30 minutos

Madrugada

400 visualizações, estou muito feliz!!! Obrigada gente, de coração. Continuem acompanhando a história. Fico imensamente grata ❤
                        

Três anos atrás...

Sabe quando você se sente atordoada e não entende nada que está acontecendo a sua volta? É assim que eu me sinto. Não estou conseguindo raciocinar direito e minha mente parece rodar.

Encontro o banheiro e entro rapidamente. Me olho no espelho, constando o que eu já imaginava. Cara de assustada e pálida. Abro a torneira e passo um pouco de água no rosto. Eu sei que pode parecer uma reação exagerada da minha parte, mas são coisas que estão invadindo a minha mente, e eu simplesmente não consigo decifrar aquele homem.

Ouço a porta abrindo e Clara entra com uma expressão preocupada.

-O que houve, Zara? Você saiu praticamente correndo de lá...

-Desculpa, só não estou me sentindo muito bem. Acho que eu vou para casa.- Explico, com a voz meio perdida.

-O que está sentindo? Vamos ao médico e...- ela fala tudo muito rápido e a interrompo.

-Não, amiga. Não é nada demais, apenas um mal estar. Não se preocupe. - Digo para que ela fique tranquila.

-Ok, então. Você irá voltar com o Guilherme?

-Eu não queria atrapalhar a noite dele, indo embora tão cedo. Ele está gostando muito de tudo, não quero que ele vá embora por minha causa. Vou chamar um táxi.

-Nada disso, eu te levo!Não quero que você passe mais mal ainda no caminho e não tenha ninguém conhecido para te ajudar.- ela diz solicita e eu resolvo aceitar. Se ela soubesse do que se trata meu mal estar...eu sou realmente péssima.

-Tudo bem, vamos! - falo e saímos do banheiro.

Chegando perto de onde eu estava, avisto Guilherme, que já vem na nossa direção.

-Zara, o que houve? Você está bem? - pergunta todo preocupado, segurando uma das minhas mãos. Tão fofo! Não mereço nem mesmo ele.

-Na verdade, não. Acho que vou embora.

-Vamos, então.

-Não, não. Clara vai me levar, já combinei com ela. Não quero que você perca sua noite por causa de mim. - Digo e ele me olha confuso.

-Mas nós viemos...- o interrompo.

-Não tem problema, Gui...aproveite o fim da noite. A comida parece está muito boa, você não pode perder! - digo tentando soar animada e pisco para ele.

-Bem, você sabe, eu iria sem problemas. Mas se quer tanto que eu fique, eu fico...- Diz compreensivo, como sempre. Se minha cabeça não estivesse tão confusa, com certeza, todo o meu tempo seria destinado a ser gasto com ele...

-Muito bom, Gui. A gente se vê amanhã. Beijo. - Me aproximo mais dele e beijo sua bochecha.

-Tchau, Za. - se despede e beija o canto da minha boca. Sorrio para ele e vou me despedir de Judith e Mateus. Logo depois caminho com Clara para a saída. Não vi Alexandre quando fui falar com os pais dela, Graças a Deus!

No caminho, Clara passa o tempo todo perguntando como eu estou. E eu apenas respondo o mesmo de sempre, que não é nada demais. Pouco tempo depois chegamos e eu começo a me despedir. Só quero pular na minha cama e apagar até amanhã.

-Tchau, amiga. Obrigada mesmo pela carona. Já estou bem melhor, só preciso de banho e cama. - falo e sorrio para ela.

-Tchau, Zaza. Se cuide, por favor! Sabe como fico preocupada. Amanhã de manhã te ligo. Bom descanso. - ela diz e vem para perto de mim, me abraçando. A abraço de volta, com o coração apertado.

-Certo. Beijo. - me despeço de vez e desço do carro, seguindo para a entrada do prédio onde eu moro.

Quando chego em casa, começo a tirar meus saltos na sala e os deixo jogados lá, seguindo para meu quarto. Chegando lá, arranco meu vestido fora e corro para o banheiro. Mudando a temperatura do chuveiro para gelada. Espero que pelo menos isso esfrie um pouco a minha mente...

Durante o banho, penso em como a vida de alguém pode mudar de uma hora para outra. Digo, quando eu estive em uma situação dessa durante meus 23 anos de idade? E desde quando eu me tornei uma mulher tão temerosa e apavorada só de olhar para um cara? Eu não sou assim, não me sinto bem assim. Eu não faria mal a minha melhor amiga, nunca mesmo e, eu não sei porquê o próprio Marido dela está querendo fazer isso...é tão ruim! Se o que eu estiver pensando e vendo não forem coisas da minha cabeça, eu preciso dizer para que ele pare. Ele nunca vai ter de mim o quer, se quiser mesmo alguma coisa. Argh, estou tão confusa!

Depois do banho, que durou mais tempo que o esperado. Me enxugo e vou procurar minha roupa de dormir. A acho e já visto. Meu velho e bom blusão de dormir. Visto uma calcinha preta com poucos detalhes em renda e me forço a pentear meus cabelos antes de cair na cama.

Depois de tudo feito, me permito fazer o que eu estava pensando. Me jogo na cama e agarro o lençóis. Essas horas que eu gostaria de ter um bichinho de estimação para me fazer companhia. Quem sabe eu não adote um? Seria bom...

Com esses pensamentos, acabo caindo no sono, sendo despertada um tempo depois, pela campainha tocando. Acordo desnorteada, tentando me situar com o tempo. Estico minha mão e acendo o abaju, já olhando em volta para ver se acho minha bolsa, que contém meu celular dentro.

Levanto rápido da cama, após localizá-la perto da porta do quarto. Devo ter jogado-a ali, quando cheguei. Ando até lá e pego meu celular, para olhar a hora. Arregalo os olhos, constatando que são três hora da madrugada. Quem viria a minha casa esse horário? Se fosse Clara ela me ligaria, minha mãe não está na cidade, tia Carmem também não, Guilherme não viria agora, nem Fatinha...então quem? Será um ladrão? Ai meu Deus!

Ando pela sala silenciosa, tentando escutar alguma voz do lado de fora, mas tudo que escuto é o toque da campainha incessante. Minha porta infelizmente não tem olho mágico, então não posso ver quem é antes de abrir. Sendo assim, vou até a cozinha e pego uma frigideira de dentro do armário. Se for alguém ruim, vou usar isso como uma arma. Seja o que Deus quiser!

Me encaminho de volta para a sala e chego perto da porta. É agora! Abro bem devagar, ficando um pouco atrás, esperando a reação da pessoa do lado de fora, mas nada vem. Decido então aparecer de vez, levantando a frigideira com a mão direita e com os olhos fechados. Que inteligente, Zara! Sinto uma mão tentando baixar o braço que porto minha arma e abro os olhos na mesma hora, tomando um susto instantaneamente.

-Alexandre?!