Capítulo 8

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(3 anos atrás... Momento da lua de mel, da Lia e Manu)

— Estar numa ilha assim com você... Numa lua de mel, recém-casadas, parece ainda um sonho, meu amor. - Comentou Manuela estando deitada em meu peito, numa cadeira de praia, com vista para o oceano índico, estamos em Bali, uma ilha da Indonésia.

— Sonho mesmo é saber que teve a coragem de se casar comigo, mesmo depois de tudo que nos aconteceu. Sabia que aqui a predominância religiosa é o hinduísmo? Mesmo tendo mais muçulmanos. Acreditam em karma, celebram a morte.... São tradições ancestrais muito relevantes. Aqui eu escolhi mais para um retiro espiritual para nós, do que, noite de núpcias de amor, contigo.

— Você não  acha que isso possa atrapalhar nossa intimidade? Focarmos nossos problemas num momento de núpcias? Vamos aproveitar... Essa beleza de lugar, quero isso com você aqui. Sentir você entrando em mim, enquanto estivermos numa banheira coberta de óleos essenciais e rosas, com incensos na beira, celebrando nosso amor.

Pela primeira vez nos desencontramos numa linha de pensamento, mas, como eu amava essa mulher demais, aceitei sua vontade, deixando a minha de lado.  E, sem falar que fazer amor com essa mulher é uma coisa divina, nem com a Joice, cheguei nesse ápice supremo e sagrado de amar. Aqui tem muitos ensinamentos culturais, templos antigos, e práticas milenares de como ter uma vida mais simples e saudável. E Manu só se interessava por fazer amor comigo, em cada parte desse paraíso quase inabitável e coberto de sabedorias.

— Vem... Olhar minhas marquinhas de biquíni dentro da nossa cabana acima do mar cristalino, na cor de céu claro.

— Aposto que queira mostrar mais do que marquinhas, esse biquíni está muito indecente, não gosto de saber que outros possam olhar pra você.

— Está com ciúmes, senhora Montegrini? - Fez uma expressão de malícia.

— Não, senhora Facchini, acho só inapropriado. E acho que ainda precisamos nos acostumar, a nos tratarmos com nossos sobrenomes uma na outra, apesar de ser gostoso, ouvir da sua linda boca... "Senhora Montegrini".

— Faz ser apropriado então, e tira tudo me deixando nua aqui...

Ela se levantou, olhando séria, e, foi caminhando em rumo a nossa cabana de núpcias. Acho que ela não gostou do que falei. Mas, é que me senti mesmo insegura e com ciúmes dela. Não fiz por mal, mas, é que pela primeira vez senti ciúmes de alguém... E não sei controlar isso, por nunca ter sentido esse medo de perder alguém... Essa é a verdade.
Quando cheguei lá na cabana, com telhado revestido por folhas secas de palmeiras e coqueiros conservados em alguma composição química, me deparo com Manuela, nua, me esperando na parte inicial da cabana.

— Estou apropriada agora, pra você? - Cruzou os braços, demonstrando estar chateada.

— Está mais do que apropriada, está... Mostrando sua insatisfação com meu comentário numa forma linda. Me perdoe por isso...

Fui me ajoelhando, e, indo em direção a ela, me arrastando com os joelhos no piso de madeira, como forma de redimir, e receber seu consolo. Comecei beijando seus pés, tirando o resto de areia que cobria seus dedos. E fui subindo minha boca nela, beijando suas pernas, até que, de repente, pega no meu queixo, fazendo com que eu me levantasse, e fosse de encontro a sua boca.

— Nunca mais tente me dizer o que devo, ou, não vestir. Ok?! - Falou firme, antes de resolver beijar minha boca.

Não soube responder, apenas fechei os olhos e me entreguei aos lábios macios daquela mulher explosiva e ao mesmo tempo dona de si mesma. Acho que minha frustração maior possa ser essa, saber que finalmente encontrei uma mulher como eu, que, é dona de si mesma, mas, que também adora ser cuidada, amada. Manuela é quem eu sempre sonhei ter na minha vida. E, não sei ainda como conseguiu aceitar se casar, e vim, para uma lua de mel, depois das tragédias que nos aconteceu...

— Você promete cuidar de mim, em qualquer situação, Lia? Sinto que posso falhar contigo lá na frente, precisarei muito de você.

As Faces do Amor - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora