Curtis se sentia maravilhoso naquela manhã. Era um dia bonito no Ponte e, apesar de todos terem ouvido a bela surra que Spencer tinha levado no dia anterior, as coisas pareciam muito mais leves agora. Ele resolveu que ia fazer a ronda no navio ele mesmo, aproveitar o dia, antes que a tempestade chegasse.Ele andou até o convés, determinado a anotar as marcações no casco, e quando se aproximou de alguns latões de combustíveis reserva, ouviu um choro quase infantil. Curtis suspirou, profundamente, e como sabia quem era, ele juntou suas forças e foi para o lado do latão de onde o choro vinda.
Achou a menina, vestida em um moletom preto folgado, toda encolhida, chorando como uma garotinha perdida. Ela chorava de forma tão miserável, que ele resolveu que era melhor conversar com ela. Por isso, ele se sentou do lado dela, e puxou-a pelo braço.
Confusa, ela olhou para ele, e o viu com um olhar de compaixão enorme. Não, ele não era Dylan. Não, ele não era dominador. Mas ele sabia o quanto Dylan podia infantilizar suas namoradas, e bom, Spencer já era uma criança.
- Vem, deixa eu te pegar no colo. - Ele pediu, puxando já a menina pro seu colo. - Está tudo bem.
Curtis puxou a menina confusa, que não aceitou bem o movimento, até colocar o bumbum dela no seu colo e apoiar a cabeça dela no seu peito.
- Ai. - A menina gemeu quando a bunda encostou no colo de Curtis.
- Eu sei. - Ele disse se sentindo um idiota, mas, pelo menos parecia estar funcionando. - Pronto, querida, vai ficar tudo bem. O que está fazendo aqui sozinha choranda assim?
- Eu quero ficar assim.
A menina falou com uma voz tão desesperada que Curtis se preocupou.
- Não fale assim... está tudo bem. O que foi? - Ele perguntou esfregando as costas dela. - Dylan bateu em você e machucou? Quer que Bruce olhe?
- Não! - A menina respondeu depressa. - Por favor, não.
- Spencer... a Dylan te puniu porque você a deixou muito preocupada, querida. Ela fez isso porque ela te ama.
- Eu sei... - A menina falou enchendo ainda mais os olhos de lágrimas. - Ela é ótima, eu que não sou!
Curtis tentou aguentar o drama. Suspirou e apertou mais a menina no colo.
- Ela te bateu?
- Bateu. - A menina confessou.
- Está doendo?
- Sim. - Ela falou honestamente. - Tudo dói.
- O que mais dói? - Curtis quis saber. E viu que a menina ficou vermelha. - Você pode me contar, isso não vai sair daqui.
- Ela... ela... fez anal. Em mim. Depois.
Curtis ficou honestamente surpreso. Dylan tinha dado uma surra na garota e depois feito anal nela? Deus do céu!
- Está doendo? - Ele quis saber. - Onde ela... penetrou?
- Sim. - A menina disse. - Mas não é isso.
- Então o que é?
- Não posso te contar. Você vai dizer para ela.
- E se eu prometer que não vou?
- Ela não quer que eu minta mais para ela. - Falou sem pensar demais. - Mas eu menti.
- Mentiu? - Ele colocou o cabelo da menina atrás da orelha dela. - Spencer, Dylan gosta muito de você, e eu acho que seria melhor você contar para ela.
- Não posso. Ela vai me odiar. - A menina disse limpando o rosto com força.
- Por quê ela te odiaria?
- Eu disse a ela que dei todas drogas para ela, mas não dei. - Confessou sentindo-se aliviada. - Tive medo de querer... e eu nem conhecia ela direito.
- Eu não vou falar que ela não vai ficar chateada, Spencer, e nem que ela não vai te dar outra surra... estaria mentindo, mas ela te ama. E eu não vejo Dylan amar alguém tem um bom tempo.
- Ela não vai me amar por muito tempo. Eu sou uma bagunça. - Disse se encolhendo mais no colo de Curtis. - Ela tem razão, eu sou uma pirralha. Ela é uma mulher, feita já.
- Não assuma coisas por ela, Spencer.
- Acha que ela me perdoaria?
- Tenho certeza. - Ele disse sorrindo.
- Acha que ela não vai me punir?
- Não força, menina. - Brincou ele. - Eu posso conversar com ela, se quiser.
- Mesmo?
- Se você disser para Dylan que o bumbum tá doendo. - Ele exigiu.
- Ah, qual é! - A menina usou uma gíria bem jovem. - Ela vai querer olhar.
- E tem algo aí que ela já não viu?
- Deus... você é pior que ela. - Spencer fez um bico, revirando os olhos. Eu não sou uma criança, sabia?
- Sei... - Curtis quase riu, mas ele estava sentado no chão do convés, com a menina no colo, acariciando suas costas enquanto ela chorava. - Spencer... nunca mais minta pra mim, ok? - Ele pediu.
- Desculpe... - Ela encolheu os ombros. - Você está bem?
- Estou, tão bem quanto você. Tive que lidar com o termômetro também. - Ele disse vendo que ela ficou surpresa. - Achou que era só você?
- A Dylan...
- Sim. - Ele disse. - Eu mesmo já a medi dessa forma, e Bruce também.
- Uau, vocês realmente tem intimidade aqui. Bom, ainda bem que você não estava bem o suficiente para me ver nua quando voltamos da geleira.
- É... não vi nada. - Curtis concordou, achando melhor não contar que tinha visto ela nua naquela noite, ao visitar ela e Dylan no quarto. - E se tivesse visto, não tem problema. Pode confiar em mim.
- É... aparentemente posso.
- Vá... limpe esse rosto antes que Dylan te veja assim. - Ele ordenou. - Eu vou conversar com ela hoje ainda... está bem? Esteja pronta.
- Tá bem.
Curtis ajudou a menina a se levantar e ficou ali, encostando um pouco em um dos latões. Dylan ia ficar furiosa, ele sabia. Ele esperava conseguir domar a fera, pois ele sabia que a amiga podia ser passional muitas vezes - e a menina precisava de muito mais do que isso agora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ponte para lugar nenhum
ChickLit18 anos. Contém sexo, distorção de valores, violência, drogas e conteúdo LGBT e fetichista. Considere isto antes de ler, pode não ser apropriado para todos os públicos.