Capítulo 13

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(Manoela Narrando):

- Você visualizou bem como é a nossa querida morte, agora a tem nas suas mãos. Entende os caminhos, últimos suspiros de um corpo nesse plano material, os impactos que causa, principalmente emocionais.

- Quem é você? - Perguntei num tom meio confuso.

- Irá descobrir em breve, quem eu sou. Mas, saiba que estou aí dentro da sua mente. Não percebe que suas emoções estão ficando foram do seu controle? Você é psicóloga deveria saber o que está acontecendo com sua mente.

- Sai da minha cabeça! Sai! - Debatia-me.

- Pare de se rejeitar! De se massacrar, eu sou a sua parte rejeitada. A morte não é a inimiga, ela é o nosso devido descanso de consciência. Evolua sua consciência, trabalhe ela e compartilha, resignifique-a. É assim que nos eternizamos no mundo. As respostas para isso, você já começou, a mumificação, te lembra o quê?

- Preservação do que importa.. Então isso quer dizer que estou exatamente onde deveria estar? - Uma luz de ideia me despertou na hora do meu breve desmaio.

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- Lia! Eu sei que ando distante com nossa filha, prometo que irei refletir melhor comigo mesma e organizar minhas emoções, afinal já descobri o que me atormenta.

- E o que te atormenta? - Olhou-me curiosa em saber a resposta.

- A morte. E ao mesmo tempo me faz ficar curiosa com ela.

- A morte é o fim de um ciclo de vida, não há mistério nisso.

- Sim, eu sei! Mas, então me explica porque os egípcios eram obcecados com isso? Vou ser mais clara... A religião cristã aposta exatamente no que os egípcios acreditavam, imortalidade da alma, salvação da alma, por que o conhecimento sobre a morte fica nas mãos das mais importantes figuras do mundo? Não te gera dúvidas? A forma que vivemos no mundo? Ou, que papel estamos prestando para o mundo?

- Manu, você está precisando relaxar um pouco. Vou preparar um chá de camomila.

- Lia! Você novamente está me dando as costas! Não está entrando em equilíbrio comigo, o que te perturba? Para não estar alinhada aos meus pensamentos?

- Tá bom! Você acertou, há algo que me perturba sim! E vou te contar... Melhor se sentar.

Arrastei a cadeira e me coloquei numa postura bem inclinada a frente da mesa, para prestar atenção no que Lia ia me contar. Pondo uma das mãos para meu queixo repousar.

- Pois diga. - Olhei séria.

- É sobre a Karlia...

- Aquela nojentinha filha de Sheike?

- Ela é a irmã da Joice. - Lia me mostrou as fotos da Karlia sem o uso dos panos e peruca na cabeça. As mechas do cabelo eram ruivas. Como não suspeitei que ela era ruiva?

Eu fiquei desacreditada. Meu olhar se distanciou da mesa. E fiquei pensando.

- Irmã da Joice? Nossa Joice? Como sabe disso?

- Sim caramba! A nossa Joice! Porque Joice havia me pedido para localizar a irmã dela na época. Por que acha que viemos pra cá?

- Joice sabia então onde estava a irmã?

- Não sabia, mas, sabia dos pais. A irmã dela foi vendida pro Sheike, pelos pais dela. A Joice descobriu depois somente após ficar grávida, e saber que ela tinha tudo na vida, porque a irmã dela foi vendida bem cara, a deixou desestruturada, nunca mais quis saber dos pais. Os pais delas duas, estavam passando por dificuldades na Europa na época, são de origem dinamarquesa, a crise econômica estava abalando todos, e o pai delas, estava com a irmã da Joice a procura de emprego, e por coincidência um empregado de um árabe havia vindo na direção deles e deu um cartão pro pai da Joice, e lá dizia, compro uma criança bem nova para ser minha filha, no valor de 10 milhões de euros. O Sheik não era fértil, então, arrumou meios, de não ser visto como fraco.

- Inacreditável... Os pais da Joice venderam a própria filha... Ainda novinha, é isso?

- Sim. Joice não a conheceu muito. Mas, lembrava do rosto da irmã. E a mãe dizia que a irmã tinha sido sequestrada. Joice obviamente nunca acreditou fielmente nessa versão. Joice me deu essa tarefa de ir atrás da irmã dela e a proteger, tirá-la das mãos desse Sheike árabe.

- Não parece que ela está detestando a vida que tem... - Agora faz sentido eu ter visto aqueles traços dela e achar que são familiares.

- Preciso manter sigilo absoluto, pois, a própria Karlia, não sabe disso. E quero que você fale com ela, já que é mais ligada nessas coisas de terapias mentais, sabe como chegar nas pessoas. Se aproxima dela.

- Se aproximar? Ela nem gosta de mim!

- Não foi o que pareceu... Ela estava mais interessada era em você. E sei que você também se interessou nela, ainda mais porque tentou a todo custo dizer que era eu a que estava interessada, só mostra quanto estava na defensiva. E escondendo seus reais desejos. Não deve ignorar o que é natural de nós humanos, esse desejo pelas pessoas. O que fazer com isso, que é a parte mais importante.

- Hm. Parece que quem está me analisando agora é você, já pode se tornar psicológa. - Dei um risinho curto e forçado.


Lia acabou revelando o que estava realmente por trás do que eu mais me esforçava a esconder. Que mulher, meus queridos leitores, que mulher. Isso até me acendeu uma coisa aqui no peito... Principalmente na parte que ela me penetrava os olhos de uma forma cortante, enquanto decifra minha mente turbulenta, não é de agora, que os dons dela, estão aflorando mais do que nunca, perigosamente delicioso isso.

As Faces do Amor - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora