29.

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Giovanna.

Enquanto Gabriel dizia pra gente que não era preconceito de sua parte e sim sua opinião, eu segurava a mão de Manoel e sentia ela tremer levemente. Eu não fazia ideia de como ele se sentia ao ouvir aquilo tudo, mas sabia que não ia deixar aquilo continuar.

– É só a minha opinião, gente, não é preconceito porque... – O interrompi.

– Quando que você achou que tinha que vir aqui se meter na vida do Manoel? Me fala quando foi isso aí, a gente não tá sabendo porque nem intimidade pra isso você tem. – Falei – Nem se ele tivesse te dado alguma intimidade, coisa que nunca aconteceu, você não tinha que vir aqui cagar o que acha e o que deixa de achar. – Manoel apertou minha mão em um pedido silencioso de pega leve. Pegar leve o caralho – E outra, o google tá aí pra você pesquisar e aprender, e tentar deixar de ser menos escroto e ignorante.

– Olha, Giovanna, nem com você eu estava falando... – Continuei interrompendo.

– Se você veio aqui tentar ofender ou deixar o meu namorado pra baixo com toda certeza está falando comigo sim. – Soltei a mão do Manoel e dei um passo pra frente, ficando a pouco centímetros do Gabriel – Eu sempre te tratei bem embora 90% das vezes eu só queria socar a sua cara, mas nunca fiz por pena. Mas Gabriel, se você ousar incomodar o Manoel ou abrir essa sua boca podre pra falar alguma coisa dele, eu juro que vou me arrepender. – Gabriel arregalou os olhos e deu um passo pra trás. Ele ia abrir a boca pra falar alguma coisa mais Vinicius foi mais rápido e o puxou dali pra algum canto que eu não sei e nem fiz questão de saber. Todo o resto que estava vendo a pequena treta continuaram ali, com a gente.

Me virei pro Manoel que estava com um sorriso no rosto, fiquei confusa porque a situação não era engraçada e muito menos legal. Cruzei os braços.

– Porque tá com esse sorrisinho aí nos lábios? – Manoel deu uma risada baixa.

– Você não lembra o que disse? – Perguntou se aproximando de mim.

– Claro que eu me lembro, eu falei que se ele viesse tentar te ofender eu ia me arrepender de nunca tê-lo socado, e... – Parei de falar quando me lembrei que tinha chamado Manoel de namorado – Nossa, me desculpa... Tipo, a gente nem namora e eu te chamo de namorado. Tudo bem se você ficar chateado, eu não tinha motivo pra te chamar de... – Me interrompeu.

– Posso falar? – Perguntou após parar de rir e colocar uma expressão séria no rosto, me fazendo tremer. Deu um último passo acabando com a distância que tinha entre a gente, colocou suas mãos em minha cintura me puxando, colando meu corpo no seu – Eu nunca fiz isso e por favor, não liga pro meu nervosismo. Bom, desde que a gente começou a ficar minha vida tomou um rumo que eu nunca imaginei, eu já tinha aceitado que nunca encontraria ninguém e estava tudo bem. Você chegou, entrou no meu apartamento, bagunçou os meus lençóis e discos, adicionou filmes que nunca lembra de assistir na minha lista da Netflix, me ensinou a gostar de outras músicas. Você me fez gostar de ter alguém, de ter uma rotina e me ensinou a gostar de sorvete de flocos. – Meu coração que antes estava calmo agora estava parecendo uma escola de samba dentro do meu peito – Me fez amar as suas gargalhadas as quatro da manhã e me fez não ligar para os vizinhos, tudo bem eles acordarem contando que você esteja rindo pra mim a madrugada toda. Eu aprendi a gostar de dividir a minha cama, mesmo que você ocupe 70% de todo o espaço. É uma sensação que eu não sei te descrever acordar e te ver deitada sobre meu peito, ou apenas do meu lado. É maravilhoso passar meus dias contigo. E eu amo te ouvir cantar novos baianos, quer dizer, eu amo te ouvir cantar, a música tanto faz. – Eu não sei em qual parte comecei a chorar, mas eu sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, ele dizia tudo olhando nos meus olhos e secando cada lágrima que teimava cair – Eu gosto quando você me pede carinho, quando você segura minhas mãos durante nossas idas as lanchonetes na rua do meu apartamento. Eu sei que é clichê te dizer isso, mas a verdade é que eu amo tudo em você, eu amo estar com você e amo me imaginar contigo pelo resto da vida, eu te quero o resto da vida. Por tudo que a gente já começou a construir, por todo esse sentimento que flui em mim e em você, namora comigo, Giovanna?

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