Tempestade

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O clima na casa dos Lee era realmente diferente de tudo o que Changkyun estava acostumado. Ao contrário de Kihyun, ele não havia visitado a senhora e o senhor Lee muitas vezes, portanto, por mais que os conhecesse, o mais novo não pôde deixar de se surpreender com o quão amigáveis e gentis eles podiam ser. Não havia conversas pesadas, desnecessários ou intrusivas. Não havia o clima mórbido e silencioso que ele havia se acostumado com a própria família. Também não encontrou julgamento ou olhares discriminatórios, o que fez sentir-se absolutamente tranquilo quando, repentinamente, Kihyun o puxou para mais perto e ele sentou-se confortavelmente em seu colo.

Ainda que estivesse conversando com os pais de Jooheon animadamente, Kihyun não pareceu ter qualquer vergonha de tê-lo por perto, abraçando sua cintura e descansando o rosto em suas costas confortavelmente. Aquele gesto, por menor que fosse, fez com que um sorrisinho visivelmente apaixonado se desenhasse nos lábios de Changkyun e uma sensação de puro calor e carinho o preencheu. Era tão bom poder sentir e retribuir os carinhos simples e gentis de Kihyun, sem que ele precisasse temer a presença de Jinseo ou, definitivamente muito pior que sua sogra, das pessoas que o perseguiam. No interior da cidade, Changkyun sentia que não havia ninguém que pudesse ameaçá-lo.

Ah, ele queria tanto que pudesse ser sempre daquela forma. Sem precisar checar se ninguém estava o seguindo com Kihyun, garantindo que aquelas pessoas cruéis tivessem certeza que Yoo era apenas mais um cliente seu, podendo envolver a cintura de Kihyun e reconfortar-se com sua presença. Queria tanto vivenciar mais momentos como aquele. Sem sentir o habitual medo gélido e sufocante, que o fazia querer chorar e, ao mesmo tempo, socar aqueles que insistiam em persegui-lo. No entanto, ele dolorosamente sabia que aqueles momentos seriam absolutamente raros e que seu choro ou socos não resolveriam os problemas que o amedrontavam há meses.

— Você está bem, doce? — Kihyun sussurrou assim que os pais de Jooheon se afastaram, ao mesmo tempo em que pegava sua mão delicadamente e a levava aos lábios, deixando um beijinho em seus dedos suavemente machucados. Changkyun já havia dado uma desculpa para aqueles machucados nos nós de seus dedos antes, mas, devido a preocupação evidente de Kihyun desde que havia o visto horas antes, Im tinha suas dúvidas se o mais velho havia acredito nela. — Você está tão quieto hoje.

— Você sempre sentindo saudades das minhas piadas — O mais novo brincou, abrindo um sorriso em seus lábios, tentando parecer relaxado. No entanto, mesmo que ele sorrisse, Kihyun percebeu que seus olhos não brilhavam como antes. E, assim como o mais velho conseguia ler sua expressão facilmente, Changkyun pôde fazer o mesmo, percebendo rapidamente o quão preocupado seu hyung estava consigo. — Ei, tá' tudo bem. Eu estou realmente feliz em estar aqui com você agora.

— Eu também estou feliz em estar com você — Kihyun queria questionar novamente o que estava acontecendo com o mais novo; queria poder ajudá-lo e ampará-lo, no entanto, percebendo que aquele não era o momento para entrar naquelas questões, ele se conteve em abraçar sua cintura mais uma vez e deixar um beijinho carinhoso em sua bochecha esquerda. — Eu posso fazer algo para te deixar ainda mais feliz?

— Bem... Eu acho que tem uma coisa que você pode fazer — Virando-se agora completamente para Kihyun, a cadeira de rodas rangendo com a movimentação durante o processo, Changkyun abriu um sorriso absolutamente malicioso. Ainda que sua preocupação continuasse lá, o próprio Kihyun não pôde evitar abrir um sorriso igualmente pervertido, esperando com alguma ansiedade pelas palavras do fisioterapeuta. Percebendo aquilo, Changkyun não pôde evitar brincar com sua expectativa e não dizer exatamente o que seu hyung queria: — Eu quero um beijinho.

— Só isso? — A frustração de Kihyun impregnava sua expressão e seu tom de voz, levando Changkyun a precisar conter um sorriso divertido, tentando manter sua ceninha o mais convincente possível. Confirmando com a cabeça, Changkyun fez um biquinho exagerado em direção a Kihyun, fechando seus olhos durante o processo. Não sentiu os lábios de Kihyun nos seus como resposta, mas os dedos quentes e macios pressionando seus lábios uns contra os outros, fazendo seu bico ficar ainda mais marcado contra os dedos do mais velho. Antes que pudesse continuar com sua brincadeira ou rir da atitude do mais velho, ele o escutou reclamando de maneira alta demais:— O que eu vou precisar fazer para você me comer, hein?

Flores de Inverno ♡ changkiOnde histórias criam vida. Descubra agora