As semanas passaram se arrastando sem que Carolina e Gabriela soubessem do reencontro já esquematizado. Por mais que Gabi se preparasse para um eventual encontro, não tinha certeza se ia acontecer, havias muitas variáveis a serem calculadas e ela definitivamente não era de exatas. Passava dias e noites ensaiando sua nova música, que era um misto de hip hop com um refrão cantado pela voz roca e grave, embargada pela emoção do que significava tudo aquilo que recitava.
Por mais que não quisesse, Até Low se sentia tocada pela intensidade da música que Gabi compusera. Não era normal o que aquela música trazia: a força que as palavras transmitiam inebriava qualquer ouvido disposto a escutar.POV - Gabriela.
Será que Peixinho vai gostar?Será que ela vai estar com o namorado fodão dela? Foda-se essa merda. Não vou! NÃO VOU! Eu definitivamente não quero ver Carolina com aquele cara.
Eu sei, ela não me deve nada, não temos nada, mas não quero me meter na vida dela de novo. Ela, definitivamente, não tem nenhum vínculo comigo. Imagina só, que ideia de merda, né, Gabriela? Aparecer em Salvador e dedicar uma música para a mulher que você é completamente apaixonada há mais de 1 ano, que está namorando um ator global e, seja sincera, porra, TÁ CAGANDO PRA VOCÊ! Vocês não trocaram uma mensagem, nada, uma ligação, um facetime... estivemos nos mesmos lugares milhões de vezes e nos evitamos. Eu não consigo superar Carolina Peixinho. O gosto da boca dela, as nossas quase transas.... tudo! Eu sonho com o dia de reencontrar ela, demorei tanto a tomar essa atitude... e agora ela está com outra pessoa. Esquece, Gabriela. Não cometa o mesmo erro e exponha uma pessoa que correu de ser exposta. Não faça isso de novo. Supere! 1 ano, tá na hora de superar.... su...pe...re. Respiro fundo. Uma angústia toma conta de mim, corro e me tranco no banheiro.- Inconveniente! Estupida! - Gabriela diz a si mesma, em alto e bom som, quando se tranca dentro do banheiro. -Não vou, Low. Eu não vou pra Salvador! - Gabriela surta.
- COMO ASSIM, GABRIELA? O VOO É DAQUI ALGUMAS HORAS. - Maria Laura gritava do outro lado da porta do banheiro onde Gabriela se trancou.
- Não consigo, Low. Eu to surtando! EU TÔ SURTANDO!
- Gabriela, abre essa porta! ELIARA, ME AJUDA AQUI. - Low parecia nervosa.
- Eu sou estupida, eu não supero, eu não tolero, eu não vou por dinheiro nenhum no mundo!!!! - Gabriela começa a chorar um choro desesperado. Estava tendo uma crise de ansiedade dentro do banheiro.
- Gabriela, A B R E ESSA PORRA! - Eliara bate na porta com força, até que Gabriela cede e destranca.
A cena que Eliara vê é Gabriela sentada no banheiro, com sua cabeça entre suas pernas, os joelhos dobrados e o jeans molhado pelas lágrimas insistentes.
- Não posso, Eli. Eu ainda não superei. Eu achei que podia, achei que devia, mas eu não posso.
- Do que você está falando, Gabi?
Por mais que Low e Eli soubessem da música escrita por Gabriela, elas não tinham a mínima ideia do que a negra havia pensado em fazer.POV - Carolina.
Preciso decidir o que vou usar amanhã no AFROLAB e ninguém melhor do que Victor para me ajudar. Pego meu celular e disco o número da bicha mais estilosa de toda Salvador.
- Diga aí, mami. Sumidaaaaaaaa!
- Victor, meu amor. Preciso de sua ajuda pra ontem, viu? Fui convidada pro AFROLAB e...
- Não diga mais nada. Venha aqui para o ateliê, tenho a peça certa pra te vestir. - Victor diz, super animado.
Foi fácil até demais. Victor é meu amigo desde sempre, desenha roupa fantásticas além de costura-las. Está sempre super mega atarefado, a última coisa que ele fez pra mim foi minha roupa da final do BBB. Não parece, mas já faz 1 ano. Fico meio cabreira com o aceite tão rápido, mas também fico feliz. Difícil conseguir horário com o estilista mais requisitado de Salvador, hoje dei sorte.
Penso em Gabi, do nada. Penso em como ela ia curtir estar nesse evento. É a cara dela, é a gente dela, é a história dela. Sinto falta de tudo. Da voz de Gabi, de suas histórias, de sua cor, de sua pele.
Eu quase consegui abraçar alguém semana passada.... coisa tão nossa. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado dela. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente. Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para ela. E fiquei triste de novo. Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele....Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra ela. E fico triste novamente. Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente a visse tão livre, tão forte e tão indiferente, como nesse último ano....eu achei que quando eu sentisse o fim de algo que nunca realmente começou, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias. O choro deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência... pra que chorar por algo que não se tem certeza, não é? Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada. Todos os dias eu quase ligo pra ela, eu quase consigo ser leve e dizer: "Ei, não quer conhecer minha casa nova?" Eu quase consigo trata-la como nada. Como uma simples conhecida. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui ama-la exatamente como ela era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra ela que meu fim de amor também não consegue ser inteiro...
Amor? Será? Saio do devaneio e resolvo falar com minha mana.
Ligo pra Clarisse, contando a novidade:
- Ei mana, tudo bem? Consegui que Victor me vista amanhã. Oxe, fiquei até meio assim, ele aceitou tão rápido.
