CAP. X - MESTRE, EU PRECISO DE UM MILAGRE.

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Estavam todos confinados dentro da casa, para manutenção externa decorrente da prova do líder que vem a seguir. Todos a flor da pele, Bella diz:
- Se for de sorte, eu vou ganhar. Tô me sentindo sortuda hoje. – a loira diz, com superioridade.
-Nada, Bellinha. Essa liderança é minha hoje, ninguém tasca, viu? – Carolina também se sente confiante. – Tô precisando relaxar numa cama confortável, véi. Minhas costas não aguentam mais não, oxê. Nunca vi cama pra ser dura assim.
Bella finge que acredita nessa conversinha fiada de Carolina. Mas quem é ela pra julgar? Ela está, secretamente, afim de dar um beijo no vendedor de queijo. Cada um com a sua cruz.
Gabriela está calada, quieta, desde a conversa com Rodrigo. Não procurou Rizia, tampouco Carol. Ela quer o fim dessa história. Não aguenta mais essa vida de julgamentos, de insegurança que os outros criam nela, criam para ela. Já existem muitos obstáculos só por ser quem é e não quer acumular mais problemas. Não quer trazer problemas a Peixinho , de quem , secretamente, sente uma inveja boa de como consegue levar a vida assim, tão leve. Peixinho é muito livre, muito simples...uma pessoa singular dentro de suas pluralidades. Se não bastasse o rosto, o corpo e a mente tão instigantes, ainda tinha sangue baiano, sangue nordestino não percorre no corpo, ele queima as veias de tanta vontade de viver. Um povo bonito, de fato. Toda vez que escuta Carolina a chamar de GÁBI, sente que seu ser entra num paradoxo existencial, onde tudo é um grande sonho, onde tudo que ela sempre sonhou pode e é dela. É uma paixão platônica, acredita ela. Platão dizia que o amor não nasce do interesse que se tem, mas sim na virtude que se enxerga no outro. Gabriela só vê virtudes em Carolina e não há quem diga o contrário. Seu coração é bom. Gabriela acredita que por esses motivos, não tem sequer chance de ser algo de Carolina. Mas o que Gabi não sabe é que só um coração bom pode reconhecer o outro. É coisa de alma, coisa de pele, transcende o sexo. Gabi está com medo porque, desde que conversou com Rodrigo, percebeu que seu sentimento não é efêmero. Não é transitório. Cada hora que passa, sente mais e mais vontade de estar na companhia da baiana e ainda assim cria um muro entre as duas. As lamentações e os questionamentos são presentes em seu pensamento, tanto quanto é Carolina. As palavras de Rodrigo...

POV – Gabriela.
Eu estou apaixonada por uma pessoa que conheço há quatro dias, mais ou menos. As pontas dos meus dedos estão geladas, meu coração bate tão forte que parece que a bateria da Mangueira e da Portela se uniram num carnaval dentro de mim. Toda vez que ela sorri pra mim, meu corpo vibra numa sintonia absurda. Eu nunca senti que poderia perder o controle, mas o fato é que eu já não tenho mais o controle de nada referente a esse sentimento. Não tenho mais unhas para roer, de tanto que já pensei. Meus cigarros acabaram. O café esfriou. Eu continuo sem saber o que fazer, o que dizer...

POV – Carolina
Desde hoje cedo eu entendi que não posso mais lutar contra isso tudo. Talvez o destino tenha me colocado aqui para que eu entendesse tantas outras questões da minha vida, de fora daqui. Nunca me senti tão contemplada por alguém. Ia casar com alguém acreditando que era o melhor sentimento que eu já tinha sentido, mas era mentira. O que eu sinto agora é tão mais forte, é tão mais completo. Mesmo nessa situação, de um mundo de mentira, parece muito mais real. Não é carne, não é mínimo, não é o esperado. Não sei como vai ser lá fora, mas agora, nesse momento, eu to aqui e quero descobrir tudo sobre mim, tudo que eu puder saber e que antes eu escondia. Eu me escondi de mim por muito tempo.


