CAP. V - AUTO CONTROLE ON.

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POV Carolina.
- Oi, Carolzita. Tô terminando de fumar meu cigarro, não queria atrapalhar a sua dança maravilhosa. – Gabi diz, olhando no meu olho.
- Que foi? Você ta parecendo tão longe agora. Tava tudo bem há 10 minutos atrás. – achei estranha sua postura retraída, quando a abracei.
- É impressão sua, Peixinho. Ta tudo normal. Bora voltar a dançar?
-Bora, preta!
De repente começa a tocar "Dizeres", a música que ela cantarolou na noite anterior a me salvar de ir embora. Então ela recita pra mim, segurando em minha mão:
- "Sonho de ter a cópia da chave, um templo de mármore
Uma casa na árvore e dançar na chuva
Voar feito nave , encaixar feito luva
Juras feitas mesmo após morte ou cárcere
Linhas que teci, pra te vestir
Pra te despir
Pra não investir em mais despedidas
Sorriremos quando acordar
E antes de dormir
Viveremos por todas as vidas e nos veremos
Em todas elas
E em todas nos teremos".
Olha que lindo, Peixinho. Te dedico! Não quero me despedir de você tão cedo, Baea.

Meu coração tá tremendo. Ela olha tão fundo no meu olho, que sinto minha alma nua encontrando a alma dela, nua também.
-Oxê, nega! Que coisa mais linda! "Eu fico aqui a procurar motivos que justificassem a sua falta, amô"!
Pego na mão dela e entrelaço nossos dedos, sem medo de muitos julgamentos. Só queria sentir aquele momento único, com aquela pessoa única, me dizendo e dedicando palavras únicas. Nunca vou esquecer essa noite.
- Peixinho, você é muito especial , sabia? Da pra sentir quando você chega perto. – Ela sorri sinceramente em minha direção.
Eu sinto vontade de beija-la. Juro. Mas encontro um milhão de barreiras dentro de mim que derrubam essa vontade e solto a mão dela, subitamente. Ela nem consegue entender o que está acontecendo. Ela se afasta devagar e vai em direção a Rizia, com uma melancolia doce nos olhos.

POV Gabriela.
- Tô fodida, Rizia. – falei com um tom nervoso. – E u t o f o d i d a!
- O que foi, bichinha? – Rizia me olha com uma preocupação genuína.
- Acontece, Rizia, que não fazem nem 40 horas que estou nesse programa e já estou envolvida até o talo.
- Oxe, oxe, oxe.... com quem?
Olho em direção a Peixinho e abaixo a cabeça.
- A senhora é destruidora mesmo, hein, viado? Logo a super hetero?
- Rizia, toda vez que ela chega perto de mim, minha pele arrepia. Não é questão de tempo, não. Parece que a gente se conhece há tanto tempo. Até a música que cantarolei ela estava cantarolando depois. Uma conexão. Só que Rodrigo percebeu e veio falar comigo. Disse pra eu não me iludir, que ela está me usando para se promover. Só não consigo enxergar, Rizão. Ela chegou do meu lado, logo após ele dizer isso, e minha alma ainda se arrepiou. Se fosse verdade eu saberia, não é?
- Mulher, escute uma coisa que vou lhe falar: os sentimentos, as pessoas.... elas acontecem. Se Rodrigo tá certo ou errado, o tempo é que vai mostrar. O que você não pode é antecipar as coisas, os sentimentos. Você precisa viver sem medo, nega. E eu vejo peixinho bem solta ao teu lado, viu? Faça tua própria leitura das coisas, das pessoas. Mas sempre que precisar, to aqui. – ela fala, parece muito séria no que está explanando e eu presto muita atenção.
- Acontece, Rizão, que acabei de abrir o coração ali, bêbada, cantando um verso que diz muito sobre tudo e , a gente tava segurando as mãos e ela soltou, de repente. Parece não ter gostado. Ahhhhhh, Rizão. Eu não vou machucar ninguém e nem vou me machucar. Esquece essa história.


POV Carolina.

