Tremedeira

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O estômago de Spencer começou a lembrar ela de que ficar sem suas frivolidades era ruim. Seus dedos, agora não tão firmes, começavam a tremer sentindo falta de coisas que ela era acostumada. Ela tentava manter o foco por cima do microscópio, pensando se valeria a pena, de fato, fazer uma análise naquele estado. Deus... se ela pudesse pelo menos usar um pouco de droga.

Suspirou pesado, passando a mão na cabeça e focou de novo. +2 graus, aquela bactéria....se ela pelo menos extraísse então a composição.... e sua cabeça latejou de novo. Ela precisava de um remédio para dor. Ou de cocaína. Deus, ela estava suando. Ela passou os dedos de forma forte nas mãos e olhou para o interfene. Ela poderia ligar para Dylan, mas honestamente, teve vergonha. Afinal, era um momento de fraqueza, e elas ainda estavam se conhecendo. Dylan parecia forte e decidida - não era exatamente uma menina de 20 anos com o corpo em abstinência.

Spencer passou a mão pela blusa de manga longa do Pantera e digitou o número do Ponte. Torceu para Curtis atender. Ia falar que não estava se sentindo bem ainda, e tirar algumas horas. Ia fechar os olhos, ficar deitada e depois voltaria para o laboratório.

- Oi. - Mas foi a voz de Dylan que atendeu.

- Dylan? - Ela segurou a voz para não parecer miserável. O que ela ia dizer?

- Oi, Spencer. - A mulher falou, claramente tomando alguma coisa, provavelmente café, do outro lado da linha. - Tudo bem aí? Estou ajudando Curtis com algumas coisas aqui, mas posso te ajudar com a análise.

- Eu estou rodando uma análise... - Ela tentou explicar. - Escute, tudo bem se eu tirar umas duas ou três horas?

- Está tudo bem?

- Sim. - Ela suspirou sabendo que sua voz tinha a traído. - Eu só preciso estar focada para uma análise que vou rodar mais tarde e estou um pouco cansada. Deve ser o mar ainda.

- Claro... - Dylan concordou, agora mais séria. - Desça, deite na minha cama. Eu vou te ver em alguns minutos.

- Não. - Ela recusou. - Eu preciso dormir, então vou pro meu quarto. Não se preocupe comigo, não posso lhe dar atenção agora mesmo...

- Eu não quero sua atenção. - Dylan falou dando de ombros seriamente. - Eu te vejo em 5 minutos.

Ela desligou, percebeu Spencer. Desligou e não deu nem espaço para ela protestar. E ficou aquele gosto amargo na boca de Spencer. Lógico, ela não era acostumada com aquele tipo de comportamento que vinha de forma tão natural para Dylan. Ela não queria lidar com Dylan naquele momento. Aliás, ela não estava conseguindo lidar nem consigo mesma! Levantou as pernas, sentindo a tremedeira lhe faltar os joelhos e começou a caminhar - mas para o seu quarto.

Torceu para não cruzar com ninguém, pois sentia que estava suando demais, e que sua testa estava gelada, e brilhosa. Ela devia estar com olheiras... devia estar horrível. O pensamento foi pesado, até que ela foi se arrastando pelo corredor e viu a porta do seu quarto, cada vez mais perto. Quando ia finalmente sentir o alívio de ter chegado inteira, ela viu Dylan, com uma cara de poucos amigos, se aproximando rapidamente pelo corredor. Ela usava uma calça de moletom solta, um blusão de lã e tinha os cabelos soltos e vivos - e ela parecia furiosa.

- O que é que você está fazendo aqui? - Ela falou séria se aproximando de Spencer e já pegando pelo braço antes mesmo dela ter a chance de protestar. - Eu não lhe mandei pro meu quarto?

- Eu preciso ficar sozinha agora. - Spencer tentou se defender quando os olhos de Dylan a fuzilavam.

- Não, você precisa de uma reabilitação, mas na falta de uma... eu mesma terei que servir, não é mesmo? - Dylan falou com desprezo. - Abra a porta, vamos.

Ponte para lugar nenhumOnde histórias criam vida. Descubra agora