•Capítulo 12•

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"Bolsa"

Lexie

Como esse vizinho pode conseguir me tirar do sério?
Vizinho.
Sorrio.
Graças à Sarah eu tenho um nome para adicionar ao rosto que tanto amaldiçoo.
Me afasto da porta, e sigo para cozinha. Eu não queria ter levantado cedo hoje, mas depois de uma madrugada me revirando na cama, e espirrando bastante. Eu cedi à necessidade do meu corpo. Ele precisava de um remédio. Mas eu não tinha nada para resfriado aqui em casa. Então eu lembrei que Sarah já tinha me oferecido suas ervas medicinais antes. Liguei para ela, e desde que ela já estava acordada muito antes de mim, eu resolvi ir lá, e toda a inquietude do meu corpo foi resolvida. Sarah ainda me deu alguns saquinhos extras de chá. Tiro eles do bolso da minha calça de moletom cinza, e coloco dentro de um pote que ante era de manteiga, mas agora o uso para guardar coisas pequenas.
Me escoro sobre minha mesa, e cruzo meus braços. Fico olhando para janela, como se tivesse um ímã me puxando para fora. Mas não havia.
Um suspiro escapa quando lembro do que London havia me dito. Será que eu realmente não vou vê-lo tanto como antes?
Eu não estava triste com isso. Claro que não! Mas eu conheço essa sensação estranha que está esmagando meu peito. 

                           §

— Maggie! - exclamo assim que vejo minha colega se encurvar pra frente, com uma mão pendurada na porta da sua sala, e a outra em sua barriga gigante.

Apresso meus passos, e agarro a alça da minha bolsa com mais força. Só então eu percebo o que está acontecendo.
Olho para as pernas dela, e depois para o chão.
— Oh Meu deus, sua bolsa... Sua bolsa estourou! - minha voz sai alta demais, e as batidas do meu coração aceleram.

— Sem escândalos por favor. - ela pede, pousando o indicador entre seus lábios.

Meu corpo começa a ficar agitado. Parece que eu sou a grávida aqui. Não há ninguém pelo corredor além de nós, e Maggie não está nenhum pouco preocupada com isso. 
— Como você pode estar tão calma? – pergunto, tentando entender o porquê que sua expressão está tão mais em paz do que a minha.

— Você consegue isso quando essa não é sua primeira vez.

Oh.
Sim.
Demora um pouco para mim entender. Mas esta é a quarta gestação de Maggie.
Agito minha cabeça.
É claro que ela sabe lidar com isso.
— O que eu faço então?

Ela volta a endireitar o corpo, e de repente parece que nada aconteceu, exceto pela poça de água embaixo dos seus pés.

— Vou dar um jeito de limpar isso. E depois vou ligar para minha obstetra.

Fico por um instante de queixo caído.
— Ok. - é o que eu consigo dizer.

Meus olhos acompanham Maggie se afastar pelo corredor. Fico me perguntando se quando a bolsa da minha irmã estourar, ela será capaz de agir assim.
Conhecendo May como eu conheço.
Sorrio.
Ela vai estar ligando para emergência no mesmo segundo.
Vou para minha sala, agora, sentindo meu coração um pouco mais calmo. Expiro fundo antes de entrar, e sigo para minha mesa. Coloco minha bolsa pendurada na cadeira, e me sento. Pego meu celular, e começo a digitar uma mensagem para minha irmã. Ontem ela tinha me mandado uma mensagem dizendo que não deu para descobrir o sexo do bebê. Sorrio quando lembro as palavras irritadas de May: Eu sinto que é uma menina, droga, mas se essa garotinha estiver fechando suas pernas só para que eu não descubra sua vagina, que esse bebê fique sabendo que eu não a deixarei abrir suas pernas depois, até completar trinta anos.

Volto para o dia de hoje, e digito a mensagem.
Lexie: Ei, como você está?

Ela demora um pouco para responder.
May: Oi, bom dia, primeiro né? Estou muitíssimo bem, estamos aliás, e você?

Lexie: bom dia, sua chata. Eu estou bem, graças.

May: Vamos visitar a mamãe nesse fim de semana?

Sinto meu peito se encher de saudade. Faz quatro semanas que eu não vou para casa dos meus pais. E talvez duas que a gente não entra em contato pelo telefone. A região onde eles moram estava enfrentando fortes chuvas e rajadas de vento que impossibilitava qualquer tipo de comunicação entre nossas cidades.

Lexie: Vamos sim :) Sinto tanta falta deles.

May: Morar longe dói, mas faz parte da vida, do nosso crescimento. Só precisamos visitá-los com mais frequência.

Deixo um suspiro escapar.
Lexie: Você tem razão.

May: Chase e eu vamos passar aí pra te pegar, ok.

Lexie: Combinado :)

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