Flores de Inverno ♡ changki

Extraordinário

Era difícil sentir-se irritado com outras pessoas, frustrado com seus comportamentos ou falas, no entanto, naquele momento, Jooheon percebeu que decepcionar-se consigo mesmo era uma sensação indiscutivelmente pior. Mais do que decepcionado, Lee estava realmente envergonhado por seus próprios pensamentos e pelas promessas vazias que havia dito não apenas para Minhyuk, mas para si próprio. Quando se beijaram, apenas alguns meses antes, ele havia falado com todas as palavras que o mais velho poderia contar consigo, que seria ele seu ombro amigo. Pouco depois, quando o viu naquele bar e sentiu como se seu coração fosse sair pela boca apenas em teve seus toques gentis em seu rosto machucado, Jooheon pensou, no começo de seus sentimentos, que gostaria de ser alguém para o mais velho.

Não um alguém qualquer, não apenas um colega ou uma visita esporádica. Naquele bar, ainda que não tenha percebido, Jooheon pegou-se querendo ser o que Hyunwoo um dia havia sido – e talvez ainda fosse – para Lee Minhyuk. Seus pensamentos seguiram ingenuamente para fantasias com o mais velho, imaginando que um dia seria ele o sortudo que recebia olhares carinhosos e brilhantes por parte do arquiteto. Criou todo um universo em sua mente, diálogos que nunca existiriam e cenas que talvez nunca fosse vivenciar. E, conforme ele observava Minhyuk e Hyunwoo conversarem com tanta cumplicidade e ternura, Jooheon finalmente percebeu que havia sido apenas um beijo para Minhyuk. Não uma história romântica, não um pretendente digno de nota. Ele nunca o beijaria novamente, nunca dormiria ao seu lado, nunca teriam encontros românticos e noites quentes.

Porque Lee Minhyuk não estava interessado. E talvez nunca tivesse estado de fato.

Aquela constatação não era nova, mas continuava sendo dolorosa, principalmente quando ela vinha acompanhada de ilustrações reais. Minhyuk e Hyunwoo não se beijavam, não trocavam carinhos ou se declaravam um para o outro, mas tudo na forma como se comportavam deixava claro que eles ainda estavam envolvidos demais. Tão envolvidos que Jooheon quis sorrir sem humor, considerando que, possivelmente, ele não era uma questão para os mais velhos, que muito provavelmente os dois nem mesmo pensavam sobre os poucos episódios românticos que ele e Minhyuk haviam tido. Shownu com certeza não o via como um rival – o que era bom, mas, ao mesmo tempo, irritava uma parte mesquinha sua. Já Minhyuk, definitivamente, não o via como uma opção. E ele só podia ser um idiota por estar encarando-os, bebendo um vinho tão amargo quanto seu humor.

Era aquele sentimento mesquinho e que insistia em voltar para sua mente que fazia Jooheon sentir-se envergonhado e frustrado consigo mesmo. Era o fato de estar também preocupado com os próprios sentimentos, isso quando Minhyuk estava visivelmente abatido, que o fazia querer gritar e socar o próprio rosto em auto retaliação. Por que não poderia concentrar-se na conversa de seus amigos? Ou perceber rapidamente o quanto Wonho parecia preocupado consigo, ao mesmo tempo em que completamente perdido? Por que não podia sentar-se ao lado de Minhyuk e Shownu e fingir que nada havia acontecido? Eram perguntas que insistiam em passar por sua mente enquanto ele inutilmente tentava manter a cabeça na conversa em que o grupo havia retornado: sobre os processos de guarda de Hyejoo.

Quando não tinha mais vinho na taça em que Minhyuk, gentilmente, havia passado para todos os visitantes e o apoio da bebida amarga deixou de ocupá-lo, ele ergueu-se subitamente do sofá e pediu licença aos amigos. Mentiu descaradamente, argumentando que era uma ligação do trabalho, ainda que fosse apenas cinco horas da manhã e, então, deixou o apartamento de maneira apressada. Seguiu pelas escadas, acreditando que precisava de mais um tempo sozinho, contudo, arrependendo-se quando percebeu que faltava ao menos doze lances de escadas para chegar na portaria. Suas coxas e panturrilhas queimavam pelo esforço, somado ao cansaço por ter passado horas na estrada o fizeram simplesmente desistir de sua caminhada e, derrotado, ele permitiu-se sentar em um dos degraus frios.