As Faces do Amor - Parte 2

Capítulo 39

Lia vem correndo em nossa direção, meio a chuva, com uma velocidade devastadora. Havíamos demorado no total, quase duas horas de saída e retorno até aqui.

- Lia! - Karlia sorriu e eu não, pela expressão dela, temia ser algo ruim.

- Karlia! Vocês estão bem? E Manuela! Preciso conversar agora contigo... - Olhou séria para Karlia, como se pelo olhar pedisse pra se retirar.

Quando Karlia se afastou, Lia, senta a mão na minha cara.

- Como pôde? - Fiquei incrédula do que ela havia feito comigo.

- Você enlouqueceu? Como ousa me bater? - Revidei o tapa e Karlia volta tentando separar nós duas novamente e acaba apanhando também.

Resumindo nós três começamos a brigar no meio da chuva...

- Vocês duas merecem apanhar  muito! Você não sabe o risco em que colocou a Karlia! - Lia se afastou para poder falar e respirar do meio da confusão.

- Mas o que está acontecendo? Você veio igual uma louca enfurecida me batendo!

- O pior que até eu levei... Só queria separar. - Abracei Karlia, beijando sua testa.

- Eu tive um pressentimento ruim... E precisei vim urgente, porque sentia que corriam perigo. Você Manuela em plena chuva como essa, como foi irresponsável!

- Antes não estava chovendo, caramba! Sua desgraçada, nunca mais encoste um dedo em mim, senão eu juro que peço o divórcio.

Karlia olhou séria pra mim e depois a Lia, que ficou pasma. Me soltei da Karlia, e, apontei o dedo na cara dela.

- Manuela, você sabe que Karlia é uma princesa importante... Não vim pela chuva que vocês pegaram. O pressentimento que senti e acabou se revelando, era pior do que eu imaginava, por isso meu desespero.

- Diga caramba! O que está acontecendo?

- Alguém viu vocês naquela ilha, transando... E, estão compartilhando imagens suas através de drone. Já chegaram até o seu País Karlia... Quanta pouca vergonha! Duas vagabundas...

- Você me respeita, eu sou sua mulher e não uma prostituta!

- E eu sou o que pra vocês? Diversão num é? Acabo de ver que estou sobrando aqui... Como fui ingênua de pensar na hipótese de que poderiam gostar mesmo de mim e eu fazer parte da família.

- Karlia, espere! Eu vim por vocês duas! - Apressou os passos e pude ver lágrimas dela antes de sair.

- Ah veio? Veio para nos atacar! - Disse eu, ainda enfurecida com o comportamento agressivo dela.

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(Lia Narrando):

Eu vi vídeo delas duas... E se isso me chocou, imagine a avó que é de uma religião extremamente machista e intolerante.

Senti tanta raiva de vê-las juntas!

- Você enfim ficou com a Karlia... Vocês são a febre dos vídeos  mais vistos da Europa também. Tem noção do que é isso? Como não teve a malícia de se atentar a isso? A reputação dela e a sua, já eram!

-Acho que você ficou é com ciúmes, mas, no fundo não era o que você queria? Não ficava me lançando pra cima dela? Não estou nem aí para minha reputação, estou preocupada agora com Karlia, já que é uma princesa árabe, as leis no País dela, são muito severas.

-Ela estava passando a mão em você toda...

- Estava! E eu achei delicioso! Mas, não consegui prosseguir muito...

- Como sempre decepcionando, ficou sem apetite até com ela?! Que vergonha!

- ERA PORQUE IMAGINEI VOCÊ! POR ISSO NÃO CONSEGUI! SUA IDIOTA! NÃO PERCEBE QUE SEMPRE FUI LOUCA POR VOCÊ?! E VOCÊ SEMPRE ME REPRIMIU! A DECEPÇÃO AQUI SEMPRE FOI VOCÊ!

- Abaixa o tom...

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(Manuela Facchini, Narrando):

Não sei o que deu em mim, que falei com ela, para entrar na lancha comigo.

- Entra na lancha!

- Está louca? E a chuva?

- Entra agora! E cale a boca!

Lia obedeceu, e, entrou, rapidamente dirigi, com lágrimas minhas se misturando a chuva que caía fortemente em meu rosto e nela.

Sim, eu estava voltando com ela, onde eu e Karlia fomos flagradas começando uma transa deliciosa.  Quando estacionei a lancha no píer da ilha "deserta", Lia já tinha imaginado o que eu queria com ela naquele lugar, e, detalhe chovendo fortíssimo, principalmente nesse lado da Espanha.

- Vem! - Fui puxando-a pelo braço. E que braços fortes Lia tem, fazia tempo que não tocava dessa forma nela.

Lia parou comigo nas areias, e, me deu um puxão forte pelo braço, me pondo frente a frente aos olhos dela.

- Me perdoe por tudo... Pela forma que venho agindo com você... Só estava perdida dentro de mim, novamente. Eu sei porque veio aqui comigo.

- Eu sei que estava perdida, mas, por acaso a culpa é minha?

- Não de forma alguma, e por isso peço o perdão. Porque o problema todo era o mesmo que você passava, a ausência da Joice... Não queria deixá-la ir de nossas vidas. Por não ter visto o nascimento dos nossos filhos, e, ter salvado a vida dela, não sabe quantas vezes já visitei aquele caixão de vidro. Tentando refazer um fim melhor pra ela, ou, pra mim, não sei.

- Tem como a gente superar isso juntas... E obrigada por desabafar comigo como se sente realmente.

- Como? Me diga! - Dizia pegando trêmula em minhas mãos frias e molhadas da chuva.

- Fazendo amor em homenagem a ela... Num local que ela sempre considerou sagrado.

- A Natureza... - Falamos juntas, encostando a testa uma a outra, sorrindo de forma inocente. Como se tivéssemos encontrado naquele momento de nossos risos,  a fórmula exata do sentido da vida. Das nossas vidas...

- Lia... Me ame em cada canto dessa Ilha, eu te permito invadir cada parte minha, com toda disponibilidade que essa energia gostosa da chuva possa oferecer a meu corpo. Preciso de você urgente!

Nossas bocas foram num encontro de busca pela liberdade para nossas almas, que estavam presas, maltratadas, traumatizadas, a um passado morto, cuja dor maior em nós, foi a da perda de uma paixão em comum entre nós duas. Senti até meu corpo sair de mim aos braços da Lia... Junto daquela boca maravilhosa, que sempre me mostrou como se chegava ao paraíso num piscar de segundos.

O amor é o significado, caminho, para se obter a divindade... Dignidade sobre a vida, ou, como preferir definir a sensação sublime do que é se sentir liberta aos braços de quem seu coração escolheu morar e ficar independente de qualquer coisa.