Fico observando Gabriela conversando com Rizia, gesticulando, nervosa e ....triste. Percebo que o dia vem amanhecendo e eu preciso dormir. Não tenho mais sanidade e estou mais do que bêbada. Vou acabar falando coisas que não deveria. Anuncio:
- Galera, galera... titia aqui vai bater a nave. Bebi demais, to nem sentindo minhas pernas.
Bella se aproxima de mim e oferece o ombro:
- Vem , amiga. Vou lhe ajudar. – Bella estava tão bêbada quanto eu.
- Espera ai, vou ajudar as duas. – Gabriela se levanta do seu lugar e vem em nossa direção. Não consigo segurar o sorriso.
-Ópaí Bella, que amorzinho. Tem como não se apaixonar? - soltei sem querer, juro.
- Não tem. Até eu to apaixonada por você, Gabi.
Epa, pera ai! Como assim "até eu"? Uma amiga dessas, a gente precisa de inimigo?
Gabriela só sorri e diz:
- Vocês estão bêbadas demais e sem noção nenhuma do que estão falando. Vou botar as duas no chuveiro. Bora, vamo!


Gabriela segurou uma em cada braço. Peixinho encosta a cabeça em Gabi e sussurra:
- Obrigada, amor. – e dá um beijinho no ombro de Gabi. Gabriela consegue sentir o halito fresco de vinho e cerveja na boca de Carol e, mesmo que por um instante, imagina como seria beijar aquela boca, aquela língua invadindo o seu espaço. A saliva quente, o lábio, a mordida. Seu ventre se comprime com o pensamento e ela trata de afasta-lo assim que chegam no banheiro.
- Bella, Carol... vocês estão com biquíni por baixo da roupa?
As duas assentem com a cabeça. Então Gabriela pede que Bella levante os braços, e tira sua camisa devagar.
Carol olha a cena e fuzila as duas com os olhos cheios de raiva e, por que não, de desejo?
- Ei, ei , minha vez, oxê. – E levanta os braços para Gabi, que tira sua camiseta e deixa exposto seu colo, tão bronzeado, tão forte, tão convidativo. Gabriela saliva, imaginando como seria bom se aninhar ali, como seria bom deitar, beijar, morder... e afasta o pensamento de novo. Elas estão bêbadas, pelo amor de Deus!
Carolina parece tão satisfeita vendo Gabriela despindo-a. Consegue sentir a tensão entre as duas e, por culpa do álcool, ela deixa rolar a cena, imaginando como seria tirar a roupa de Gabriela também.
- Bella, abre a saia. – Gabi pede.
- Tô sem condições, Gabi. Abre aqui pra mim, não consigo nem alcançar o zíper.
Gabriela coloca a mão na cintura de Bella e Carolina, como um gato, se coloca entra as duas e diz:
- Epa, epa, papai. Deixe que eu tiro. Vire aí , vá. Eu tiro numa boa, na moral. – Carolina parecia muito incomodada com o fato de Gabriela tirar a saia de Bella.
Quando terminou a saga da roupa, Gabriela tira a saia de Carol e, mais uma vez, engole litros de saliva. Como é gostosa essa bichinha!
- Bora, todo mundo pra água gelada. A G O R A!
Gabriela praticamente joga as duas dentro da água e é puxada para dentro também, numa reação instintiva das duas. E lá estão elas, as três, debaixo do chuveiro gelado.
Nessa altura do campeonato, não havia mais sanidade nem compostura que sobrasse e Gabriela, sendo a melhor das três no quesito bêbada, lava o cabelo das duas. Na vez de Peixinho, ela se demora no carinho em seu cabelo, gerando um pequeno gemido da pequenininha:
- Hmmm, que gostoso, Gábi. – Nossa, como Gabriela amava o jeitinho que Carol colocava o acento no seu apelido.
-Tá bom , estão prontinhas.
Saem as três do banheiro e Bella, um pouco recomposta, consegue se trocar sozinha. Carol pede ajuda a Gabi para se trocar e , bem...
- Gábi, me ajude aqui a colocar o sutiã, pufavô. – faz um biquinho tão doce.
- Seguro a toalha e você coloca, tá bom? – Por deus, quanto tempo mais de tortura?
Peixinho tira o biquíni e posiciona o sutiã na frente dos seios, mas, não sei se por maldade ou por falta de destreza, deixa os bicos a mostra para Gabriela durante alguns segundos, fazendo a paulista tremer dos pés a cabeça.
- Bora Carol, bota a roupa logo.
Carolina riu, terminou de se vestir e fez o ultimo pedido:
- Ei, Gábi! Durma aqui comigo, venha.

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