- Ei, Gábi! Boa sorte viu, neguinha? Quero muito ganhar, mas se você ganhar eu fico feliz também. – Carolina diz.
-Vou deixar pra você, Peixa. Não quero ser líder não, esse negócio de tomar decisão não é muito meu estilo, eu sou um pouco devagar. – sincera, Gabriela meio que dá um toque para Carolina.
- É lerda nada, oxê. Você é preocupada, é diferente. Mas tem hora que a gente tem que parar de pensar nas probabilidades, nega. Tudo tem dois lados, o bom e o ruim. Pra quê pensar no ruim se o bom tá bem na sua frente? – sorri, com aqueles dentes perfeitos, a boca desenhada, a sinceridade na voz.
Gabi sorri e puxa Carol para um abraço.
-Só você mesmo, Peixinho. Só você mesmo para confiar tanto no meu potencial. – diz, beijando a cabeça de Carol, enquanto faz um carinho delicado em suas costas.
Rodrigo observa tudo atentamente, até a aproximação de Gabriela e Carolina e, de repente, puxa Gabi do abraço em que ela se aninhava.
-Vem cá, me deixa falar com você rapidinho.
Carolina fica sem entender nada, mas prefere não se meter nisso, não agora. Precisa se concentrar para a prova.
- Que isso, Rô? A gente só tava se desejando sorte na prova de logo mais. Nada demais. Eu já entendi tudo que você falou, já concordei.
-Ela te provoca, né? Eu vou acabar com isso, se eu ganhar essa prova, ela vai para o paredão. O Brasil tá vendo o que ela está fazendo com você, tenho certeza que ela sai.
Essas palavras deixaram Gabriela angustiada, querendo ganhar essa prova de todo jeito. Não podia imaginar sua estadia naquela casa sem Carol.
- Ela não tá fazendo nada comigo. N A D A. A gente se amarra em conversar, nos damos bem. Eu sei separar as coisas, Rodrigo. – Mentiu Gabriela. Já estava profundamente envolvida. – Deixa de ser louco. Carolina é do nosso grupo. Se ela sair, a gente fica desfalcado.
- Não me importo. Eu quero ela FORA dessa casa, pra ontem.



TIAGO ENTRA AO VIVO.
- Boa noite, brother's! Tá na hora de descobrir quem é o primeiro líder desse BBB. Todos lá pra fora, fiquem na varanda e só tomem seus lugares quando eu der o ok.
Todos eles saíram e esperaram a voz de Tiago retornar, dizendo que podiam tomar seus lugares. Como o universo é fanfarrão, colocou Rodrigo ao lado de Carolina, onde podiam se encarar o tempo todo. A prova era de sorte, Bella tinha acertado. Cada um deles tinha a sua frente um baú com varias figuras diferentes. Existe uma televisão ao lado,e nela aparece uma imagem de um objeto. A dinâmica é que eles deveriam encontrar o objeto pedido. A ultima pessoa a encontrar estava eliminada da prova. A primeira rodada aconteceu e foi o seguinte:
Maycoln eliminado
Tereza eliminada
Alan eliminado
Hari eliminada
Paula eliminada
Vincius eliminado
Diego eliminado
Danrley eliminado
Elana eliminada
Bella eliminada
Rizia eliminada

Sobraram Carol, Rodrigo e Gabi na prova. O programa vai para o intervalo e os três continuam no mesmo lugar. Rodrigo fala:
- Eu vou ganhar isso aqui, eu já sei. - fala, arrogante.
- Ah pronto, né? Tu é Deus agora, é? Oxê, deixe de resenha errada. Se tu é Deus, então mestre, eu preciso de um milagre é agora, pra não dar três tapa na tua cara. - Carol fica enfezada. Já tinha reparado que sua proximidade com Gabriela o deixava nervoso. Ele enchia a cabeça da menina de coisas erradas e Carolina já estava farta dele. 
- Calma, vocês dois. Tá tudo bem, quem ganhar, ganhou. - Gabi diz. 
- Calma o cacete, Gabriela. Calma? Você pensa que eu não vejo, não? Ópraisso aí, preste atenção em quem você anda escutando,véi. - Carolina perde a paciência com Gabi. 
- Preste atenção você, que tá usando a menina pra se promover. - Rodrigo fala, debochado. 
-Tô usando o quê, menino? Você come bosta pra falar uma coisa dessas? Você é lesado, véi. Tem algum problema mental? Tu nunca nem conversou comigo pra saber quem eu sou, o que eu faço, você mal sabe meu nome. Qual é o teu problema comigo, hein? Diga logo, vá. O que eu te fiz? - Carol provoca, quer ver se ele tem peito de dizer que está assim por conta de Gabriela. 
- Vá se foder, heterozinha de merda. 
Gabriela leva a mão a cabeça, sem acreditar no que está acontecendo. 
- Vá você, que mente que é manco. Aliás, vá tomar no cu também. 

E o programa volta do comercial. 

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