o que aconteceu aqui?

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Três anos atrás...

Acho que já se passou alguns minutos, com Alexandre segurando minha mão e me olhando fixamente. Ainda não falei nada.

Eu ser amante? Esperar tudo se resolver depois?

-Você não precisa me responder agora. No seu tempo, ok? Eu vou esperar por você...

Ele fala novamente e minha mente dá um estalo.

-Eu preciso ir embora. Terminamos essa conversa por aqui, Alexandre. - levanto da mesa mais nervosa do que quando sentei.

Preciso respirar longe daqui.

Quando me viro para sair, sinto sua mão na minha, a puxando levemente. Seu olhar é amoroso. Mas isso não pode ser possível.

-Por favor, pense. Eu sei que tudo isso vai se resolver. Não desista da gente.

-Não pode existir nós dois, Bonard. - minha voz sai trêmula mais uma vez. Consigo me livrar de suas garras atraentes e mais corro do que ando, até meu carro.

Entro no carro e bato no volante, frustrada.

Puta merda! Por que eu não falei tudo que planejei? Por que ele tinha que falar aquilo tudo e me fazer uma proposta tão imoral?

Por que, senhor?

A minha vida se tornou uma lamentação sem fim. Por pura e exclusivamente minha culpa. E dele também.

Eu avisei! É, tem razão, infelizmente.

Balanço a cabeça quando minha loucura me faz conversar comigo mesma e dirijo até meu apartamento, antes de confirmar meus compromissos apenas para segunda com Fatinha.
                             ********

Quando estou chegando perto do elevador, as portas começam a fechar, mas por sorte alguém segura para mim.

Guilherme.

Sorrio agradecida para ele e entro, apertando o botão do nosso andar.

-Bom dia, Zara. Como você está?- Pergunta, simpático como sempre.

-Acho que bem. - respondo e o olho melhor. Está bonito, com sua roupa social do trabalho e cabelos levemente espetados.

-E por que acha?

-Muito trabalho e coisas na cabeça. Mas tenho certeza que vai dar tudo certo. - Queria ser confiante assim.

-Tenho certeza que, sim. Você é muito boa no que faz. Já almoçou? Jurei ter te visto em um restaurante hoje.- ele me olha estranho. Sinto uma coisa diferente, não sei explicar.

Será que ele me viu com o Alexandre? Não quero acreditar.

Me apresso em responder, mentindo na cara dura.

-Não verdade, eu vim da empresa direto para casa, acho que vou pedir algo para comer por aqui mesmo. - me enrolo um pouco na fala e ele parece avaliar mais ainda minhas expressões.

Preciso me controlar.

-Acho que era alguém muito parecida com você. Estava até acompanhada de um homem. - meu ar evapora. Puta que pariu!

Quando vou deixar de ter esses ataques internos? Quando você deixar de ser trouxa, sua louca!

-É...é...se enganou mesmo. - inevitavelmente gaguejo. Ele parece ignorar minha reação nada implícita e eu não entendo o porquê.

Nosso andar chega.

-Sim, claramente foi isso. Tenha um bom dia, Za. Posso entrar em contato depois? - sorri amigável, mas não parece muito sincero.

Ele viu, tenho certeza!

-Claro, claro que sim. - respondo e ele vem até mim, me dando um beijo na bochecha e saindo na frente.

O que aconteceu aqui?

Alguém tá começando a se enrolar e o bafafá mal começou!

Qualquer erro ajeito logo mais.

30 minutosOnde histórias criam vida. Descubra agora