Eu sabia...

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Três anos atrás...

-Zara! Minha filha, você está bem? -Minha mãe corre na minha direção e logo depois os outros estão próximos também.

-Eu..eu só me deu uma tontura. Acho que foi porquê devo ter levantado rápido, não sei... -Invento uma desculpa esfarrapada e levanto o olhar, com a mão cobrindo parcialmente meus olhos.

-Oh, vamos entrar e tomar uma água, querida. Vou com você! - É a vez de judith falar.

-Não precisa se incomodar, Ju, estou bem. Consigo ir só. Clara, pode tentar tirar meu celular da piscina enquanto eu volto?- pergunto para ela e nem sei como consigo fazer tal coisa. Estou praticamente paralisada, por dentro e por fora.

-Claro amiga. Vai lá, não tenha pressa, a gente te espera mais um pouco para o almoço. - Como alguém pode fazer mal a ela? É tão boa...sorrio levemente e levanto devagar, torcendo para não cair com a bunda no chão. Minhas pernas estão bambas.

-A carne, homem! - Judith grita e vejo Matheus correndo para a churrasqueira. Aproveito essa distração de todos e sigo para dentro da casa, a procura do banheiro.

Quando entro no mesmo, sigo para a pia, afim de molhar meu rosto. Terminando de fazer isso, me olho no espelho e constato o que eu já esperava. Cara pálida e expressão tensa. Como eu não percebi o que estava tão na cara? Esse homem...ele é tão...eu nem consigo definir direito! Argh! Eu queria tanto que isso fosse um pesadelo, que não existisse esse homem, essas mensagens, que isso não fosse uma merda completa!

E agora? O que vou fazer? Como me livrar disso? E como ele tem a porra do meu número?

Enxugo meu rosto e saio do banheiro, indo agora para a cozinha. Talvez uma água com açúcar, ajude acalmar meus ânimos.

Chego na cozinha e está vazia, deve ser folga dos funcionários hoje. Procuro pelo açúcar e quando encontro, misturo com água e tomo. Quando estou termiando de beber, quase ponho tudo para fora, ao escutar a voz de Alexandre atrás de mim.

-Está nervosa, Zara? - Estou de costas para a porta e de frente para para o balcão. Minha mão travou com o copo e não consigo respirar direito. Ele está praticamente colado ao meu corpo. Sem blusa.

-Por que acha isso? -minha voz sai por um fio. Nunca estive tão nervosa na vida. Coloco o copo que está nas minhas mãos com cuidado em cima do balcão, para não quebrá-lo.

-Só me parece...- sinto sua respiração no meu ouvido e me viro bruscamente, o encarando, meu peito subindo e descendo com dificuldade.

-É você, não é? Que anda me mandando aquelas mensagens descabidas? - pergunto e aponto um dedo para ele.

-Por que ainda pergunta se já sabe a verdade? - ele sorrir para mim e eu não posso acreditar no que estou vendo. É muito descaramento!

-Mas você só pode ser maluco mesmo. Como ousa agir tão naturalmente? Não tem amor pelas pessoas, por sua esposa?- estou a ponto de ter um treco e minha voz está se elevando mais do que eu gostaria.

-Claro que tenho. Mas como eu te disse, isso aqui - aponta de mim para ele- está sendo inevitável. - diz e se aproxima mais, colocando suas mãos grandes e fortes na minha cintura. Meu Deus!

Puxo suas mãos de mim com força mas ele volta para a mesma posição, em questão de segundos.

-Me solte seu descarado! Sua mulher está lá fora! Eu vou contar tudo, ouviu? - falo possessa e ele rir. Quê?

- Você não vai fazer nada. Porque você também me quer. É algo que seu corpo não nega. - ele me aperta mais ainda e em seus olhos, vejo determinação. O empurro mais uma vez e respiro com dificuldade.

