Bom com segredos

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            A BMW de Hyunwoo tinha o cheiro e a personalidade de seu dono. Cada cantinho do lugar cheirava à fragrância masculina favorita de Shownu; seu motor era silencioso, potente e eficaz como o próprio Hyunwoo. Além disso, Hyunwoo e sua magnífica BMW chamavam a atenção por onde passavam, seja pela beleza, imponência ou classe. O próprio Minhyuk, anos antes, não havia conseguido desviar o olhar de Son Hyunwoo. Ele tinha o tipo de magnetismo que fazia as pessoas o admirarem e respeitarem; ao mesmo tempo em que algo misterioso parecia cercá-lo e fazê-lo instransponível. Mais tarde, Minhyuk havia entendido que aquela fortaleza estava diretamente relacionada com a dor de sua perda, com os anos sem cor que Hyunwoo havia passado na ausência de Kihyun. Também descobriria que ele havia sido o único, em anos, que havia tentando atravessá-la.

Ainda agora – depois de dois anos de namoro e um término doloroso – Minhyuk não havia descoberto se havia conseguido chegar ao coração de Hyunwoo. E, conforme o observava em silêncio – fingindo que estava quase dormindo –, o arquiteto pegou-se pensando o quanto gostaria de ter a resposta para aquela pergunta. Por mais que talvez o conhecimento daquilo não lhe trouxesse nenhum resultado palpável, que não fosse causar nenhuma grande mudança em sua vida, Minhyuk sentia que saber a verdade lhe traria alguma paz. O homem em que havia depositado todo seu amor e carinho, durante aqueles últimos dois anos, o amou de verdade algum dia? Ou tudo aquilo havia sido uma forma de Hyunwoo sufocar sua própria dor e tentar seguir em frente? Eram perguntas repetidas, questionamentos que Minhyuk já havia se torturado centenas de vezes antes, mas que insistiam em aparecer, por mais que ele tentasse simplesmente esquecê-los.

Ainda assim, Minhyuk não podia negar para si mesmo o quanto estava feliz e aliviado em ter Shownu naquele momento, amparando-o e sendo um suporte necessário para o que havia sido uma das noites mais longas e conturbadas de sua vida. No dia anterior, quando estava em uma reunião acalorada sobre mudanças em um prédio antigo que haviam sido contratados para reformar, Minhyuk havia recebido dezenas de ligações da creche em que Hyejoo estava estudando. Caso não fosse a frequência absurda de ligações, a secretária nem ao menos teria interrompido a reunião, devido ao tamanho do caos que estava dentro da sala com arquitetos e engenheiros enfurecidos. Mas a escola de Hyejoo estava obstinada a contatá-lo e, assim que a secretária entrou na sala e passou o telefone para um Minhyuk já exausto, ele descobriu que sua sobrinha estava passando mal em sala de aula.

Hyejoo havia vomitado duas vezes e chorava incessantemente, implorando para que as professoras a mandassem para sua casa. Além de estar suja de vômito, a menininha também estava assustada, repetindo diversas vezes o quanto sua cabeça e costas doía e que queria que o "tio Min" fosse buscá-la logo. Evidentemente, Minhyuk saiu de sua reunião praticamente correndo, ignorando os gritos de protesto e confusão de sua equipe. Ele não demorou mais que alguns minutos para chegar até Hyejoo, abraçando-a carinhosamente e tentando apartar seu choro, sentindo-se absolutamente assustado e preocupado com o estado que a criança estava. Por mais que Hyejoo chorasse às vezes – afinal, ela era uma criança de apenas três anos e ainda não tinha total controle de suas emoções –, Minhyuk nunca havia a visto tão visivelmente mal.

Conforme seguiam em direção ao seu apartamento, para que Hyejoo pudesse trocar as roupas sujas e se limpar, Minhyuk recebeu protestos da criança, que dizia estar com muito frio. Quando o arquiteto foi checar sua temperatura, ele percebeu, em pânico, que Hyejoo havia ficado com uma febre alta de maneira assustadoramente rápida. Não sabia o que estava acontecendo com sua sobrinha, mas, definitivamente, ela precisava ir para o hospital e ser medicada. Dessa forma, após Hyejoo tomar um banho rápido e roupinhas quentes e confortáveis substituírem o uniforme sujo, Minhyuk seguiu correndo com a criança para o hospital.

Lá, foram horas longas e complicadas em que Hyejoo continuava chorando e dificilmente conseguia se distrair. Ela era pequena demais para lidar com desconfortos, portanto, reclamava e pedia colo, na esperança que Minhyuk pudesse ajudá-la. Contudo, Minhyuk simplesmente não sabia o que fazer. Por mais que estivesse há alguns poucos meses com Hyejoo, ele não estava acostumado a cuidar de crianças pequenas, principalmente em situações que precisavam de maior experiência e preparado. Suas costas doíam de tanto carregar Hyejoo de um lado para o outro, tentando inutilmente acalmá-lo e niná-la, pois, por mais que a criança estivesse caindo de sono, os sintomas de seu suposto resfriado não a deixavam dormir. Em determinado momento, exausto e quase chorando por estar se sentindo um tio insuficiente, Minhyuk tomou a coragem de pegar seu celular e pedir ajuda.

Flores de Inverno ♡ changkiOnde histórias criam vida. Descubra agora