CAP. XXXI - SALVADOR - BA.

644 49 32
                                    

Carolina, Clarisse, Sérgio, Naty, Victor e Lívia chegaram e já foram colocados na área vip, que ficava de frente ao palco, com mesas, cadeiras, bebida e comida. Começaram a confraternizar, dançar, aguardando o primeiro show da noite.
-Eita, que vibe massaaaaaaaaaaaaaa, bicho! - Carolina estava radiante. Não podia deixar de imaginar Gabriela ali, naquele lugar que parecia tão dela. As pessoas, suas vozes, roupas, jeitos... tudo lembrava a mulher por quem Carolina se interessou naquele programa. - Ô, Clarisse... sabe quem ia gostar muito disso aqui? Gáb.
- hahahahahahahahahaha é verdade mesmo, otaria. Tu ouviu, Sérgio? Gabi ia gostar. - Clarisse diz, cutucando seu namorado.
Clarisse não podia se aguentar. Quase deu com a língua nos dentes um milhão de vezes. Queria ver a irmã sorrindo genuinamente novamente, nem que ela e Gabi só fossem realmente amigas. A Peixinho mais velha sempre especulou sobre o sentimento da irmã, e mesmo não tendo certeza de nada, sabia que Gabriela era um lugar de paz para a Peixinho mais nova.
Quando Baco Exu do Blues entrou no palco, Carolina não conseguiu evitar o sorriso que brotou em sua boca. Lembrou do dia que Gabi falou dele pra ela e ela achou a forma da negra falar engraçada. Lembrou também da festa onde seus corpos se entrelaçaram pela primeira vez, ainda dentro da casa.

- Ópai, caraiiiii... essa musica ficou famosa por conta da minha cunhada aqui, viu? - Sérgio, o biscoiteiro, falou apontando para Carolina.
-Oxe, Sérgio, me deixe, vá. - Carolina ri e abaixa a cabeça, acenando um "não" com o pescoço.
Baco cantava "Flamingo" e Carolina viajava nas suas lembranças. Dentro da casa, ao som dessa musica, Carolina atingiu o êxtase máximo: nenhum homem fizera ela se sentir tão bamba quanto Gabriela. Quase conseguia sentir o sabor da língua de Gabriela, quando o final da musica veio e a arrancou de seu devaneio.
-Pensando em quê, mana? - Clarisse parece preocupada.
- Nada, Clara. Só pensando aqui na vida. Tudo muito doido né?
- Mainha viu. - Clarisse fala de supetão.
- Mainha viu o que, otaria? - a mais nova arregala os olhos.
- Oxe, viu o filme que embalava essa trilha aí, rapaz. - Clarisse riu. - Viu você lesbicalizando geraaaaaaal. Pronto, falei!
Carolina fica paralisada alguns segundos e cai na gargalhada em seguida.
-Clarisse, porra, como que você deixou mainha ver essas coisas? Ômôdeus.
- Oxe, foi ao vivo, viu? O que você queria que eu fizesse, otaria? Tu foi toda saliente meixmoooo, muito rainha. Não é à toa que o Brasil virou uma cadelinha por gafish. - Clarisse fala sem querer e vê Carolina murchar a sua frente. - Esquece isso, Carol. Todo mundo faz essas coisas, mainha tava ate cantarolando a música depois.
- Tô assim por isso não, Clarisse. Eu queria que Gafish fosse real.
- EU SABIA, PORRA! TÃO OUVINDO, BICHO? VOCÊS OUVIRAM O QUE ELA FALOU? VICTOR, SÉRGIO, NATY, LÍVIA, BAHIA MINHA PORRAAAAAAA!
- Oxe, Clarisse. Surtou legal! Se ligue, faz mais de um ano que não falo com Gabi, que não tenho notícia.
- Relaxe e curta o som aí, mana. Relaxe. - Clarisse fala calma, estralando os dedos e olhando para os amigos, cúmplices daquele reencontro maluco.

As mãos de Gabriela tremiam. Mesmo com o calor acolhedor de salvador, sentia o frio correr a espinha. Titubeou varias vezes, andando de um lado para o outro, atrás das cortinas do palco. Enquanto isso, Baco Exu do Blues cantava junto com Emicida, após selarem a paz entre os rappers sulistas e os nordestinos.  Baco sai do palco ovacionado, cantando ali na sua cidade, para o seu povo, não poderia ser melhor.
De repente, Emicida anuncia:
- Eae Salvador! Como vocês tão? Masssssssaaaaa! Vou cantar minha última música agora, em homenagem a vocês, a Bahia! Obrigada, Salvador!!!!

Na contramão. Onde histórias criam vida. Descubra agora