Tina
Mes de Dezembro de 2002.
Alguma coisa está estranha, desde ontem a mamãe não voltou pra nossa casa, pro nosso barraco, não sei o que aconteceu e por isso estou aflita, sinto um aperto no peito. As vezes ela sai pra beber e só volta um ou dois dias depois, mas isso é nos finais de semana, mesmo com a doença, com o vício, ela tenta se controlar de segunda à sexta para poder trabalhar como faxineira e nos dar o sustento, no fundo no fundo ela nos ama, eu sei. Para mim, a verdadeira culpada, é a bebida, foi ela quem atrapalhou tudo! Antes dessa maldita entrar na nossa vida tudo era perfeito, e mamãe mesmo sendo solteira, era tudo que precisávamos, muito dedicada e atenciosa.
Tenho dois irmãos lindos, a Whitney de sete anos e o caçulinha Jhon de três aninhos, acho que desse sou, e sempre fui muito mais mãe do que a dona Claudete que a partir de seu nascimento, só piorou com a cachaça e se distanciou da nós. Contudo, eu não entendo muito bem o porque dessa distância, tudo isso ainda é complicado para minha cabeça, eu só tenho 12 anos e compreendo muito pouco o mundo louco dos adultos, o que sei, é que o pequeno John recebe muito raramente os gestos de carinho de mamãe, acho que dos três fui a única a conseguir conviver mais tempo com seu lado carinhoso e materno pois quando Whitney nasceu ela já estava doente, viciada, e isso so se agravou com o passar do tempo, hoje em dia ela mal olha na nossa cara a não ser pra bater e xingar quando está agressiva e sem dinheiro pra sustentar o vício, Whitney é a que é mais rebelde e revoltada com a situação, sempre a pego chorando pelos cantos e agindo mal criadamente com a dinda Néia que é a nossa madrinha e santa protetora... Tenho até medo de pensar o que seria de nós sem ela.
Estou em casa terminando de preparar o nosso almoço quando derrepente, ouço alguém me gritar é a esmurar a porta da sala...
- Tina! Tina! - dinda me grita aos berros e desesperada, vou a seu encontro.
- O que foi dinda Néia? o que aconteceu? - ela chorava e soluçava desesperadamente.
- Aconteceu uma tragédia meu amor, uma tragédia!! - disse gritando e soluçando - Pegue seus irmãos vou levá-los pra casa da cidinha lá no asfalto.- Meu Deus será a mamãe?
- Dinda... Eu quero minha mãe! Aonde ela está? - disse infisiva - Claudete sumiu desde ontem e ate o momento não voltou do trabalho, sou eu é quem estou com os meninos.. - disse começando a entrar em prantos.
- Aí minha querida... - me olha nos olhos e me afaga com carinho - Preste atenção: Sua mamãe infelizmente se foi... - seubtom de goz exalava pena, piedade - ela encerrou seu calvário amor, de uma maneira muito triste e muito cruel... - seus braços atravessaram meu corpo afim ré me trazer algum conforto.
- Tina, vamos levar seus irmãos lá na cidinha sim? Quando chegarmos eu prometo contar tudo o que aconteceu, eu sei que você só tem doze anos, mas também sei que já é muito madura e guerreira, vamos ter de superar tudo isso e seguir em frente, eu estarei sempre seu lado, agora somos só eu, você e seus irmãos.
Leonel Benevenutti.
Mes de Agosto de 2009
Estou em mais um dia estressante de trabalho, as negociações estão a todo vapor, preciso patentear um novo modelo esportivo, porém o dono está quase que irredutível, com exigencias demais. Isso é o que acontece quando se é o numero um na fabricação de veículos automotivos no Brasil, causamos revolta, especulações aos clientes e também a concorrência, tudo por ocuparmos esse merecido posto.
Ah o mundo dos negócios, ele é a perfeita lei da seleção natural que se aplica com perfeição a realidade, o mata-mata do meio empresarial funciona como uma típica cadeia alimentar.
Enfim, o que queremos é uma valiosa novidade para a grande amostra automotiva do país e esse modelo garantirá o pleno sucesso de minha empresa. Eu não jogo pra perder e essa patente já é minha! Esse carro é meu! Querer é conseguir, faça disso o seu lema você também.
A tarde está nublada e chuvosa, ansioso mas lotado de atividades inacabadas às 15:00 eu ligo pra minha secretária:
- Margô, traga-me as pastas com os contratos e mande o Benjamin vir até a minha sala AGORA! - enfatizo a última palavra porque conheço muito bem o meu irmão e desligo - aquele vagabundo é um parasita, preciso arranjar ocupações mais objetivas para ele. - penso em voz alta e o telefone toca...
- Sr. Leonel, um soldado do corpo de bombeiros está na linha e quer falar com o senhor, disse que é urgente! . diz solicita mas percebo uma apreenção em sua voz, o que será que eles querem comigo?
- Adiantaram o assunto senhora Margô?- pergunto com a intenção de não perder tempo.
- Não, disse que quer falar exclusivamente com o senhor!.
- Ok, passe a ligação. - que estranho - Benevenutti - digo ao atender
- Sr. Benevenutti é sobre seu irmão Benjamin, venho lhe trazer uma noticia desagradável e triste. - por um instante ele se silencia mas logo depois retoma a sua fala.- o encontramos morto com dois tiros nas costas nos arredores do morro da Brasilândia, o reconhecemos atravéz dos talões de cheque e dos cartões de crédito, lá estava escrito o nome e o cargo que ocupava ai na empresa, suspeito que tenha sido algum traficante de lá devido a relatos dos moradores, já contatamos a polícia e sugiro que entre em contato com delegado Silva ele vai lhe por apar da situação. - Entrei em estado de choque, meu irmão? Benjamin morreu? meu único irmão? Deus Como vou dizer isso a papai e a mamãe? Deus porque?
Algumas horas depois, diante do seu corpo no IML, eu lhe faço uma promessa de que vou atrás pra esclarecer tudo! Vou descobrir quem acabou com a sua vida, quem lhe tirou a juventude e os sonhos. Prometo que essa pessoa pagará muito caro por destruir parte da minha familia! Mataram o Benjamin, mas eu conheço muitas maneiras de matar alguém sem precisar sujar-se de sangue.
° Benjamin Benevenutti
* 29/08/1985 + 12/08/2009

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sem Fronteiras
Romansa*Proíbido pra menores de 18 anos! SINOPSE Tina Tuner é uma moradora da comunidade da Brasilândia, São Paulo, desde muito nova teve que lidar com a mãe alcoólatra, cuidar dos irmãos mais novos e os demais perigos que a cercaram e a fizeram sofrer naq...