Gabi escuta a proposta irrecusável, mas se mantém dispersa. As palavras de Rodrigo assombram sua mente, num tanto que ela não consegue raciocinar ou esboçar qualquer reação positiva ao pedido da menor. Não responde. Apenas diz:
- Tô indo ali fora fumar um cigarro.
Quando chega na varanda, encontra Rizia sentada no sofá e diz:
- Rizia, Peixinho acabou de me chamar para deitar com ela. SÃ, RIZIA. Ela tá sã, não tem uma gota de álcool naquele corpo. - diz, desolada.
- Nega, eu acho que tudo que podia ser dito já foi. - Rizia diz, com aparente preocupação.
- Você acha que o Rô tem razão? - Gabi pergunta, já com medo da resposta.
- Gabi, eu acho que isso é só o tempo. Só vamos enxergar isso lá fora,quando nos vermos na TV. Até porque até nós estamos sucetíveis a sermos outras pessoas na frente de tantas câmeras. Eu deixo de fazer muita coisa aqui dentro, por medo do que as pessoas lá fora podem achar. A exposição é muito grande - desabafa. - Mas tem um porém, Gabi: ganha esse jogo quem tem coragem de ser quem é. De ser autêntico. Isso você é, é muito. O seu coração tem que ser seu guia e acabou. Tudo que Rô, eu ou outra pessoa disser pode ser totalmente descartável na sua visão e isso é perfeitamente normal. - pondera a alagoana. - mas deixe estar, viu? Não se apresse não, nem tome medidas desesperadas. Cada um no cada qual.
- Você tem toda razão, só que às vezes não sei quem sou. Principalmente aqui dentro. -Gabriela da uma tragada longa no cigarro. - Mas vou descobrir.
Gabriela apaga o cigarro com voracidade no cinzeiro e entra para dentro da casa, se encaminhando rapidamente para o quarto.
- Peixa, eu ia adorar dormir com você, mas Rizia me pediu para trocar de cama com ela...
- Rizia entra no quarto, pronta para tombar o forninho de Gabriela:
- Eu mesma não pedi, não. Pode dividir a cama de casal com Peixinho e eu durmo na sua de solteiro, nega.
Ô desgraça de Rizia, pensou Gabi. Carol olha para Gabriela esperando sua avaliação.
- Tá bom então, ficamos combinadas assim. -ela diz, cedendo à pressão do capeta e imaginando como será a minha noite.POV - Gabriela.
- Eu e Peixinho na cama de casal e Rizia na cama de solteiro, NÉ, RIZIA? - digo num tom que Rizia vai entender.
A Rizia acabou de colocar num teste cardíaco, sem meu aval. Imagina dormir com Peixinho e ela sã, me pedir o que pediu na noite anterior? Eu não vou aguentar. Eu vou ceder. Peixinho me fita com os olhos castanhos e parece implorar para que eu não me afaste mais. Não é intencional, só tenho medo de estar captando os sinais errados, as palavras erradas. Entendendo um carinho como afeto, paixão como amor. São só alguns meses, eu me basto. Quantas vezes vou ter que repetir isso para meu eu acreditar?Gabi caminha em direção a cama, sem pensar muito bem no que a aguarda. Carol já está deitada, puxa o edredom para que Gabi entre embaixo e assim ela faço. As luzes continuam acesas e a elas engatam uma conversa...
- Ei, Gábi. Porque eu tenho a sensação de que você não queria dormir comigo?
- Tá tendo a sensação errada, Peixinho. - Gabi deixou escapar num tom duvidoso. - Eu quero dormir com você sim.
- Eu senti que você deu uma distanciada de mim depois da festa. Aconteceu alguma coisa que eu não lembro e você não quer me dizer? Se eu falei algo que te magoou, você precisa me dizer, nega. Oxê, eu gosto muito de você pra ficar nesse lenga lenga.
As palavras cravam no peito de Gabi como estacas afiadas. Ela sente o peito ficando pequeno e a respiração curta, quase que impossível. Quando se recompõe um pouco, Gabi toma coragem e pergunta:
- Você não se lembra de nada mesmo?
Nesse momento, Carol fica de frente pra Gabi e olha no fundo dos olhos dela:
- Gábi....POV - Carolina
ALERTA!
ALERTA!
ALERTA!
