Eu fui

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Três anos atrás...

Alexandre Bonard narrando

Eu nem acredito que ela aceitou me encontrar, me dar alguns minutos da sua atenção. Estou em êxtase!

Entro dentro de casa, com uma felicidade  espremida dentro do peito. Não posso expressá-la na frente da minha mulher.

Minha mulher! Como eu sou um filho da puta!

Tento expulsar esses pensamos e sigo em frente. Não vou parar agora, quando minha esperança de ter Zara só pra mim, aflorou mais do que nunca.

Todos já se encontram na sala de estar com taças contendo o sorvete. Acho que passei tempo demais no carro pensando no que aconteceu.

O corretorzinho de merda está ao lado de Zara, e seus dentes estão prestes a sair da boca, tamanho o sorriso que oferece a ela. Queria expulsa-lo daqui, tirá-lo de perto dela. Mas infelizmente minha condição não permite.

Mas esses pensamentos não saem da minha cabeça. Zara me deixa insano, com vontade de fazer loucuras.

O que me faz pensar que nunca me senti assim com Clara, com vontade de sair da zona de conforto e me atirar em coisas que nunca pensei.

Mas com Zara, sim. Ela me faz ir além. Estou confuso e minha loucura por ela só aumenta.

-Vem, amor, já deixei o seu sorvete preparado aqui. - Clara me mostra a taça que guardou para mim e me sento ao seu lado no sofá. Zara e Guilherme estão em poltronas na nossa frente.

-Obrigada, querida. - ela sorri carinhosa e beija meus lábios levemente. Ela ótima demais para alguém sujo como eu. Mas como sair disso? Eu não sei como, porra!

-Sorvete de chocolate definitivamente é o melhor. - Guilherme comenta e Clara e ele começam um assunto sobre sabores de sorvetes. Zara se mantém mais na dela, falando pouquíssimas coisas.

O final da noite chega e os convidados vão embora.

Só preciso esperar trinta minutos!

Subimos para o nosso quarto e Clara foi tomar um banho para se deitar. Enquanto isso preciso pensar em alguma desculpa.

Meu restaurante fica aberto até um pouco mais tarde da noite...e acho que já sei.

Ela sai do banho e vai até o closet vestir sua camisola e volta para perto de mim, sentando ao meu lado na cama.

-Me sinto cansada, mas acho que aceito alguns carinhos maliciosos do meu marido lindo! - fala toda manhosa me abraçando. Sou um desgraçado mesmo!

-Amor, eu queria muito te dar esses carinhos agora, queria mesmo, mas surgiu uma emergência no restaurante. Um cliente armou uma confusão com um dos garçons e eu preciso ir saber o que de fato aconteceu. - Falo da minha maneira mais convincente e acaricio algumas mexas de seu cabelo.

Ela faz uma cara triste mas me lança um olhar compreensivo.

-É uma pena, coloquei aquela calcinha que você gosta. -  ela sobe um pouco a camisola, mostrando sua calcinha preta rendada. Eu de fato gosto dessa calcinha. -Mas entendo que é necessário você ir agora.

Termina de falar e me beija levemente. Eu aprofundo o beijo. O meu beijo com Clara sempre se encaixa, mas nunca queima o corpo, a alma.

Eu simplesmente não me entendo.

Paro o beijo, a olho amorosamente e beijo sua bochecha.

- Me desculpe, amor. Preciso mesmo ir agora. - digo me levantando e olhando o relógio. Já se passaram vinte minutos.

-Claro, amor, sem problema. Espero que tudo se resolva por lá e que todos saiam intactos de lá! - brinca e lhe dou mais um beijo nos lábios, saindo logo em seguida.
                           *******
Paro em frente ao prédio de Zara, exatamente dez minutos depois. A meia hora que ela me pediu passou e eu saio apressado do carro.

O que será que me espera?

Minha entrada no prédio havia sido autorizada e minutos depois me encontro tocando a campainha do seu apartamento. Tomara que o corretor não esteja a espreita por aqui.

Toco a campainha mais uma vez e ela, enfim, me atende.

Ela me olha de um jeito intenso, dando reciprocidade ao mesmo jeito que eu a olho.

Entro quando ela abre espaço e quando estamos finalmente a sós, me vejo sem saber o que exatamente falar. Eu realmente não esperava que ela me pedisse para vir.

-Olha, eu quero que você...- tento falar mas ela logo me interrompe.

Zara me olha de jeito louco, que me deixa mais louco ainda. É surreal a energia parece fluir entre nós. Uma energia suja, de algo sujo, mas que me deixa mais vivo do que nunca.

-Não quero que fale nada. - Ela abre o robe preto, que até então estava cobrindo todo seu corpo bonito, e o deixa cair no chão. - Só venha até mim, Alexandre Bonard.

E que Deus me perdoe, mas eu fui. Eu fui e não voltaria atrás.

Qualquer erro, ajeito logo mais. Bjs

30 minutosOnde histórias criam vida. Descubra agora