Bella vita

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Três anos atrás...

- Então, você está tendo algo com o Guilherme? - Clara pergunta, enquanto estamos na cozinha bebendo um pouco de água.

-Nós nos esbarramos, literalmente, hoje a noite. E já tínhamos nos dado bem hoje mais cedo, quando estávamos olhando a casa. Ele é um cara legal e acabou rolando uns beijos. - tento conversar normalmente, mas a cena de minutos atrás me corroendo por dentro. Maldito italiano de uma figa!

-Aiii, que coisa boa, Zara! - ela solta um gritinho feliz.

-Ei, calma, amiga. - falo, colocando uma mão no seu ombro e sorrindo.

-Desculpa, é que faz algum tempo que você não me fala como anda sua vida amorosa. Só estou animada, ele parece ser um cara legal. - Ela diz, doce como sempre. Ela não merece nada de ruim, é tão boa. Me sinto mal por ela, por mim, por essa situação. Tenho vontade de matar Alexandre. Mas ainda preciso entender por que ele fez o que fez lá no banheiro. Ainda sinto a sensação do seu toque na minha pele e isso é errado, muito errado.

-Eu sei. Mas é que nesses tempos não tive nada demais com ninguém, que valesse a pena ser compartilhado. E Guilherme pode ser um caso assim também. Nos conhecemos hoje, ele é um cara legal, sim, mas nada para me iludir no momento. - digo sincera e ela me olha concordando.

-Tudo bem. Mas saiba que dou toda a força! - diz sorrindo e vem me abraçar.

-Eu sei que sim. - a abraço de volta e voltamos para a sala.

A conversa durou pouco tempo quando voltamos e Clara e Alexandre foram embora. Restando apenas Guilherme na sala.

-Bom, acho que já tenho que ir. Foi uma boa noite, apesar de tudo...- ele diz, sorrindo compreesivo e sem raiva no olhar, por não termos terminado o que havíamos começado. Graças a Deus.

-É, foi sim. - Mentirosa! - Obrigada pela bebida e por todas as coisas da noite. Você foi maravilhoso!- essa parte é verdade.

-Você também. - Fala e vem até mim, me dando um beijo no canto dos lábios. Como eu queria ter terminado essa noite de uma forma diferente...

O levo até a porta e trocamos um "Até logo". Espero que no resto da minha semana eu tenha um pouco de paz.
                            ***

A  quarta e quinta passaram rapidamente e a tão temida sexta-feira chegou. Clara veio me lembrando a todo momento que hoje seria a inauguração do restaurante do Alexandre e que eu não poderia deixar de ir. Já dei todas as desculpas do mundo para não ir, mas ela sempre vem com seus mil e um argumentos para me convencer.

E aqui estou eu, me arrumando para ir. Decidi vestir um vestido preto colado, com um decote na parte dos seios. É simples e bonito. Nos pés coloquei um salto também preto e um batom vermelho chamativo na boca. Optei por não colocar nenhuma maquiagem forte no rosto e me sinto bem assim, com meus cabelos soltos e todo o mais.

Vale ressaltar também que nos últimos dois dias tenho falado muito com Guilherme e o chamei para me acompanhar hoje. Ele tem sido ótimo comigo e me faz bem.

Me olho uma ultima vez e pego minha bolsa, saindo de casa. Guilherme disse que ia me levar, então sigo direto para o seu apartamento. Quando vou bater na porta, ele a abre no mesmo momento.

Lindo de morrer!

-Já estava indo te chamar. Está linda. - me elogia, com o seu costumeiro sorriso bonito.

-Você também. - sorrio de volta e o chamo para irmos.

O endereço que Clara me passou, não é tão longe de onde eu moro e logo chegamos ao local. O restaurante fica em um lugar movimentado e bom de São Paulo. Se chama Bella Vita e é lindo. Logo quando entramos, avisto Clara e seus pais, que me veem rapidamente também.

Chamo Guilherme pra irmos até lá e ele me acompanha.

-Oi, Judith, como vai? - abraço ela e trocamos beijos na bochecha.

-Bem querida, só cansada de ter que aguentar o Mateus ainda. - Ela fala e olha para o esposo. Eu rio, como sempre acontece quando estou perto deles.

- Eu estou bem aqui, Juju. - Ele contrapõe brincalhão, só para irritá-la - Oi, Zara. Como você está?

-Estou bem, Mateus. E você?

-Também, mas ainda tendo que aguentar Judith. - ele fala o mesmo que a esposa e eu rio mais. - Gilherme Freitas? Que surpresa, não sabia que estaria presente!- todos os olhares presentes caem em Guilherme, que até agora só observava tudo calado.

-Ah, oi senhor Maldonado. Zara me chamou para acompanhá-la. Somos vizinho agora. - ele responde simpático e todos começam a conversar. Clara que até agora estava calada, se aproxima de mim sorrindo.

- O que aconteceu com o "Não é nada demais", se você o traz para acompanhá-la? Já estou me iludindo, você sabe. - fala divertida e eu dou uma pequena risada.

-Pois não fique. É muito cedo para isso. Além do mais, ele é uma boa companhia, não tinha porquê não chamá-lo. - digo e ela balança a cabeça negativamente, como se não acreditasse em mim.

-Sei. Vou chamar Alexandre, já volto. - não faça isso!

-Certo. - respondo e já me sinto temerosa por ele se aproximar de novo. Ai que raiva!

Volto a me aproximar de Guilherme e os pais de Clara, me infiltrando no assunto deles. Eu só tenho que agir normalmente e não interagir muito com ele. Apesar de ser algo dele, só vim pela a minha amiga.

-Ciao, buona notte!-  Alexandre aparece, com sua voz bonita e aparência mais gloriosa ainda. Ele veste uma jaqueta de couro preta, blusa azul marinho e calça escura também. Ele deve gostar muito de azul, é a segunda vez que o vejo vestir algo nessa cor, e só consigo achá-lo mais lindo ainda a cada vez.

Aja normalmente, Zara! Mas como? Eu vim para festa de um diabo italiano, com feições bonitas e voz sedutora. É quase o pecado em plena carne na minha frente. Eu não sou tão forte!

30 minutosOnde histórias criam vida. Descubra agora