Família

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Dylan abriu a porta do seu quarto e como imaginou, a menina estava lá, sentada em um canto da cama, com as pernas nos joelhos e com uma cara absolutamente lamentável. A visão de Dylan entrando era familiar, mas ela ficou corada quando viu Curtis atrás da mulher, nada confortável, com os braços cruzados no peito.

Dylan entrou no quarto, em silêncio, deixou o amigo entrar e encostou a porta.

Se tinha uma situação que não parecia favorável, era aquela. E Spencer podia quase sentir o gosto amargo no ar. Ninguém estava feliz. E ela tinha medo do que aquilo pudesse significar.

- Bom... - Dylan disse se aproximando do canto onde Spencer estava e cruzando os braços no peito, olhando bem para a menina. - Eu acho que você tem alguma coisa pra me falar.

- Ele já te contou. - Spencer declarou com a voz contida.

- Eu gostaria de ouvir de você.

Ela sabia, Spencer sabia disso. Porém, verbalizar isso, era absolutamente horrível. Tornava tudo muito mais real e dolorido. E pior... verbalizar isso na frente de Dylan e de Curtis, que estava parado há alguns passos da amiga, com o olhar fixo nela também.

- Eu estou esperando, Spencer. - Dylan pediu de novo.

- Eu não te dei tudo. - Ela admitiu. - Eu tive medo. Eu não te conhecia direito e...eu ia sentir falta.

- Você usou de novo? - Ela quis saber. - E não minta pra mim.

- Não. - Spencer negou com a cabeça baixa.

- Olhe pra mim, Spencer.

Dylan esperou a menina olhar para ela, esperou uma bronca. O desprezo, ou a decepção pura. E, vamos admitir, Dylan não estaria sendo dura demais. A menina estava pronta para isso.

- Você tem um futuro neste navio. - Dylan admitiu. - Eu e Curtis achamos isso. Você é esperta, trabalha rápido e não tem medo de muita coisa.

- Eu? - Spencer não compreendeu.

- Você quer trabalhar, aqui? - Quis saber. - Você pode começar como pesquisadora júnior, o salário é bem decente. 8 meses por ano... férias e plano de saúde e...

- Quero. - Os olhos dela brilharam por um momento. Um emprego. Fixo. A oportunidade de não viver de bicos e ser valorizada. E o Ponte era um sonho!

- Eu imaginei que sim... - Dylan sorriu de leve. - E onde pretende passar o resto do tempo?

- Bom, eu não sei... com um salário fixo, e trabalhando no Ponte eu não poderia estar em Massachusetts, não é? - Considerou. - Eu posso alugar algo mais perto, e ajudar no planejamento das temporadas e...

- Há espaço suficiente para nós duas na minha casa. - Dylan disse, sabendo que esse era um convite muito mais delicado. - E eu ficaria honrada se você se mudasse pra lá.

- Na sua casa?

O tom da menina fez Curtis sorrir. Ele via amor ali, muito mais do que necessidade, e ele sorriu para isto.

- Estamos namorando mesmo. - Dylan falou. - E Deus sabe que eu não quero tirar meu olho de você. Não é uma mansão... mas é boa, perto da praia...

- Está falando sério? - Spencer perguntou incerteza.

- Não perguntaria se não estivesse. Eu te amo. Você me ama. Parece lógico.

- Casa, uma vida e um doador de espermas. - A menina riu.

- Vamos adiar a última parte um pouco. - Dylan torceu o nariz. - Isso é um sim?

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