Surpresa!

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Era final de tarde quando Jooheon apareceu em seu apartamento. Seu melhor amigo estava bonito. Usava uma regata preta, um casaco de marca amarrado em seu cintura e calças jeans escuras largas. Nos pés, coturnos pesados e um pouco de maquiagem nos olhos, deixando-os mais delineados e esfumaçados. Assim que Wonho e Kihyun o viram chegar, eles ficaram soltando piadinhas sobre o quão bonito ele estava. O enfermeiro até mesmo havia feito um bico, brincando que queria também um beijinho de Jooheon. Para a surpresa de ambos, o mais novo apenas riu e lhe deixou um selinho rápido, antes de seguir em direção a Kihyun e avisar que eles precisavam conversar.

Ainda catatônico com o beijinho do amigo hétero de Kihyun, o enfermeiro seguiu em direção à cozinha, avisando que faria algo para o café da tarde. Como Jooheon estava com uma expressão séria e rara ao avisá-lo sobre aquela conversa, Kihyun arrastou-se para sua cadeira de rodas e seguiu em direção ao seu quarto em companhia do amigo. Ali, ele sabia que Jooheon iria se sentir mais confortável para desabafar sobre o que quer que fosse. E, como sempre estava certo – ou pelo menos gostava de acreditar que sim –, Jooheon, de fato, não demorou muito a começar a falar.

— Eu acho que não sou hétero. – Foi a primeira frase que soou pelos lábios de Jooheon, encarando-o nos olhos de maneira absolutamente séria e angustiada. Se não fosse por sua expressão claramente aflita, Kihyun teria rido daquela "revelação". Não era como se fosse uma surpresa para o mais velho, mas ele nunca questionou Jooheon a respeito daquilo diretamente, sabendo que não era um assunto que Jooheon se sentia confortável em conversar com seriedade. É claro que ele brincava sobre o beijo que tiveram, mas sempre ficou apenas na esfera da brincadeira, sem que houvesse uma conversa realmente séria a respeito daquele momento e de todos os outros em que havia percebido que Jooheon talvez não gostasse só de mulheres.

— Eu sei. – Kihyun o respondeu imediatamente, tentando soar delicado, mas sua frase havia soado firme, objetiva. Como resposta, Jooheon arregalou seus olhos de maneira adorável, a surpresa emanando em cada traço do seu rosto. Kihyun não conseguiu evitar que um sorriso se desenhasse em seus lábios ao contemplar aquela relação. Às vezes seu melhor amigo era inocente demais. Eles se conheciam há, literalmente, décadas. Era realmente difícil Jooheon surpreendê-lo de verdade, porque o conhecia como ninguém.

Tomado por um sentimento fraternal ao vê-lo tão confuso e surpreso a respeito daquela nova informação, Kihyun estendeu suas mãos e pegou as do amigo. Eles estavam um de frente para o outro na cama do mais velho, as pernas cruzadas e as mãos agora unidas. Kihyun as apertou suavemente, indicando que tudo estava bem e, em seguida, deixando claro em palavras que Jooheon poderia continuar a falar. Lee Jooheon não ser hétero, definitivamente, não era a única coisa que o seu melhor amigo queria lhe dizer. Os olhos angustiados deixavam claro que ainda havia muito mais.

— E eu acho que estou apaixonado por alguém. – Aquilo sim era uma surpresa para Kihyun. Em anos e anos de amizade, Lee Jooheon nunca havia usado aquelas palavras para se referir a alguém. Na verdade, Jooheon nunca havia sido muito de falar sobre seus sentimentos românticos para si ou para qualquer um. Ele simplesmente aparecia com uma nova namorada, eles tinham um relacionamento longo e saudável e, então, terminavam de maneira amigável meses ou anos depois. — Mas eu não tenho certeza dos meus sentimentos... Talvez seja só coisa da minha cabeça, sabe? Eu só não quero mais me sentir assim.

— Apaixonado? – Kihyun questionou confuso, embora acreditasse que não era exatamente sobre aquele sentimento que Jooheon havia se referido ao final de seu discurso. Confirmando sua hipótese, o mais novo rapidamente negou com a cabeça, mordendo os lábios, apreensivo, antes de decidir continuar a contar tudo para o amigo.

— Confuso por não saber como me sinto de verdade; angustiado quando eu o vejo com outro cara... Magoado porque eu acho que ele ainda ama o outro cara. – A voz de Jooheon soava baixa, como se ele estivesse envergonhado por estar revelando todos aqueles sentimentos íntimos. Entretanto, a forma como seu corpo tenso havia visivelmente relaxado, revelou que também havia uma parte de si que estava aliviada em contar tudo aquilo para Kihyun. Ele sabia que, independentemente do que acontecesse, teria Yoo Kihyun em sua vida, o apoiando e cuidando de si. — Eu... Eu odeio sentir tudo isso. Queria que as coisas fossem mais fáceis.

Flores de Inverno ♡ changkiOnde histórias criam vida. Descubra agora