De novo

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Três anos atrás...

O horário de irmos até a nova casa da minha  amiga chega e Guilherme bate na minha porta na hora combinada.

-Você sempre consegue ficar mais linda a cada vez que eu te vejo, Za! - ele fala assim que abro a porta. Sorrio para ele.

Estou com um vestido vinho justo ao corpo e com um discreto decote nos seios. Me sinto bem.

- Obrigada, lindo. Você também consegue essa proeza. - digo piscando o olho e ele solta uma pequena risada. Está lindo mesmo, com uma blusa social branca, com alguns botões abertos e uma calça que eu chamaria de sensacional.

-Quem me dera. Então, vamos? - afirmo com a cabeça e passo pela porta, trancando logo em seguida.

Conversamos animadamente no caminho e em pouco tempo, chegamos.

Guilherme desce primeiro e vem ao meu lado do carro, abrindo a porta para que eu saia. Isso foi fofo e gentil. Não que eu não possa sair só do carro, mas eu gostei da atividade dele.

-Você é um cavalheiro, Gui. - ele apenas sorri e pega a minha mão, indo tocar a campainha.

A porta abre e uma Clara animada nos recebe.

-Até que fim, amiga! Pensei que você não viria, anda tão estranha esses dias. - ela diz e logo vem me abraçar. Acho que não viu Guilherme ainda, por tanta euforia da sua parte.

-Você sabe, trabalho e mais...

-Trabalho. - completa a frase e me solta, revirando os olhos. Rio disso. Tão boa...

Queria que eu estivesse estranha só por isso mesmo.

Ela olha pro lado e finalmente percebe a presença de Gui.

-Gui? Que surpresa! Vocês dois, em? - Clara diz e nos olha maliciosa. Já sei que não vou conseguir escapar das inúmeras perguntas.

-Oi, Clara. A Za me convidou e eu...

-Za? Nem precisa terminar, estou adorando isso. Entrem, entrem! - E assim entramos. E o sorriso que eu estampava no rosto logo morre, ao ver Alexandre em pé, com uma taça de vinho na mão, a outra dentro do bolso de sua calça social e um sorriso no rosto.

Eu quero morrer agora. Porque o que eu senti ao ver essa cena bem na minha frente foi um pecado, um grande pecado.

-Zara trouxe um convidado, amor. Olha só quem é! - Clara continua numa animação só e, eu só quero fugir, pelo o olhar que o italiano lança. Mas não foi você que inventou de trazer o Guilherme para a noite ser mais fácil? É, preciso encarar.

-Oi, boa noite, Alexandre. - Gui se aproxima dele e estende a mão para cumprimenta-lo. Alexandre tira a mão que estava no bolso da calça e aperta a dele de volta.

-Boa noite. - Sorri breve para Gui e logo se direciona a mim. - Olá, Zara. - estende a mão.

Firme, se mantenha firme.

-Olá. - solto meu sorriso mais falso e aperto sua mão. Ele me olha de um jeito intenso e eu solto sua mão rapidamente.

-Bem, preciso da minha amiga agora. Que tal os rapazes ficarem aqui enquanto nós vamos lá em cima rapidinho?- Clara chega perto de mim e já vem me puxando. Graças a Deus.

Eles afirmam com a cabeça. E quando estamos subindo a escada, escuto Alexandre dizer "Então, corretor, você gosta de vinho?"

Que filho da mãe! Insiste em chamar Gui assim.

Não consigo ouvir a resposta do outro porque Clara me chama mais a frente. Acho que ela não escutou o mesmo que eu, então.

Chegamos ao quarto que parece ser o do casal. É tudo muito lindo e sofisticado, com cores bonitas e combinadas. Tudo muito a cara de Clara.

- Está tudo lindo, amiga. A casa já estava linda, mas você deixou ainda mais. - Elogio, olhando ao redor.

-Obrigada. Vou só precisar da sua ajuda com o closet. Não quis chamar alguém de fora para ajudar nisso. Quis te chamar, como a gente fazia antes. - ela diz nostálgica. Sorrio.

-Isso é ótimo, amiga. Eram bons tempos e a gente mais conversava do que arrumava tudo. - rio com a lembrança e ela também.

-Falando em conversa, me conte tudo que está havendo entre você e Guilherme. - E assim, nós começamos a arrumar e eu lhe conto como as coisas estão indo.

Estamos na metade do processo de arrumação e de uma Clara extremamente feliz com as coisas que estou contando, quando alguém aparece onde estamos.

-Desculpa interromper, meninas, mas eu já terminei o jantar. Não querem ir logo? -Alexandre pergunta e eu evito olhar em sua direção, guardando uma peça de roupa.

-Claro. Vamos, amiga. - Clara vai na direção dele e segura sua mão. Eles saem na frente e eu os sigo.

Chegando lá embaixo, avisto Guilherme sentado no sofá, segurando uma taça de vinho. Ele me olha inquieto.

Me aproximo dele, pondo a mão em seu ombro esquerdo.

-Você está bem?

-Sim. Mas com o pensamento de que preciso aprender a língua italiana. Aquele cara conseguiu me deixar confuso, ele resolveu não querer falar muito português comigo. - diz frustrado. Eu rio.

-Você é muito fofo quando está meio frustrado. - ele me olha sério e pigarreio. -Relaxa, Gui, ele só deve está querendo te intimidar, não liga.

Ele levanta e concorda comigo, a contragosto.

-Certo. Então vamos. - segura minha mão e vamos até a sala de jantar, onde Clara e Alexandre já estão sentados.

Nos sentamos na mesa, um ao do lado outro, com Clara na nossa frente e Alexandre na ponta da mesa, perto de Guilherme.

-Vocês ficam tão lindos juntos! - Clara diz e eu me sinto meio envergonhada e tensa ao mesmo tempo.

-É o que eu digo. - Gui brinca e Alexandre pigarreia, falando logo em seguida:

- Vamos começar o jantar? - E assim, todos começamos a comer. O jantar é regado de conversas entre Clara, Guilherme e eu. Alexandre permanece calado, falando apenas quando lhe é perguntado algo.

Sinto seu olhar me queimar por todo o momento. Me sinto sufocada e ao mesmo tempo excitada com sua presença. Não sei o que é isso, o cara que tenho me relacionado ultimamente está bem ao meu lado e ainda, sim, sinto-me dessa forma.

-Gente, o jantar estava ótimo, mas sabe o que queria agora? Um sorvete de chocolate. Estou desejando! -Clara se manifesta, após terminarmos o jantar.

-Cairia bem mesmo. - digo, concordando com ela. Sorvete é sempre bom.

-Quem deseja ir comprar? - ela pergunta, num tom brincalhão.

-Eu posso ir! - Alexandre e eu respondemos no mesmo momento. Puta merda mil vezes!

-Dois então? Que ótimo! Estava com preguiça mesmo. Vão lá, eu e o Guilherme ficaremos dando um jeito aqui para quando voltarem. - Não, Clara, isso é péssimo!

-Ele pode ir... -Gui me interrompe.

-Vai lá, linda. Eu vou estar aqui quando voltar. -Ele pisca pra mim e sorri. Ele também é tão bom...

E eu estou numa furada. Olho para o lado e não vejo mais Alexandre, mas segundos depois, ele aparece segurando a chave do carro.

-Então, vamos?- me olha e sinto muita coisa escondida através do seu olhar.

O que eu fiz, meu Deus? Vou estar dentro de um carro com ele de novo. É demais para mim.

Eita que parece que o povo empurra! Kakaka

Qualquer erro, ajeito logo mais.

30 minutosOnde histórias criam vida. Descubra agora