13 de agosto.
07h32.
O quanto mais próximo ficava do meu casamento mais ansiosa eu me sentia, tínhamos finalmente conseguido um juiz de paz para o próximo mês. Eu não estava conseguindo dormir tão bem e nem Manoel, tínhamos dormido bem pouco essa madrugada e agora ele estava na cozinha, preparando um café forte para nós dois.
Ainda não tínhamos decidido quase nada sobre o casamento, convite, local e a lua de mel. Estávamos parecendo dois indecisos.
– Aqui, Gi... – Ele falou me tirando dos devaneios e me entregou uma xícara grande de café. Respirei fundo pra sentir o aroma gostoso que emanava da xícara.
– Obrigado, amor. – Falei assim que tomei um gole.
Ele se sentou ao meu lado na cama com sua xícara em mãos. Nós sabíamos que deveríamos correr atrás de tudo se quiséssemos mesmo casar mês que vem. Como se pudesse ouvir meus pensamentos, Manoel falou.
– Uma vez eu li em algum site que a primeira coisa que devemos decidir pra organizar um casamento, é se vamos querer uma festa ou não... – Tomou um gole de café.
– Eu jurava que a primeira coisa que tínhamos que decidir era a lista de convidados. – Falei, Manoel riu.
– Nós podemos fazer do nosso jeito, amor.
– Vamos fazer a lista primeiro? – Perguntei e ele concordou com a cabeça – Com a lista pronta podemos pensar se vamos ter uma festa.
Manoel se levantou e foi até o guarda roupa, abriu uma das portas e pegou um caderno e uma caneta. Voltou pra fama se sentando no mesmo lugar. Começamos a conversar sobre as pessoas que iríamos chamar para o casamento.
– Você tem certeza que não quer chamar nenhuma outra pessoa? – Perguntei, ele não tinha convidado nenhuma pessoa do “passado" dele, apenas as pessoas que fizeram parte do elenco de malhação.
– Absoluta, no dia eu só quero as pessoas que me apoiaram e que me respeitaram – Deu um beijo em meu rosto – Mas confesso que estou com um pouquinho de medo de conhecer seus avós, primas e tia.
– Porque? – Ri – Vocês já conversaram por chamada de vídeo algumas vezes.
– Chamada de vídeo é uma coisa e pessoalmente é outra mil vezes diferente. – Deu de ombros.
– Mas eles te adoram, então vai ser tranquilo, amor.
Eu tinha apresentado Manoel para algumas pessoas da minha família no meu aniversário do ano passado. Eles sempre me ligavam para desejar felicitações e eu aproveitei a data pra apresentar Manoel pra eles. Meus avós, primas e tia o adoraram. Eles moravam em uma cidade do interior de São Paulo, por isso quase não nos víamos.
11h32.
– Que horas sua mãe chega? – Ele perguntou grudado no meu corpo, tínhamos cochilado após de muito pensar sobre nosso casamento – Precisamos tomar um banho.
– Ela disse que até meio dia tá aqui.
Respondi sem ânimo algum, eu estava morrendo de sono e não queria me levantar da cama.
– Vamos agilizar, Gi... – Ele falou, mas não moveu um músculo.
– Primeiro você tem que me soltar pra eu poder levantar e ir tomar banho.
Falei e Manoel riu, me segurando ainda mais pra si e beijando meu pescoço.
– Manoel... – Falei sentindo meu corpo esquentar por culpa da sua língua brincando com meu pescoço – Vamos tomar um banho, vem.
Ele deu uma risada contra meu pescoço e me olhou. Fomos para o banheiro e aproveitamos um banho quente e demorado.
14h54.
Estávamos sentados os três na beira da piscina, com os pés imersos a água. Minha mãe tinha feito um almoço especial de volta e nos contado como tinha sido sua viagem. Ela estava imensamente feliz por nós dois pelo o noivado. Tínhamos conversado sobre nossas indecisões e como estávamos achando difícil organizar um casamento, falamos como queríamos que fosse e que preferimos uma lua de mel do caralho do que uma festa gigante e chique. Ela estava observando calada o nosso jardim.
– Eu posso dar uma opinião sobre o casamento e a festa? – Perguntou, fizemos que sim com a cabeça – Vocês podem economizar com o local se fizerem aqui.
Olhei para o meu namorado e fiz uma careta, não passou despercebido pela minha mãe.
– Aqui é grande e vai ficar lindo se vocês fizerem aqui. – Ela observou bem o local de novo – Vocês decoram, fazem um altar bonito e ali... – Apontou para a esquerda – Vocês podem por a mesa de comida e sobremesa.
