▸ genebra

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A percepção de que não estava tudo certo inicia no momento em que o mais velho acorda ainda cedo naquele dia, pois é nesse momento que ele nota o cacheado: sentado na cama com o notebook no colo enquanto escreve mais um artigo e com o celular desbloqueado ao lado, aberto no aplicativo de mensagens em que a última conversa fora com seu ex-namorado. Mas todas essas informações poderiam ser desprezadas com apenas um olhar à expressão do mais jovem, que estava com cenho franzido e os olhos verdes nebulosos como se escondessem milhares de pensamentos misteriosos.

Ele teclava com a metade da velocidade normal e estava parecendo fora de órbita, nem ao menos notando que seu companheiro já havia acordado durante os primeiros minutos antes que sua atenção seja chamada com um cumprimento cuidadoso do menor:

- Você está bem? – ele pergunta em sua voz mais mansa.

- Sim. Você? – Harry retribui com a voz mais lenta que o usual, mas seus olhos iluminam-se inconscientemente quando as esferas esverdeadas encontram as azuis. Ele acordara muito cedo, mas não foi capaz de voltar a dormir quando os pensamentos gritavam em sua mente, então decidiu que seria bom dedicar-se um pouquinho ao blog.

Louis concorda com um aceno antes de criar coragem de seguir ao banheiro e arrumar-se, também percebera que o cacheado já estava pronto para a viagem do dia e com a mala feita posta nos pés da cama.

Não demora muito até que o mais velho finalize sua rotina matutina e retorne ao quarto, já arrumado e irresistivelmente cheiroso, atraindo o olhar do garoto cacheado quando o cheiro chega a esse – o qual estava perdido em pensamentos enquanto observava a rua da pousada pela janela, ou fingia observar, pois estava encontrando dificuldades em focar num lugar em específico naquela manhã.

Jamais imaginara que o ar primaveril de uma manhã suíça pudesse causar tanta dor quando havia tanto tempo do acontecido, mas não é como se ele pudesse controlar seu coração e as emoções recorrentes de ter sentimentos. Entre o nada e a dor, ele ainda preferia aquela dor insuportável que parecia dilacerar seu peito a cada lufada de ar fresco que entrava em seus pulmões, pois aquilo mostrava que ele ainda era apenas um humano com sentimentos que, embora nem sempre agradáveis, ainda era o que lhe mantinha vivo.

Ele fornece um pequeno sorriso ao seu companheiro de viagem, guardando seu notebook cuidadosamente na bagagem de mão antes de deixá-la junto da mala, embora separe sua câmera e os documentos que utilizaria em breve:

- Ainda há tempo para tomarmos café-da-manhã antes de irmos para a estação – o maior ainda mantém aquele sorriso amistoso no rosto ao falar, mas o sorriso não chega a seus olhos e as encantadoras covinhas não aparecem em nenhum momento. Louis preocupa-se com aquele cacheado que aprendera a adorar profundamente.

- Aonde vamos hoje, H? – ele pergunta quando os dois deixam o quarto juntos, com sua mão repousada suavemente no final de sua coluna.

- Genebra – sua voz falha minimamente quando ele fala e ele fica arrepiado ao ter a mão do menor em si daquela forma, que era ao mesmo tempo protetora e possessiva, exatamente da maneira que ele mais gostava. Seu desejo imediato é ter aquelas mãos por seu corpo inteiro, explorando e tocando da forma como ele ansiava, mesmo que de forma inconsciente.

- Daquele filme do Diário da Princesa?! – a pergunta boba é feita apenas com o objetivo de arrancar um sorriso do maior.

- Aquela é Genóvia – ele explica pacientemente e um sorriso pequeno, embora genuíno, surge em seu rosto quando eles chegam à sala em que serviam o café-da-manhã. Tomlinson não diz mais nada, apenas retribui o sorriso com satisfação antes de passarem a servir a refeição pelo buffet da pousada.

ʟᴏᴠᴇ ᴏɴ ᴛʜᴇ ʀᴏᴀᴅ • ʟᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora