o sossego, cadê?

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Três anos atrás...

-Clara? Que surpresa! - pergunto desconversando. Não quero contar isso para ela agora, Clara é extremamente preocupada, é capaz de pirar mais do que eu.

-Desculpa entrar assim, amiga. Pensei que estava em horário de almoço e como não tinha ninguém na recepção, quis entrar e fazer uma surpresa. - Ela sorri animada e eu sorrio junto.

- Não precisa pedir desculpas, amiga, adorei que tenha vindo. Como vai, Alexandre? - Pergunto educada. Mas com o coração aos pulos. Deve ser pelas mensagens ou porque ele está me olhando daquele jeito estranho de novo. Merda, Zara, é óbvio que é por conta das mensagens, não tem ninguém te olhando assim não!

-Vou bem, obrigado - Ele diz com aquele sorriso bonito e coça a barba em um gesto que eu acho sexy. Pare agora com isso, Zara!

-É..vocês querem um café? Vou pegar um cafezinho para vocês, já volto. - Fatinha nem espera uma resposta e sai como um vulto da sala.

Sorrio sem graça pelo comportamento um tanto doidinho da minha secretária. Coitada, deve estar nervosa também.

-Desculpa por isso, ela é elétrica assim mesmo. Então, qual a honra dessa surpresa, Clarinha? - Ela senta na cadeira em frente a minha e cruza as pernas me olhando. Está fazendo suspense.

-Meu pai conseguiu o contato de um corretor e ele vai nos mostrar algumas casas amanhã. Vim lhe perguntar se você não queria ir nos ajudar. - Ela diz animada. E eu me pergunto se isso não deveria ser algo exclusivamente da opinião do casal, mas acabo por responder:

-Claro, eu vou, sim. Qual o horário? Tenho algumas coisas para fazer aqui pela manhã. Poderia ser no horário de almoço? Podemos almoçar juntos e ir.

- Ótimo, você é demais, Zaza. Nós temos que ir agora, vamos olhar umas coisas do restaurante do Alexandre. - Ela levanta e eu também.

-Certo, até amanhã então. - me aproximo e lhe dou um abraço. -Tchau, Alexandre. -aceno com a mão para ele e sorrio.

-Tchau, Zara. - Ele sorrir também e sai na frente.

-Falo contigo a noite, beijo.- Clara diz e vai saindo também.

-Beijo.

Me sento novamente e começo a pensar nos acontecimentos de agora a pouco. Que doidera. Penso também que Fatinha pode ter ido tomar café também e ter se engasgado com ele, por que até agora não voltou. Um tempinho depois a dita cuja entra na sala, mas sem os cafés.

-Pensei que tinha morrido, Fátima de Lourdes. Cadê os cafés?

-Não me venha com isso de falar meu nome todo. Eu vi que eles saíram e não trouxe mais. - Ela da de ombros e olha a hora no seu relógio de pulso.

- E por que demorou? Eu não mereço um café também?

-Demorei porque fui encomendar nosso almoço, temos 10 minutos, mas é aqui perto, logo chega. E sobre o café, você merece um almoço, e eu também. Estou varada de fome.

-Acho que perdi a fome depois de tudo isso. - digo com um tom de tristeza.

-Ei, pode parar com isso. Nós iremos dar um jeito nisso. Além do mais, já pedi, você irá comer, sim. - Ela diz toda mandona.

-Eu devia te demitir, sabia? - olho pra ela e sorrio.

-Devia, mas não vai, você não vive sem mim. E eu, pelo menos cuido de você. - ela diz sorrindo e eu concordo.

- Nisso você tem razão.

-Eu sempre tenho, meu amor.

E o resto do dia correu bem, sem muito estresse. Bem, só o dia mesmo. Porque a noite eu quis jogar meu celular para bem longe de mim.





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