Observei tudo tentando enxergar o olhar de minha mãe, Manoel estava fazendo o mesmo até que ele falou e repousou sua mão em minha coxa.
– Eu acho que a sua mãe está certa, amor... – Comentou comigo, animado – Se escolhermos uma bela decoração, uma comida gostosa e muita bebida, vai ficar incrível.
Abri um sorriso curto, eles poderiam estar certo e assim poderíamos ter uma lua de mel mais incrível ainda.
– Pode ser que fique bom mesmo... – Sorri – Obrigado, mãe.
– Não me agradeça, se vocês precisarem de alguma coisa, não hesitem em pedir ajuda.
– Se você diz assim... – Ri – Estamos procurando um fotógrafo bom, pra registrar tudo.
– Eu tenho um ótimo em mente.
Minha mãe foi embora da nossa casa encarregada de procurar um fotógrafo e uma cerimonialista para ajudar no dia do casamento.
19h38.
– Amor? – Me aproximei ainda mais do meu namorado que estava sentado ao meu lado no sofá da sala. Comecei a deixar alguns beijinhos em seus pescoço.
Escutei sua risada e sua voz perguntando o que eu queria. Tirei seu notebook do colo e coloquei ao chão, ele só me observava. Me sentei no seu colo e o beijei. Suas mãos me seguraram firmes e ele retribuiu o beijo.
– A gente podia decidir onde vamos passar a nossa lua de mel, né? – Senti sua mão fazendo um carinho em minhas costas de baixo da blusa.
– O que você acha da gente ir pra qualquer motelzinho em uma beira de estrada? – Ri, porque sabia que não era sério – Aí a gente pega ele por uma semana, passa o dia todo lá dentro só namorando bastante.
– A parte de namorar o dia todo é interessante... – Mordi seu lábio – Mas não, obrigado.
Ele riu e deu um beijo em minha bochecha.
– O que você acha de irmos pra uma ilha? – Perguntou e eu já comecei a me animar.
– Qual, por exemplo?
– Sei lá, Fernando de Noronha? – Falou e eu abri um sorrisão – Nós podemos ficar em algum dos resorts chiques que tem lá, fazer trilha, mergulhar, passear de barco ou podemos ficar em uma pousada perto de alguma das praias que tem, ficar namorando dentro do quarto e aproveitando a maravilha que deve ser lá.
Ele foi dizendo que eu já conseguia me imaginar lá, seria uma boa ideia ir.
– Eu fico com a segunda opção, porque nós não somos aventureiros pra fazer trilhas, mergulho ou passear de barco. – Ele riu – Eu gosto mais da ideia de ficar em um local mais calmo, perto de uma praia e com você dentro do quarto, namorando e curtindo o nosso amor.
– Então pode ser Fernando de Noronha? – Ele perguntou.
– Óbvio, inclusive você já pode comprar as passagens, reservar um lugar bem gostoso pra gente ficar.
– Olha, se você pegar meu notebook eu posso fazer isso, tranquilamente. – Falou rindo – Se bem que eu prefiro você aqui no meu colo.
Tentou me beijar, mas eu não deixei, coloquei minha mão em sua boca.
– Primeiro nós vamos resolver nossa lua de mel.
Sai do seu colo com Manoel reclamando um pouco, peguei o notebook e coloquei em seu colo. Compramos as passagens e acabamos decidindo ficar uma semana lá, escolhemos a melhor pousada que tinha e que era em frente à uma praia.
No outro dia, 16h34.
– Você quer mesmo ter filhos? – Perguntei, Manoel me olhou um pouco confuso – É que a minha menstruação atrasou então...
Manoel revirou os olhos e me tacou uma almofada. Dei uma risada.
– É brincadeira... – Ri mais ainda, Manoel estava indignado – Mas se tivesse como você me engravidar com os dedos ou com seu packer, nós já teríamos uns quatro filhos.
– Meu Deus, Giovanna! – Manoel riu.
Acompanhei ele na risada, eu adorava esses nossos momentos idiotas, de rir por e com besteira.
– Agora é sério... – Comecei, puxando sua atenção pra mim de novo – Você quer mesmo ter filho? Tipo, comigo.
– Claro que quero... – Ele sorriu – Porque a dúvida? Tá acontecendo alguma coisa?
– Não é nada. – Dei de ombros e escutei um "pode falar, amor" – E se eu não puder te dar nenhum filho? Eu sei que pode ser só paranoia e talvez seja, mas de uns dias pra cá isso tá na minha cabeça.