-Eu não quero nada com você! Pare com tudo isso, pelo amor de Deus. E como você tem meu número? Não tem porquê Clara ter te dado assim...

-Ela não me deu nada. No dia que ela me pediu para te ligar, no final de semana passado, eu peguei. - fala tranquilamente. Como ele consegue?

-Você não escuta os absurdos que diz? Quero que pare agora. E saiba que a Clara vai ficar sabendo. - Decreto e começo a sair da cozinha, mas ele me para e me empurra de encontro ao balcão novamente.

-Não faz assim, Zara...eu sei que você quer, ceda para mim...- seu hálito na minha boca me deixa desnorteada, meu coração aos pulos.

-Por favor, pare... - eu não sei mais nem onde estou, pois ele começa a beijar meu pescoço. Cadê a garota forte, Zara?

-Ceda...- agora ele lambe onde trilhou beijos e eu sucumbo ao desejo. Entreabro meus lábios e ele entende isso como uma deixa, pois logo depois sua língua entra em uma batalha faminta com a minha. Eu não consigo sentir mais nada além das mãos dele passando pelo meu corpo e sua boca na minha. Gemo quando ele morde meus lábios e o puxo pela nunca, tentando me aproximar mais dele. Eu pareço uma desesperada.

-Eu sabia, eu sabia...- ele diz quando separa seus lábios dos meus rapidamente, para instantes depois atacar minha boca novamente.

Me sinto no céu, flutuando e vendo estrelas ao meu redor. Mas eu sei, que onde estou, está longe de ser o céu. Estou no inferno. Beijando o marido da minha melhor amiga, com todo ardor que há em meu corpo. E eu sei que estou queimando, a um passo de me destruir, mas esse fogo, esse pecado, nunca me pareceu tão tentador... Eu cedi. É isso que tenho a dizer. E agora não sei como eu posso voltar atrás. Ou se eu quero.

-Isso é tão errado...nós temos que...- paro de falar quando escuto passos vindo do lado de fora, próximo a entrada da cozinha. Me solto de Alexandre num pulo, com os olhos arregalados. Ele ajeita seus cabelos e me olha apreensivo.

-Saia daqui, pelo amor de Deus! - falo num sussurro desesperado e ele me olha uma última vez, antes de correr para outro cômodo da casa.

Tento acalmar minha respiração e ajeito meus cabelos e olho se está tudo certo com meu biquíni. Parece que vou ter um infarto, meu corpo todo está quente e meu coração batendo mais forte do que nunca.

Olho para o balcão e vejo meu copo com água e volto a beber. Preciso disfarçar e me acalmar.

-Zara? Está aí? Pedi para o Alexandre vir te chamar porque eu estava terminando de ajudar lá, mas não voltaram... - ela diz simpática e parece não desconfiar de nada.

-Ele pa...passou por aqui, mas como eu já estava terminando, ele disse que ia olhar algo lá no quarto de vocês. -gaguejo e ela me olha mais minusiosamente. Droga, Zara!

-Você está bem mesmo? Parece tão estranha...

-Estou sim, amiga. - digo com um sorriso forçado. Amiga? Como posso ainda chamar ela de amiga? Realmente...

-Espero que sim. Sabe que pode me dizer qualquer coisa, não é? - pergunta e vem para perto de mim, segurando minhas mãos e sorrindo compreensiva. Se ela soubesse o que tenho para contar...

-Cla..claro! - minha voz sai mais estridente do que eu gostaria. Ela me olha estranho e eu desvio o olhar. Não desconfie de nada, não desconfie de nada!

-Bem, vou atrás dele. Volto já. -Ela diz e segue na direção que Alexandre foi. Solto a respiração que eu nem sabia que segurava.

Saio da cozinha e minha cabeça começa a ser bombardeada de pensamentos.

Como eu pude? Eu sou uma pessoa horrível, não mereço uma pessoa tão boa como Clara na minha vida! Eu quero morrer!

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