Clarisse da uma risadinha do outro lado. Não entendo muito bem o porquê, mas decido não dar importância.
- Otaria, que bom que conseguiu. Tem que ir bem linda, né? Palco tão maravilhoso, só artista top. - Clarisse parece cochichar.
- Por que você tá tão estranha, Clarisse? Tá aprontando, é? Oxê....
- Para de besteira, Carulina, é que tô fazendo um negócio 'nestante' aqui, dai to concentrada. Te ligo mais tarde. Bj, otaria. Lhe amo.
- Tá bom. Lhe amo too.
Desligo o telefone com o coração um pouco ansioso, sem nem saber o motivo. Deve ser o carnaval, uma das épocas que mais gosto na vida!POV - Clarisse.
- Porra, Victor é do caralho mesmo, viadonnnnn. Eu sabia que ele ia abraçar o reencontro gafish sem pestanejar. Tá ouvindo, Sérgio? - cutuco o ombro do meu boy biscoiteiro, que só quer saber de ficar no Twitter.
- Foi, amor? Oxe, amanhã vai ser massa demais. Tomara que as meninas se acertem. O fandom todo tá em peso no Twitter, sempre falando delas.
- Não abra o bico nessa rede social, viu, biscoiteiro? É tudo surpresa. - digo séria, para que ele leve ao pé da letra.
- Podexa, eu só falei pras meninas do Gafish oficial, mais ninguém.
Meu coração vem na garganta. Tenho certeza de que minha pressão baixou, já que meu bigode tá suando gelado e minhas mãos tão formigando.
- Você o quê, Sérgio do caralho?
- Tô mangando, é brincadeira. - Sérgio ri e eu finalmente consigo respirar.
- Vá pra porra!Com o esquema todo armado, Clarisse contou com a ajuda de Victor e Nati, amiga de infância das irmãs Peixinho, para tornar o dia mais normal possível. Ainda em contato com Guilherme, o produtor, tratou de sanar logo a dúvida com sua irmã:
- Ei, mana... e Felipe? Felipe vem?
- Ele me mandou mensagem dizendo que ama o carnaval de salvador, mas parece que vai ter que trabalhar lá no Rio. - Peixinho deu de ombros- Pra falar a verdade, eu achei foi bom.
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA. MASSA!
Carolina olha pra ela sem entender todo aquele entusiasmo, mas ri da espontaneidade da irmã.
Clarisse não sabe mesmo se conter. Todos os músculos de seu corpo, se falassem, estariam gritando agora mesmo: GAFISH É REAL, GAFISH É REAL. Só ela sabia o tanto que teve que correr para organizar esse reencontro improvável.
Na verdade, Clarisse também estava insegura com tudo isso. Mesmo tendo certeza dos sentimentos da irmã, em um ano, Carolina nunca falou com todas as letras sobre isso com ela. Clarisse sabia o que via, o que sentia, mas não havia nenhuma certeza vindo da mais nova. Tinha medo de estar forçando uma situação embaraçosa, mas quando soube do aceite de Gabi, que Guilherme frisou dizendo: "Gabriela aceitou sem titubear, disse que não cobraria um real para cantar", Clarisse tinha quase certeza de que era a coisa certa a se fazer. "Talvez elas só precisem de um empurrãozinho", pensou ela.
Victor e Nath eram gafishers desde sempre e conseguiram fazer de Lívia Cady mais uma entusiasta desse reencontro. Todos agiam de forma natural, o que fez Carolina ficar à vontade de ir ao evento. Eles tinham um grupo juntos, onde Carolina fez questão de confirmar a presença (já confirmada tantas vezes) de seus amigos no evento:OS + TOP DE SALVADÔ
Carolina🐠: Vamos todos, né?
Lívia Cady 🌸: oh yessss. Não perco por nada.
Clarisse 🐠: KKKKKKKKKKKK
Victor 💃🏽: Nem eu.
Nath 🌊: Tô colada, paêê!
Carolina🐠: Tá rindo de quê, otaria?
Clarisse 🐠: Me erre, Carulina. Oxê.Assim, combinaram os horários e Clarisse ficou encarregada de pegar sua irmã mais nova e todos os outros integrantes no horário marcado.
DE VOLTA A SÃO PAULO.
Gabriela sabia que não podia contar seu plano a Eliara e muito menos a Low. Mesmo que elas não tivessem mais nenhuma relação afetiva, ainda existia uma resistência enorme de seus amigos a uma possível reaproximação de Carolina Peixinho. Tratou de se recompor e respondeu a amiga:
- Eu fiquei um pouco nervosa de cantar num evento tão grande. Significa muito pra mim, acho que tive uma crise de ansiedade. - Gabriela diz, enxugando o resto das lágrimas com a manga da blusa.
- Caralho, Gabi. Você não pode surtar assim! Não é disso que você quer viver?
- Eu sei, Eli. Eu sei. Mas o dia de amanhã significa bastante pra mim, um palco preto, com tanta gente talentosa e eu como artista principal.... surtei, surtei.... normal! Mas já passou.
Gabriela se levanta do chão, visivelmente menos perturbada. Suas malas estavam prontas e elas seguem até o aeroporto.
No salão de embarque, o frio na espinha de Gabriela é recorrente. Seu voo é chamado e ela simplesmente diz:
- AI BAHIA! TO CHEGANI!
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Na contramão.
FanfictionEssa é mais uma história #gafish? Não! Na verdade, esse é o BBB que todas nós, Alices, gostaríamos que tivesse sido. Nessa fic, vou usar tudo que aconteceu na casa mas que poderia ter sido abordado de forma diferente. Eu quero alimentar as Alices d...