erro

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Primeiro que eu nem devia 'tá aqui
Segundo 'cê não tinha que ligar pra mim
Mas você ligou e eu atendi
Eu penso não, mas falo sim 🎶

    Marília Mendonça- Bem pior que eu

                            ****
Estou deitada na cama e olhando para o teto, pensando mais uma vez na desistência desse quase relacionamento, com um homem que nunca vai ser inteiramente meu.

Isso tem que acabar. Eu não quero mais viver desse jeito. Eu não preciso disso, eu mereço mais que migalhas de alguém. É isso, vou acabar com isso.

Alguns minutos se passam e meu celular começa a tocar na mesinha do lado da cama. E eu me arrasto pelo colchão para chegar até o insistente celular. Não pode ser! Tão cedo assim? Meu coração acelera e começo a tremer. É agora!

- Alô?

-Zara, eu preciso muito de você hoje. Se possível agora. -Ele está ofegante, parece que correu quilômetros até achar o celular paga me ligar.

-Alexandre, escuta...eu estive pensando e acho que devemos...- tento com muito esforço concluir, mas meu coração dói e as palavras somem do meu sistema.

-Não. Eu sei o que você ia dizer, e você sabe que nós, isso que temos, é inevitável. Agora, por favor, me deixe te encontrar, eu realmente preciso de você. - ele solta um suspiro pesaroso após terminar sua fala.

Eu não sou capaz de resistir as suas suplicas, é mais forte do que eu. E como ele mesmo diz, nós somos inevitáveis.

-Tudo bem. Venha em trinta minutos.-Respondo já derrotada por mim mesma, mais uma vez.

-Ok. Eu estou com saudades, Sunflower. - Ele me chama pelo apelido que criou para mim, logo quando nos conhecemos. É o apelido que mais amo, dado pela pessoa que mais amo no mundo. Mas que eu não deveria amar.

-Eu também. - encerro a ligação e me dirijo ao banheiro para tomar banho.

Hoje é a décima vez que decido terminar tudo, e também, o tempo mais rápido que voltei atrás. Eu não sei o que acontece, eu simplesmente não consigo deixá-lo. Algo no jeito dele mexe comigo, com as coisas mais profundas dentro de mim. E quando eu o olho, quando estou entre seus braços, eu sinto que ser errada é tudo que posso ser, se for pra ter ele comigo.

                              ×××

Me olho no espelho e analiso meu vestido branco com pequenas flores azuis em volta. Estou bonita. Meus cabelos loiros estão soltos e minha boca com um leve batom rosinha.

Olho o relógio e já deu o tempo que dei. Agora é só esperar. Vou até a cozinha tomar um pouco de água, quando escuto o toque da campainha ressoar pela casa. É ele.

Faz dias que não o vejo. Ele virou praticamente tudo que eu tenho. Mas me dói saber que esse tudo, é só da minha parte.

Sigo até a porta confiante, ao menos tento parecer. Ele não pode saber que sou tão fraca e iludida por ele. Eu não vou demonstrar. Abro a porta e o vejo parado me olhando. Sua barba está maior, em contraste com o cabelo aparentemente recém cortado. Ele é lindo. Acho que eu não poderia escapar nem que me dessem todas as armas possíveis para combatê-lo, ele é forte demais para mim.

-Que saudade, meu Sunflower. - Ele entra que nem um desesperado e me abraça forte. Eu quase posso acreditar que tudo é real. Que eu não sou sua amante. É tudo fodido demais, mas como eu disse antes, sou fraca para me desfazer da minha fantasiosa idéia de amor. Fraca para me desfazer dele.

-Eu não via a hora de te ver, meu bem. - E assim, consumamos nosso erro. Comigo amando e me culpando quase que na mesma intensidade.


Sunflower= girassol

30 minutosOnde histórias criam vida. Descubra agora