Quebra-cabeças

593 73 227
                                    


Embora tivesse sido um alívio saber que Jinseo não se colocaria contra o relacionamento dos dois e receber seu carinho materno, Changkyun estava ainda um tanto quanto envergonhado por ter sido descoberto de maneira tão rápida. Além de por toda a conversa sentimental que haviam tido. Sua família não era exatamente aberta a conversas – e Jinseo também parecia não estar acostumada a ser tão sincera assim –, portanto, toda a situação tornou-se um pouco constrangedora quando o assunto se encerrou e era difícil iniciar um tema banal depois de tantas confissões dolorosas e importantes.

Ele estava entupindo-se de bolo, porque queria compensar seu silêncio, mas também por estar com fome quando, quase fazendo-o cuspir de maneira nada elegante, Changkyun escutou seu namorado chamando-o com a voz melodiosa demais do quarto. Não era um tom de voz que seus familiares ou amigos mais próximos conheciam, pois, Kihyun apenas havia o usado com duas pessoas ao longo de sua vida: Hyunwoo e Changkyun. Também não era particularmente doce ou meloso demais quando estava com o parceiro em público, o que levava os momentos de intimidade com Kihyun serem particularmente especiais para Changkyun.

E também fazia com que ele quisesse enterrar seu rosto naquele bolo ao constatar que sua sogra o encarava com as sobrancelhas arqueadas. Ela estava tão surpresa com a face romântica do seu filho que mal podia esconder.

— Eu acho melhor você levar logo o café da manhã. Meu filho não é muito paciente e irá estragar sua surpresa — Jinseo o aconselhou gentilmente, deixando seu próprio espanto de lado e voltando a atividade frenética com quem costumava trabalhar. Ergueu-se da cadeira, buscou pela bandeja e descansou a peça no centro da mesa. Ainda que fosse sua vontade fazer tudo da sua forma – seu desejo por controle era difícil de ser mudado –, ela permitiu que Changkyun fosse o responsável por organizar como ele bem queria cada alimento. Não teria feito da mesma forma que o mais novo, mas sorriu ao perceber como Im parecia particularmente esforçado em equilibrar quatro pedaços de bolo, na tentativa de formar uma flor. — Diga que eu passei aqui, sim? Mais tarde, eu trago o jantar.

— A senhora já vai? — Ele questionou confuso, dividido entre encará-la e equilibrar a bandeja relativamente pesada em suas mãos, precisando de certo esforço para manter sua "obra de arte" realizada com os pedaços de bolo são e salva. — Você acabou de chegar. Nós... Nós não vamos fazer nada.

Por que ele estava parecendo um adolescente culpado e desajeitado quando era um homem adulto e independente no apartamento do seu namorado? Era o que Changkyun se questionava ao sentir as bochechas esquentarem.

Perceber que Jinseo soltou uma risadinha com suas palavras apressadas e jeitinho desengonçado apenas o fez quase derrubar a bandeja. Ele estava pensando demais em algo a mais para falar e não deixar aquela situação ainda mais constrangedora para si. Sua sogra, entretanto, apenas sorriu e lhe deixou um beijinho bastante gentil no rosto. Garantiu que precisava apenas resolver alguns problemas, o apressou novamente, uma vez que Kihyun o chamou mais uma vez, e, então, finalmente deixou o apartamento.

Ainda um pouco desorientado com tudo o que havia acontecido durante aqueles primeiros minutos de sua manhã, Changkyun finalmente caminhou em direção ao quarto em que o mais velho o aguardava. Usando o cotovelo, Im conseguiu abrir a porta com alguma – muita! – dificuldade e a empurrou com a lateral do quadril, andando praticamente de lado para que o suco não escorresse do copo e fizesse uma grande bagunça. Naquela altura, os bolos já haviam despencado da construção frágil que Changkyun havia tentado montar e as frutas rolavam de um lado para o outro.

Ele definitivamente pensou que seria mais fácil apresentar um café da manhã digno de um quarto de hotel, mas, agora, Im apenas esperava que aquilo não parecesse uma zona completa.

Flores de Inverno ♡ changkiOnde histórias criam vida. Descubra agora