coloquei as mãos nos bolsos, havia um papel dobrado nele. "We're all mad here" somos todos loucos aqui) era um trecho de Alice no País das Maravilhas.

Quando cheguei em casa, Hannah estava lá e Peter também.
- Graças a Deus!- Pepper correu e me abraçou.- O hospital disse que você fugiu!
- Não fugiu, me dei alta!
Mal pude rir e Hannah já me agarrou como se eu fosse um ursinho de pelúcia.
- Hannah eu preciso respirar!
- Desculpe.
Ela me soltou, Peter tinha as mãos no pescoço, provavelmente pensando se me abraçava ou não.
- O que está esperando Parker? Um convite formal?- Citei meu novo amigo.
Ele me abraçou, meio sem jeito, e logo me soltou vermelho.
- Cadê o Tony?-Perguntei.- Tenho uma coisa pra falar pra ele.
- Ele saiu te procurar, vou ligar pra ele. Vá tomar um banho.
Hannah me acompanhou até o chuveiro retirei a jaqueta e coloquei sobre a cadeira.
- Aria que camiseta é essa?!-Franzi a testa sem entender.- Olha no espelho.
Me virei de costas e notei que ela não tinha tecido e deixava minhas costas expostas.
- Aquele idiota.- Murmurei rindo. Então foi esse o motivo da jaqueta, não era porque eu estava com frio, era pra que eu não notasse.
- Desculpe?
- Nada não Hannah, só estava pensando alto.

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Eu disse que ia ser bem rápido. Quem vocês acham que é o garoto? Querem ver de novo? O que acharam dele? Por favor comentem. XOXO

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