Flores de Inverno ♡ changki

Confiar e esquecer

Durante os dois anos em que esteve com Hyunwoo, o arquiteto havia criado diversos cenários sobre como encontraria Kihyun e de como seria aquele momento tão assustador para si. Na maioria deles, Minhyuk se via chorando, pedindo perdão para o homem que nunca chegou a conhecer, mas por quem nutria tantos sentimentos de medo e culpa. De todos os cenários possíveis, Minhyuk nunca imaginou que seu encontro com Kihyun seria tão aleatório quanto o que estava acontecendo naquele momento.

Após deixar Jooheon na emergência e estacionar seu carro em um posto em frente ao hospital, Minhyuk e Jooheon combinaram que ele o esperaria em uma loja de conveniência, que ficava localizada bem ao lado do posto. Hyejoo ainda era muito jovem para ficar em uma emergência, portanto, a decisão pareceu sábia para todos os envolvidos. Contudo, o que Jooheon e Minhyuk não haviam considerado era que Kihyun, se não estava mais dentro do hospital – a pedido do próprio Jooheon –, ele só poderia estar em um único lugar: naquela mesma loja de conveniência.

Não havia mais estabelecimentos abertos e Kihyun, definitivamente, não ficaria esperando por Jooheon e Changkyun do lado de fora do hospital, sofrendo com o vento frio e o trânsito de ambulâncias e carros. Portanto – embora Minhyuk tivesse sido atingido com a surpresa de vê-lo na mesma loja em que ele e Hyejoo estavam – sua presença ali era bastante lógica e, se eles tivessem pensado bem antes, até mesmo esperada.

Assim que ele e Hyejoo entraram no estabelecimento quente e pequeno, Minhyuk pôde ver Yoo Kihyun imediatamente. Ele estava há poucos metros, bebendo o que parecia ser uma vitamina e olhando para a rua de maneira concentrada, através de um enorme vidro que se estendia por toda a faixada do lugar, dando completa visão à rua e ao hospital. Estava tão compenetrado em vigiar o lugar que, Minhyuk pensou, seria fácil "fugir" dali sem que Kihyun percebesse sua presença.

Contudo, mesmo após um mês cuidando de Hyejoo, Minhyuk às vezes ainda conseguia esquecer-se de como sua adorável sobrinha podia ser sociável e curiosa. E, antes que ele pudesse sair do lugar junto com a garotinha, Hyejoo saiu correndo em direção a Kihyun. Rápida demais para que Minhyuk pedisse para que ela voltasse, de maneira tão repentina que Minhyuk nem ao menos conseguiu pensar em pedir nada. O arquiteto apenas conseguiu observar, com os olhos arregalados e o rosto empalidecido, quando Hyejoo se aproximou de Kihyun e cutucou seu braço, levando Kihyun a desviar o olhar da janela e encará-la, confuso com sua presença.

— Moço, por que você tem um carrinho? – Assim que aquela questão inocente soou pelo ambiente, Minhyuk quase caiu para trás, morto de medo e de choque. Ele observou a reação de Kihyun atentamente, o medo de que o homem se ofendesse com aquela pergunta tomando conta de Minhyuk e o fazendo travar no lugar, nem mesmo conseguindo se aproximar e pedir desculpas por Hyejoo. Entretanto, para seu mais completo alívio, Kihyun apenas abriu um sorriso gentil ao perceber que a garotinha estava se referindo a sua cadeira de rodas e tratou de explicá-la gentilmente.

— Eu preciso do carrinho para me movimentar. – Kihyun respondeu, movendo sua cadeira de rodas para trás, ilustrando sua explicação para a criança. Como resposta, Hyejoo arregalou os olhos, completamente encantada ao ver aquele objeto que lhe era totalmente novo.

— Eu quero um carrinho também! – A garotinha praticamente pulou no mesmo lugar de animação, ignorando completamente seu tio, que ainda estava como uma estátua em frente a porta do estabelecimento. — Por que eu não tenho um carrinho também?

— Porque você consegue andar e correr sem ele. – Ele a respondeu, rindo com a sua animação visível a respeito da cadeira de rodas. Antes que Hyejoo pudesse questioná-lo, como provável o faria devido a sua pouca idade e sua falta de conhecimento a respeito da cadeira de rodas, Kihyun continuou a explicá-la calmamente. — Eu ainda preciso do carrinho para me mover por aí.