– Você não tem a obrigação de me dar nenhum filho, Gi... – Falou me olhando – Se um dia chegarmos a ter um, que maravilha, nós vamos dar amor e educar pra que seja uma pessoa do bem, mas caso a gente não tiver por vários motivos, tudo bem também, eu tenho você do lado e é mais do que suficiente.
Dei um sorriso e abracei meu noivo apertado.
– Eu quero um casal. – Falei depois de alguns minutos.
– Um casal é bom... – Ele sorriu – Você já tem algum nome em mente?
– Cecília e Leopoldo. – Respondi e Manoel fez uma careta – Ih, qual é o problema?
– Leopoldo, Giovanna? – Perguntou indignado – Você quer que o nosso filho nasça com 78 anos de idade?
– Leopoldo é um nome lindo, tá bom? – Manoel fez que não com a cabeça – E qual é o nome que você tem na cabeça?
– Dexter. – Foi minha vez de ficar indignada.
– Você tá querendo colocar o nome de um psicopata serial killer no nosso filho? – Perguntei, ele sorriu concordando – Depois quer falar de Leopoldo.
– Giovanna, o nosso filho vai nascer já tendo que ir pra faculdade, porque se colocarmos ele desde o pré, ele vai sofrer bullying por causa do nome... – Abri a boca chocada.
– Eu não aceito colocar o nome de um serial killer psicopata no nosso filho... – Falei, Manoel riu – Tá rindo do que? Estamos tendo uma discussão séria.
– Então vamos esquecendo esse nome aí também, Leopoldo. – Falou e eu revirei os olhos – Não quero um filho de 78 anos.
– Exagerado. – Cruzei os braços – Eu também gosto de Gustavo, Eric, João, Otávio e alguns outros que não estou me lembrando agora.
– Eric... – Ele falou e sorriu – Eu gostei.
– É um nome simples e curto, mas eu acho bonito.
– E é, eu não me importaria se nosso filho se chamasse Eric. – Sorriu.
Concordei com meu noivo eu não me importaria também e adoraria se fosse.
22h54.
Manoel estava terminando seu banho e depois de muito tempo só querendo eu finalmente estava aprendendo a tocar violão. Enquanto terminava minha aula, eu aproveitei pra escrever uma música para o meu noivo, eu nunca tinha feito isso e tinha certeza que ele amaria.
Vi a porta do banheiro abrir e ele sair, Manoel estava aprendendo a dormir só de samba canção e eu estava adorando, porque era bom vê-lo liberto das amarras, embora ele ainda morresse de disforia. Meu noivo se sentou na beirada da cama, na minha frente e perguntou se minha aula já tinha terminado, disse que sim e que queria mostrar algo pra ele.
– E o que é? – Me observou.
– Escuta... – Sorri.
Comecei a dedilhar a melodia no violão.
– Você que me conhece bem, melhor do que ninguém, que fez o meu coração acelerar.
Vi um sorriso rasgar o rosto do meu noivo.
– Sim, depois do teu sim, eu me fiz feliz e não quis mais ir embora, você que me beija a boca, que me arranca a roupa, como se o mundo inteiro fosse acabar.
Manoel como sempre me olhava com admiração e eu me sentia grata por tudo o que construímos ao longo desses mais de dois anos, e grata também por tudo que iremos construir nos próximos 70 anos.
– Sim, esse é o meu destino, quero viver contigo, mas talvez morra de saudades até lá.
Fui parando de dedilhar a melodia aos poucos e sorri.
– Gostou? – Perguntei já sabendo da resposta.
– Eu amei, como amo tudo o que você faz! – Se aproximou – Linda.
– Eu fiz pra você.
Ele sorriu mais ainda, se aproximou até sua boca estar centímetros da minha e fez o que eu disse na música, me beijou a boca e me arrancou a roupa, como se o mundo inteiro fosse acabar.
▪︎▪︎▪︎Vocês achavam que eu não ia me dar nenhum biscoito nessa fanfic, não é? KKKKKKKKKKKK
Meu sonho fazer um casamento simplezinho e ir passar a lua de mel em alguma ilha, inclusive, estou solteiro e se alguém tiver a mesma vontade, chama no zap que a gente conversa! RSRSRS
Enfim... O próximo capítulo é o último, mesmo eu sabendo que é a hora de acabar essa fanfic ainda não estou feliz com isso, mas a gente que lute, não é?
Até o próximo e último!
Eric.
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Stranger.
Fanfiction"Para Manoel, um garoto transexual de 24 anos, o amor não era algo que existiria em sua vida. Após se assumir para os pais como o homem que é e sempre foi, foi expulso. Deixou seu novo e machucado coração criar uma barreira gigante, não queria e nem...