CAROLINA, VOCÊ PENSE MUITO BEM NO QUE VAI SAIR DESSA BOCA,MINHA FILHA. PENSE QUE O BRASIL TODO TÁ VENDO, TUA MANA, AQUELA OTARIA, TUA MÃE, TEUS AMIGOS. ESCUTE ESSA VOZ DENTRO DA TUA CABEÇA, Ô MÍSERA.
-....eu lembro vagamente de algumas coisas, algumas palavras. Lembro que você deu banho em mim e em Bella e que acabou entrando no chuveiro também.
A minha luta interna contra minha voz da razão é angustiante. Quero falar para Gabriela que, tanto quanto na noite anterior, eu quero ela dentro de mim nesse exato momento. Aqui, agora, na frente das câmeras. Ter ela perto de mim, voltar a sentir seu cheiro está tirando meu sossego. Essa voz rouquinha, falando tão perto de mim, com o hálito fresco de hortelã. Diga logo, diga pra ela Carolina.
NÃO DIGA.
Diga.
NÃO DIGA.
-Cala a boca, carai!
-Eita, Peixinho. O que foi que aconteceu?
Pronto! To surtada mesmo. Acabo de gritar comigo mesma, e assusto a menina que eu to afim. Que estranho dizer "menina que eu to afim", nunca pensei que ia me apaixonar por uma mulher. Apaixonar? Eu to apaixonada? Não. Tô não. Preciso largar de onda.
- Oxê, Gábi. Desculpa, nega. Acho que eu dei uma cochilada de olho aberto e sonhei com alguma coisa. Agora fiquei nervosa. Canta alguma coisa pra eu dormir?Gabi parece pensar em uma musica que possa dizer a Peixinho tudo aquilo que ela gostaria, nas entrelinhas. De repente, a voz rouca, aquela que vem do fundo da garganta, começa a cantar:
"Amor, você é como o sol
Ilumina meu dia, mas queima minha pele
Boca aberta e a intenção de um gemido
Seu corpo tem linhas que eu queria ter escrito
Queria largar seu corpo mas ele é tão bonito
Morde minha pele pra abafar seu maior grito
E eu penso em acordes em silêncio
Pra que você não acorde"Gabi fecha os olhos cantarolando e quase se perde nas palavras, na melodia, quando Carol passa seu braço por cima dela, a abraçando.
-Nega, você canta tão bonito. Vá, diga aí de quem é essa música? - sorri, transparecendo tanta felicidade.
-Essa música é de um cara lá da tua terra, um baiano maneirão. Ele é conhecido no cenário musical como Baco Exu do Blues. Já ouviu falar?
Carol ri sem parar. Quando retoma o fôlego, diz:
- Oxê, já ouvi falar sim, mas você falando esse nome ficou engraçado demais. É diferente, né? - É, é diferente. - diz Gabi, toda boba com o sorriso da menor.
-Gábi, posso te pedir uma coisa?
- Diz.
- Se eu ficar de costas pra você, você me abraça pra gente dormir? Estou com insônia desde o dia que entramos, com medo de dormir sozinha.
- Abraço. Vira que vou cantar uma música pra você dormir.Assim, Carolina vira de costas para Gabi, obrigando-a a ficar de conchinha com ela. Que sacrifício, não é mesmo? Gabi ajeita o cabelo de Carol por cima do ombro, de modo que as costas da morena fiquem a mostra. Então, Gabi aproxima a boca da pele morena de sol de Carolina e começa a cantar, deixando que a respiração resvale na pele e cause um arrepio ardido em Carol:
-" Desse jeito vão saber de nós dois
dessa nossa vida
que será uma maldade veloz
malignas línguas
nossos corpos não conseguem ter paz
em uma distância
nossos olhos são dengosos demais
que não se consolam
quando a fugazes
olhos que se entregam
olhos ilegais
eu só sei
que eu quero você
pertinho de mim
eu quero você
dentro de mim
eu quero você
em cima de mim
eu quero você..."Carol se ajeita, empurrando um pouco mais a bunda no quadril de Gabriela. Nesse momento, ela tinha certeza de que ia perder o juízo. Não dava mais pra segurar. Mas ela percebeu um par de olhos negros fitando a cena, com tom de reprovação.
Era Rodrigo.
E as luzes se apagam agora.
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Na contramão.
Fiksi PenggemarEssa é mais uma história #gafish? Não! Na verdade, esse é o BBB que todas nós, Alices, gostaríamos que tivesse sido. Nessa fic, vou usar tudo que aconteceu na casa mas que poderia ter sido abordado de forma diferente. Eu quero alimentar as Alices d...