Capítulo 7 - Leonel

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Não resisti, acabei beijando a favelada...

-Droga! - dei um soco no volante - Porque não consigo resistir a porra de uma garota bonita e gostosa?! Acabei parando nesse lugar por causa dela, sinceramente eu não estou te entendendo Leonel - murmurei com raiva pra mim mesmo.

Desde que a conheci não consigo tirar a maldita Tina da cabeça, tenho os mais devassos pensamentos eróticos com ela (também qual homem não teria com ela sendo gostosa daquele jeito.) O fato é que algo nela me chama, me prende...Algo nela me convenceu a ir a essa festa na favela, quando jurei pra mim mesmo e pela memória do Ben que não iria de jeito nenhum, mas fui, fui e adimito que gostei, até temi pela minha segurança, mas depois de ver a receptividade das pessoas comigo quase mudei de ideia, eu disse quase... Porque a morte do meu irmão que aconteceu nesse lugar, no meio dessas pessoas que o assistiram agonizar e lhe omitiram socorro, não há ninguém capaz de mudar. Não eu não posso gostar dela, Não posso.

Na segunda feira cheguei a empresa e evitei a todo custo me encontrar com a Tina, aquele beijo está me atormentanto, só sei lembrar do gosto doce da sua boca, de como nossas bocas se encaixavam, do seu cheiro de canela e do meu pau ficando duro só com um beijo, beirando ao ridículo. Eu preciso é me manter longe dessa garota.

- Margô, tem algum assunto pendente na minha agenda que eu preciso resolver? - digo a minha secretária quando retorno do almoço.

- Não Senhor, sua agenda está na mais perfeita ordem. A senhorita Tina é quem disse que precisava falar com o senhor...- A interrompo no meio da frase e digo.

- Diga a ela que não poderei atendê-la, que estou ocupado com alguns contratos e que se for muito urgente que fale com a senhora pra que a senhora me passe o recado entendido? - murmuro ríspido e sem esperar por uma resposta entro na minha sala.

Às 4 da tarde meu telefone celular toca...

- Benevenutti - atendo

- E aí cara? To morrendo de saudades!

- Ih cai fora Vitor, resolveu voltar do SPA é?

- Poisé, minha vida boa acabou! Já estou aqui na minha sala, colocando as coisas em ordem pra amanhã voltar com tudo...

- É meu amigo! Eu admito, que bom que você voltou, preciso muito conversar contigo!

- Ih já vi que lá vem chumbo grosso por aí... Quer sair pra tomar uma cara, eu sei que você me ama! Então bora comemorar a minha volta - ele diz divertido.

- Tá ô seu filha da puta convencido, às 8:00 no hall da empresa tá legal?

- Cominado, vou emprestar meu ombro pra você chorar! - debochado de uma figa.

- Cala boca seu viado, filha da puta! - ouvi sua gargalhada e eu bati o telefone na cara dele. Confesso que senti falta da ironia do meu amigo, mas também não precisa ser tão folgado assim.

Saimos para um pub ao lado da empresa, estava cheio, cheio de mulheres no secando, mas em uma vez na vida não estava ali por elas e sim pra desabafar com o Vitor, ele é meu melhor amigo desde a faculdade, nós dois somos engenheiros de produção, fizemos estágio aqui na Benevenutti Cars® por uma questão de facilidade e acessibilidade adimito, então quando nos formamos viemos direto trabalhar na empresa da minha família, ele sempre foi muito estudioso até mais do que eu, meu pai o colocou no estágio um pouco desconfiado a princípio, mas não pensou duas vezes em contratá-lo depois de formado, quando percebeu em apenas dois dias de trabalho o que seu talento era capaz de fazer, ele também é de família rica seus pais são médicos muito conceituados, conseguiria trabalhar em qualquer outra empresa, mas a sua paixão por carros trouxe meu amigo mais pra perto de mim. Aqui dentro da empresa ele foi se promovendo por mérito próprio até chegar ao cargo de Diretor de Produção, eu reconheço com muito orgulho que vários de nossos sucessos de uns tempos pra cá devem-se ao esforço e ao talento de Vitor Simonini.

- Ei amigo, eu voltei, vamos lá pode chorar...E mulher não é? - disse quando a torre de chopp chegou a nossa mesa.

- Infelizmente você adivinhou... - disse me servindo - ela está fodendo o meu juízo amigo e eu nem ao menos transei com ela. Penso nela o tempo todo, dia, noite... Eu odeio isso!

- É, O caso é grave! Nunca vi você assim por mulher nenhuma, sempre "galinhou" sem se apegar, estou te estranhando - Vitor disse me olhando confuso e de cenho franzido - cuidado irmão! Essa coisa de se apaixonar não é pra caras como nós!! - completou sério.

- Não estou apaixonado Vitor! Ela mexe comigo, é só isso! Ela faz parte daquilo que mais odeio na vida, acho que é por isso que estou tão... Tão... Digamos impressionado por essa mulher. - digo em tom de explicação.

- Peraí não entendi...o que ela te fez? - estava curioso... - Afinal quem é essa moça?

- O nome dela é Tina.... Tina Tuner - Vitor engasga e cospe a cerveja rindo em mim - Porra cara! Sem gracinha por favor? - ele assenti mas continua rindo, e eu continuo - ela simplesmente mora, é daquele lugar onde mataram o Ben, me sinto agredindo a memória do meu irmão quando me sinto atraído por essa favelada.

- Tina Tuner cara? Que mãe faz isso com a filha? Coitada! - gargalha novamente - Só não vou perguntar se ela é mocreia porque conheço bem o seu padrão de qualidade quando se trata de mulher, mas enfim esquece isso da morte do Ben, mesmo morando na Brasilândia ela não teve culpa de nada, nem ela nem os moradores, quem tem a culpa do assassinato do Benjamin foi quem o matou, quantas vezes já te disse pra tirar esse rancor do coração, traça essa garota cara! Tá no inferno abraça a capetinha sexy - disse sorrindo.

- Você sabe o que eu penso Vitor, não vou mudar de opinião quanto a isso e não quero brigar com você, então ponto final nesta história! Agora me conte... Como foi de férias, deixou quantas esperando pelo senhor?!.

- Ah amigo deixei só uns namoricos, nada importante, graças a Deus que voltei, estava cansado de ficar atoa, gosto muito do meu trabalho - ele realmente estava animado.

Foi assim que terminamos a noite, em clima de companheirismo, bebendo, trocando farpas, conversando, fotalecendo ainda mais nossa amizade, que depois da morte do Ben se tornou irmandade, é por isso que agradeço a Deus todos os dias por ter pessoas como o Vitor na minha vida.

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